Sem dúvidas, o actual momento que estamos a atravessar, obriga a que façamos algumas reflexões sobre o papel de algumas organizações que se dizem e/ou apresentam-se como promotoras de “amizade mútua e cooperação entre os povos”.
Não deixa, aliás, de ser curioso que a CPLP esteja cada vez mais distante dos (verdadeiros e reais) problemas que afectam a comunidade lusófona, em particular, nos países onde persistem problemas como: falta de escolarização, desemprego, ausência de serviços públicos de saúde com dignidade, violência doméstica e, não menos importante, a velha e habitual impunidade reinante no círculo das elites governantes.
Nesta crise sanitária provocada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19), pouco ou nada se ouviu falar por parte de uma organização que poderia ser decisiva na elaboração e/ou discussão de um plano estratégico de apoio aos Estados-membros da referida comunidade. O que aliás, deixa-nos confusos, pois nos últimos anos, tem-se assistido a uma quase “mercantilização” na concessão do estatuto de Estados Observadores para alguns países terceiros – cujo verdadeiros interesses são bastantes questionáveis a longo prazo no espaço lusófono.
Infelizmente, a CPLP tem vindo a transformar-se numa comunidade ilusória, distante dos cidadãos comuns e pouco interventiva no combate aos verdadeiros problemas que afectam os Estados-membros e, por inerência, o tão desejado sonho de construir uma comunidade coesa, solidária e unida pelos mesmos valores.
Conclusão: no pós-pandemia, os Estados-membros da CPLP, terão de rever (com seriedade) o papel que a mesma se propôs a prosseguir em 17 de julho de 1996.
Gelson Baía

Augusto de Barros Sepúlveda
7 de Maio de 2020 at 9:17
Caro Gelson Baía,
Muito bom dia.
Concordo consigo.
A CPLP com quase 24 anos deveria estar adulta e plena de atividade potenciando uma língua que é falada por 280 milhões, mais difundida do que o mandarim ou hindi.
Através dela seria mais fácil entender-nos e apoiar-nos mutuamente pelo desenvolvimento e satisfação das necessidades destes povos.
Abraço,
Augusto de Barros Sepúlveda
Eulitério Assunção
7 de Maio de 2020 at 12:21
Estimado Gelson Baía.
É sempre gratificante ver alguém que tenha uma visão tão lúcida da realidade que nos afeta à todos. A CPLP é indubitavelmente uma organização só poque sim ou para nada.
A boa notícia é que há esperança, e esta reside em pessoas como tu, como nós e as vindouras. Cabe a nova geração de pessoas mudar as coisas que não estão conformes.
Com abraços de um Amigo!
Gelson Baía
7 de Maio de 2020 at 12:44
Muito obrigado, caro Augusto de Barros Sepúlveda!
Definitivamente, teremos todos de repensar o verdadeiro papel a CPLP.
Abraço,
Gelson Baía.
Helcio sousa Viegas
8 de Maio de 2020 at 17:59
Grande Gelson Baia,
Acredito que o facto da CPLP ser constituída por países oriundos de continentes e culturas distintas e sobretudo com desnível económico gritante, remete esta Organização a inação que assistimos.
A mercantilização desta Organização como dizes e bem no terceiro parágrafo da sua opinião, ficou evidenciado aquando da inclusão da Guiné Equatorial. Este expediente levado a cabo contra vários protestos de então, beliscou sobremaneira a credibilidade e a seriedade da CPLP.
Até hoje, a crítica sobre a inclusão deste país vizinho é estampado na cara dos presentes em vários fóruns e em vários debates em que o tema CPLP é chamado, sobretudo porque o país em causa não partilha connosco a língua portuguesa, e segundo sabe-se, insistem em não abolir a pena de morte. Enquanto isso, vamos mantendo a ordem do dia de todos os encontros que é, como diz o Leoter Viegas, a marcação da data dos próximos encontros.