Uma Reflexão por Ocasião de mais um Aniversário da Independência de S. Tomé e Príncipe (STP)
Por : Helder De Barros
Há quarenta e cinco anos, STP assumiu o estatuto de Estado soberano tornando realidade o sonho de várias gerações de santomenses, em particular, das vítimas dos tristes acontecimentos de Fevereiro de 1953, também conhecidos como o Massacre de Batepá. O papel desses acontecimentos no processo que conduziu à independência nacional é sobejamente conhecido pelos filhos da terra e por todos aqueles que se interessam por STP, e em particular, pela sua história contemporânea.
O que importa aqui recordar é que à semelhança dos outros povos sob o jugo colonial, os santomenses também aspiravam ter um Estado porquanto acreditavam que era o Estado que lhes proporcionaria a liberdade, garanteria a solidariedade e facultaria o acesso ao progresso e o bem-estar. Se essa teoria reflecte o que se pode considerar de um Estado ideal, a experiência dos 45 anos de independência demonstra uma realidade quase em termos absolutos, diferente.
A força política que assumiu o poder em 12 de Julho de 1975, o MLSTP sob a liderança do seu então Secretário Geral Dr. Manuel Pinto da Costa, era uma entidade inspirada por ideais socializantes constituídas por uma mistura de marxismo e de nacionalismo. Foi instituido em STP o partido-Estado sujeito aos ditâmes do chamado centralismo democrático em que as decisões partiam do topo para a base pese embora a organização partidária tivesse uma estrutura intitulada de massas.
Contrariamente ao Estado com que sonharam os santomenses, isto é que lhes proporcionasse a liberdade, o partido-Estado condicionava essa liberdade à fidelidade e a observância da sua linha político-ideológica. Toda a máquina partidária e estatal estava montada no sentido de garantir o cumprimento rigoroso dessa ideologia sob pena de sofrer sanções, por não ser permitido o direito à neutralidade ou à diferença.
Se a nível político o Estado funcionava relativamente nesses moldes, no plano económico passou a vigorar o modelo de planificação central ou vinculativa, tendo o poder de então assumido o controlo absoluto dos meios de produção. As empresas agrícolas foram nacionalizadas e foram criadas empresas públicas na área das pescas, das telecomunicações, do comércio, dos transportes, etc. no sentido de gerar receitas para que o Estado pudesse fazer face as suas despesas. O Banco Nacional Ultramarino (BNU) foi nacionalizado e foi instituído o Banco Nacional de S. Tomé e Príncipe (BNSTP), a Dobra passou a ser a nova moeda nacional e, na altura sobrevalorizada com uma dobra a valer dois escudos, a partir de Setembro de 1977.
Foi por outro lado criada a Caixa Popular, uma instituição creditícia que arrecadava as pequenas poupanças e concedia pequenos créditos. Na área da cultura, uma atenção particular foi dada aos grupos musico-culturais que tiveram um papel preponderante na mobilização e na interiorização dos valores nacionais. É de destacar o papel que teve a falecida D. Alda do Espírito Santo, na dinamização da cultura.
Quanto a defesa e segurança nacionais, STP tinha um programa de cooperação com os países socialistas, designadamente a República de Cuba, a antiga República Democrática Alemã e a ex-União Soviética. Acresça-se a estes, o facto de ter sido pedido auxílio militar devido a uma suposta invasão estrangeira. Em resposta ao pedido, um Batalhão das Forças Populares de Libertação de Angola (FAPLA) entre meados dos anos 70 e princípios de 1991e alguns militares da Guiné-Bissau estiveram estacionados em STP.
No tocante as relações internacionais, STP era membro da Organização da Unidade Africana (OUA) e integrava o Movimento dos Não Alinhados (MNA). Todavia, o país tinha uma relação especial com os países do bloco de leste devido ao apoio que concederam à sua causa durante a luta de libertação nacional. No que respeita às relações económicas internacionais, STP participava nas reuniões do Grupo dos 77 (uma coligação de países em desenvolvimento criada no seio das Nações Unidas com o objectivo de promover os interesses económicos dos seus membros. Actualmente, o grupo conta com mais de 130 membros)
Durante a vigência de partido-Estado que durou entre Julho de 1975 e Janeiro de 1991, nem tudo foi negativo; foram feitas coisas boas. Havia mais amor à Pátria e mais orgulho de pertencer à Nação santomense. Nos primeiros anos da independência a corrupção não era um tema que constituisse preocupação. O cenário começou a mudar nos últimos anos desse período a medida que o país iniciou a abertura para a economia de mercado. Por outro lado, foram cometidos vários erros. Um deles foi a intolerância em relação a opinião contrária a linha ideológica do MLSTP, o que privou o país da contribuição de muitos cidadãos que deixaram de participar na gigantesca tarefa de reconstrução nacional, e entre eles muitos partiram para o exilio.
Num breve resumo das actividades económicas nos primeiros dez anos da independência (1975 – 1985), constata-se que a maioria das empresas agrícolas donde saía a principal fracção da receita do Estado estava tecnicamente falida. A grande parte dos equipamentos inoperantes, os insumos insuficientes e a motivação do pessoal em baixo devido, designadamente, aos salários em atraso. A produção de cacau, o principal produto de exportação, passou de cerca 7.000 toneladas em 1976 para aproximadamente 4.000 toneladas em 1985. Além do mais, as reservas do Estado eram alegadamente insignificantes para fazer face as suas necessidades em termos de importação de bens de primeira necessidade. Mas, nem todos os sectores estavam em dificuldades.
As telecomunicações com a empresa ENATEL tinha sido equipada com uma estação terrena (comunicação via satélite) graças a cooperação com a Argélia e tinha condições para gerar divisas provenientes das chamadas internacionais. A EMPESCA, a empresa do sector das pescas também tinha potencial para gerar receitas. Todavia, essas e outras empresas públicas sofriam do mesmo denominador comum, “mismanagement” (má gestão). Logo, a balança de pagamentos era deficitária daí o Estado ter de recorrer às instituições de “Bretton Woods” – o FMI e o Banco Mundial.
STP assinaria assim o primeiro Programa de Ajustamento Estrutural (PAE) com essas insttituições que não só contemplava a primeira revisão da Constituição da República consagrando a separação de poderes e eleições multipartidárias mas também a liberalização da economia. As Autoridades santomenses participaram nessas negociações em posição de grande fragilidade, daí a sua margem de manobra ter sido muito reduzida e não terem sido melhor acautelados os interesses nacionais.
Com as restrições dos direitos e liberdades fundamentais cada vez maiores nos anos 80, por um lado, e a degradação da situação económica e social, por outro, o regime vigente enfrentava a sua maior crise de legitimidade e de sustentabilidade. É assim que um número crescente de cidadãos, inclusivé ex-dirigentes e militantes do MLSTP, dentro e fora do país desencantados com a situação e inspirados pelos ideais defendidos pelas vítimas do Massacre de Batepá, congregaram-se num vasto movimento visando a instauração de um regime democrático em STP.
As primeiras eleições multipartidárias organizadas no país em Janeiro de 1991 foram ganhas pelo Partido de Convergência Democrática (PCD) liderado pelo economista Leonel Mário D’Alva que representava esse movimento de mudança enquanto que em Março de 1991, uma outra figura da mudança, o antigo Primeiro Ministro da 1ª República, Miguel Trovoada, foi eleito Presidente da República. Essas eleições abriram, assim, um novo capítulo político e socio-económico em STP.
A nova era democrática foi portadora de grandes expectativas mas também de muitos desafios. A transição estava eivada de contradições e de incompreensões; possívelmente, também de choques de personalidades. Os novos protagonistas não tinham um conhecimento real da situação. Nem sempre os dados estatísticos refletiam de forma fiel a situação prevalecente. O modelo de planificação central da economia obedecia a pressupostos que não eram necessariamente idênticos ao modelo de planificação indicativa utilizada na economia de mercado. Tinha acabado de entrar em cena um novo e poderoso parceiro com o qual os actores políticos não tinham o hábito de trabalhar – as instituições de “Bretton Woods” – e que na realidade passaram a telecomandar a economia e telecontrolar as finanças. Estava-se perante o cenário da “mão invisível do mercado” invocada pelo autor da obra “A Riqueza das Nações”, o economista britânico do século XVIII, Adam Smith. Como resultado do PAE, a Dobra entrou num processo de desvalorização deslizante ou “crawling peg”.
A grande questão que se colocava aos novos titulares dos Órgãos de Soberania era como exercer as suas respectivas funções de forma a reduzir a taxa de pobreza da população que em 1987 já tinha atingido cerca de 36%. Se não conseguissem harmonizar as suas agendas, o pior iria acontecer. Como a emoção parece se ter sobreposto à razão, foi exactamente o que aconteceu. O ciclo de crises institucionais que resultou na queda de dois Governos, uma dissolução da Assembleia e uma tentativa de golpe de Estado em Agosto de 1995 que privou o Presidente da República do exercício das suas funções constitucionais durante cerca de uma semana.
É caso para se perguntar, se a democracia é sinónimo de instabilidade? A resposta é: não necessariamente! Mas, urge que o Estado de direito democrático esteja organizado para funcionar em conformidade com as novas regras. Essa sequência de acontecimentos sugeriu que não era o caso. O regresso do MLSTP (com um discurso social democrata) ao poder em Novembro de 1994 e a moção de censura iniciada pela sua bancada contra o seu próprio Governo no início de 1996 foi o alerta de que a crise era mais ampla, mais profunda e transversal. Mas, a eleição presidencial de Julho/Agosto de 1996 confirmou uma outra realidade, uma certa partilha do poder entre a principal figura da mudança, o ex-Presidente Miguel Trovoada, e o MLSTP.
O funcionamento ou desfuncionamento das instituições nos primeiros cinco anos do regime democrático proporcionou vários ensinamentos mas também deixou a economia seriamente abalada. Os termos e condições da privatização e liquidação das empresas públicas foram negociados pelos actores do regime cessante mas tinham de ser executados pelos titulares do novo regime. No sector da agricultura, a gestão de algumas empresas foi privatizada e as terras foram loteadas e distribuidas aos ex-trabalhadores que de um dia para outro passaram a ser patrões de si próprios sem que para tal tivessem sido preparados; nem lhes foram dados os meios de que iriam necessitar para trabalhar.
Em contrapartida, os grupos expatriados que assumiram a gestão de quatro das ex-empresas agrícolas tiveram acesso a valores que ascendiam a dezenas de milhões de dólares debitados ao Estado santomense sem que o Estado tivesse qualquer papel no desembolso desses valores. Não obstante, a produção de cacau não ultrapassou as 4.000 toneladas. O efeito colateral da privatização e loteamento das ex-empresas agrícolas foi o êxodo rural em direcção a capital do país, o que provocou uma sobrecarga nos serviços sociais de base e aumentou a diliquência. Quanto as telecomunicações, o Estado passou a ser acionista minoritário com 49% na nova empresa designada Companhia Santomense de Telecomunicações (CST).
Há um pormenor que importa salientar e que tem a ver com a chamada “sex line” ou seja uma linha em que os utilizadores no exterior de STP discam o indicativo do país mais o número criado para esse efeito e têm acesso a comunicação e sons eróticos, com o qual o próprio Estado são-tomense nada lucra, mas com benefícios para determinadas personalidades nacionais e estrangeiras. Consta que se trata de um grande negócio, mas que é uma verdadeira desonra para o bom nome do país. Respeitante as pescas, as novas autoridades passaram a contentar-se com alguns trocados que recebem pela concessão de licenças à entidades e/ou empresas expatriadas que se dedicam a captura do pescado no mar de STP em detrimento de empresas mistas que poderiam contribuir para o tesouro nacional e a redução da taxa de desemprego galopante.
O quadro económico acima descrito é um resumo da situação económica dos primeiros cinco anos do regime democrático e não conheceu melhorias nos cinco anos seguintes. É assim que se explica que entre 1991 e 2001, a taxa de pobreza da população atingiu aproximadamente 54%. Nos últimos cinco anos desse período, há um novo elemento que entrou na agenda económica. Trata-se do chamado “dossier petróleo”. A condução desse dossier não difere significativamente da forma como outros dossiers económicos foram tratados desde o advento da economia de mercado. Mais uma vez o Estado santomense saiu penalizado.
Desta feita, nas negociações do Tratado que foi assinado com a República da Nigéria para a exploração do petróleo na Zona Conjunta entre os dois países (40% para STP e 60% para a Nigéria). O conceito de zona de exploração conjunta está previsto na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. Timor-Leste utilizou esse conceito para resolver a questão da exploração petrolífera com a Austrália no mar partilhado pelos dois Estados. Foi assinado um acordo em que coube a cada uma das partes 50% das receitas do petróleo extraído nessa zona. O mais interessante, é que há alguns anos que Timor-Leste vem beneficiando das receitas desse petróleo.
Por outro lado, o sector da diplomacia passou a estar sujeito a considerações de natureza mercantil. Na realidade, já tinha ocorrido nos últimos anos do regime de partido-Estado. Um cidadão espanhol de nome Francisco Paesa a braços com a justiça do seu país beneficou de um Passaporte Diplomático de STP com o título de Embaixdor, alegadamente a troco de alguma compensação. Mas, foi em Abril de 1997 que teve lugar o acontecimento mais espetacular até então registado na diplomacia santomense, a suspensão das relações diplomáticas com a República Popular da China e o reconhecimento da República da China-Taiwan.
Se o primeiro decénio do regime democrático foi agitado, o segundo (2001 – 2011) foi tempestuoso. O novo Presidente da República inspirou a criação de um partido que lhe fosse leal, Movimento Democrático Força da Mudança (MDFM). A República viu desfilar nove Primeiros Ministros e assistiu a mais uma tentativa de golpe militar em Julho de 2003 que privou o Chefe de Estado do exercício das suas funções durante alguns dias. O Estado passou a ser visto como um actor menos racional e consequentemente mais fragilizado. Foi durante os últimos cinco anos desse período que um dos Governos adoptou uma medida que surpreendeu aos nacionalistas – o derrube do marco erguido na praia de Fernão Dias em memória das vítimas do Massacre de Batepá.
Também foi nesse período que o Governo decidiu entrar num acordo com o Banco de Portugal para que a Dobra tivesse uma paridade fixa com o Euro não obstante o desempenho da economia santomense. É de aasinalar que nesse período a maioria dos activos do Estado na Empresa Nacional de Combustíveis (ENCO) foi alienada em benefício da petrolífera angolana, Sonangol. Se se julgar o desempenho nesse segundo decénio de regime democrático pela qualidade de vida dos cidadãos foi no mínimo decepcionante. A taxa de pobreza da população tinha atingido cerca de 60%.
Perante esse cenário, as eleições presidenciais de Julho de 2011 contou com a participação de um candidato no mínimo inesperado, o primeiro Presidente da República. Não só a maioria dos cidadãos se tinham esquecido dos feitos resultantes da privação dos direitos e liberdades fundamentais que ocorreram no regime de partido-Estado mas também pairava no ar a sensação de que o país estava à deriva e que se justificava a presença de um “Salvador” ou um “Pai Grande” como alguns o apelidaram. Não tardou muito para os cidadãos concluirem que o espetro da instabilidade não pertencia ao passado.
O Governo do partido Acção Democrática Independente (ADI) que tinha conseguido uma maioria simples nas eleições legislativas de 2010 foi objecto de uma moção de censura em Novembro de 2012 dando lugar a uma coligação em que participaram os parttidos que estavam na oposição (MLSTP, PCD e MDFM). Na verdade, no espaço de pouco mais de um ano a co-habitação entre o Presidente da República e o então Primeiro Ministro, Patrice Trovoada, revelou-se insustentável. Mas, os eleitores da ADI ficaram profundamente desapontados com esse desfecho e empenharam-se para demonstrar não só o seu desencanto mas também obter uma posição confortável nas eleições legislativas seguintes.
Efectivamente, nas eleições legislativas de Outubro de 2014 a ADI obteve a maioria absoluta de Deputados na Assembleia. O único senão nesse processo foi a forma como o líder da ADI regressou ao país nas vésperas das eleições, isto é, acompanhado de alguns deputados portugueses. Essa situação foi objecto de reparo pelo então Presidente da República no dia da votação e foi interpretada por muitos cidadãos como uma ingerência nos assuntos internos de STP.
Não obstante esse episódio, a ADI foi o único partido que desde o advento do regime democrático em STP em Janeiro de 1991 conseguiu governar durante o período do seu mandato de quatro anos. Se é verdade que o Governo teve uma maioria absoluta na Assembleia, não é menos verdade que há algumas ilações a tirar desse período que poderão ajudar a reforçar o sistema democrático em STP, em particular, relativamente a alguns episódios.
Entre eles, destaca-se a entrada de tropas especiais ruandesas para organizar e gerir o mecanismo de segurança do Primeiro Ministro em violação das disposições legais em vigor no país, o corte das relações diplomáticas com a República da China-Taiwan em Dezembro de 2016 (três meses após a tomada de posse do novo Presidente da República) e o reatar das relações diplomáticas com a República Popular da China, bem como algumas iniciativas legislativas na área da defesa e segurança, designadamente, a nomeação de chefias militares, que poderiam ser interpretadas como a usurpação pelo Primeiro Ministro de poderes que são atribuidos ao Presidente da República pela Constituição.
Esses e outros ensinamentos sugerem que aquando da próxima revisão da Constituição deverão ser introduzidos dispositivos que permitam ao Parlamento exercer com mais eficácia o controlo da acção governativa. Essas disposições devem ser aplicadas tanto ao Governo como ao Presidente da República. Quanto a esta última instituição há uma notícia posta a circular nas redes sociais que dão conta da nomeação em Maio de 2012 de um cidadão italiano chamado Emanuel Toriello para o cargo de Embaixador e adjunto do Representante de STP junto às Nações Unidas em Nova York que estava a braços com a polícia internacional, INTERPOL. Se o Parlamento tivesse feito a “due diligence” desse indivíduo antes da nomeação teria concluido que ele não tinha perfil para exercer essas funções e o bom nome do Estado santomense não teria sido manchado mais uma vez pelas más causas.
Apesar de ter cumprido os quatro anos de mandato, a ADI não conseguiu satisfazer as expectativas dos eleitores para justificar um segundo mandato. Aliás, o nível de vida dos santomenses continuava a se degradar. A taxa de pobreza não só tinha atingido dois terços da população mas como passou a afetar 70% da população feminina. Por outro lado, os santomenses interrogam sobre a exploração do petróleo na Zona Conjunta com a República da Nigéria após a assinatura do Tratado entre os dois Estados em Janeiro de 2001.
Em Outubro de 2018, os eleitores decidiram sanccionar a ADI abrindo caminho para uma alternância demonstrando à África e ao mundo que o povo santomense tem alguma maturidade democrática. A coligação formada pelo MLSTP, PCD e a união MDFM/UDD passou a ser a nova maioria e assumiu os destinos da governação do país. Algumas acções desse Governo de coligação sugerem que os objectivos não foram devidamente alinhados nem o aspecto de solidariedade foi devidamente acautelado. Logo, o propgrama aprovado vem sendo executado aos solavancos.
A título de exemplo, em Outubro de 2019 foi aprovado e promulgado um decreto que criava condições para a instalação do primeiro Banco russo em STP, Reserve Interstate Bank, presidido por Vladimir Sipachev. Em Dezembro de 2019 foi aprovado e promulgado um segundo decreto a anular o primeiro porque alegadamente Vladimir Sipachev tinha sérios problemas com a justiça russa. Uma outra decisão infeliz foi a abertura de um Consulado no território de Sahara ocidental cujo contencioso está longe de ser resolvido nas instâncias internacionais. Quando STP foi um dos países que reconheceu a República Árabe Saharoui Democrática (RASD) em meados dos anos 80 para em princípcios dos anos 90 fazer o volte-face. O mais recente episódio foi a nomeação de um cidadão francês, Vincent Miclet, como Cônsul honorário de STP em Marraqueche (Reino de Marrocos) sem que tivesse sido feito a “due diligence”. A decisão teve de ser revogada devido aos antecedentes desse indivíduo, em particular com a justiça de um país irmão, República de Angola.
Como não bastasse e à semelhança do que acontence a nível mundial, desde Março de 2020 que o actual Governo tem de lidar com um adversário de monta – a Covid-19. Com escassos recursos associados as vulnerabilidades que se foram acumulando ao longo dos anos, as primeiras reacções do Executivo não foram devidamente elaboradas e coordenadas. Como consequência há um número elevado de infecções e relativamente de mortes em comparação com o número de habitantes.
Em democracia, a missão do Estado visa garantir os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos, promover a coesão social e solidariedade nacional, bem como proporcionar o progresso e bem-estar. A progressão da taxa de pobreza nos 45 anos da independência de STP sugere que o Estado está longe de cumprir essa missão. O surto de Covid-19 veio agravar a situação em que se encontram a grande maioria das famílias santomenses. Nas ciências sociais não há varinhas mágicas. Ora, pergunta-se o que fazer?
O objectivo deste artigo é de partilhar a reflexão não exaustiva mas baseada em factos com os leitores, sobretudo os jovens, e lançar as bases para um debate que também pode ser online sobre o futuro de STP na esperança de contribuirmos com ideias que possam proporcionar uma vida melhor aos santomenses nas próximas décadas e por que não nos próximos 45 anos.
VIVA SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
VIVA 12 DE JULHO DE 2020
Pascoal Carvalho
22 de Julho de 2020 at 22:59
nunca é de mais lembrar e recordar fatos e acontecimentos que marcaram o passado e ditaram o rumo dos nossos dias.
pena até a data não dispormos de motivações comportáveis, devidamente merecedora ou justificáveis.
talvez um dia, quem nos próximos tempos.
SANTOMÉ CU PLIXIMPE
23 de Julho de 2020 at 7:28
Todo mundo fazem a mesma reflexão sobre o tema, sem nada de novo, esqueçamos o 12 de julho de 1975,, Vamos projectar novos horizontes..Mudemos de mentalidade que STP irá avançar precisamos de profissionalismo e não de um diploma..
Gilson R. Leite
23 de Julho de 2020 at 8:21
Obrigado Dr. Helder Barros.
Grande artigo com um valor sobejamente grande.
Na minha modesta opinião, acho que é tempo de construirmos pontes e fomentar o espírito de dialogo e entendimento no seio do país. Não teremos resultados positivos, enquanto os partidos políticos no decidir e não colocamos STP no nosso plano. Mas eu mantenho a minha esperança no STP melhor e para todos os santomenses.
Bem haja
Att.
Gilson Leite
Gilson R. Leite
23 de Julho de 2020 at 8:23
Obrigado Dr. Helder Barros.
Grande artigo com um valor sobejamente grande.
Na minha modesta opinião, acho que é tempo de construirmos pontes e fomentar o espírito de dialogo e entendimento no seio do país. Não teremos resultados positivos, enquanto os partidos políticos nos dividir e não colocamos STP no nosso plano. Mas, eu mantenho a minha esperança no STP melhor e para todos os santomenses.
Bem haja
Att.
Gilson Leite
Guida Gostosa
23 de Julho de 2020 at 14:12
Uma radiografia de cabeça aos pés dos 45 anos da soberania nacional de STP. Está de parabéns o autor do artigo!
SEMPRE AMIGO
23 de Julho de 2020 at 18:06
Tudo bem dr.HELDER BARROS!O dr.reflectiu,escreveu,e……nada.Doutor Helder Barros não se esqueça que o senhor
é o produto acabado das duas Repúblicas.Serviu com a sua lealdade as duas.O leitor que,como eu, chegou ao final do texto da sua reflexão,estava a espera de sugestões, das suas propostas,E nada.A não ser que o objectivo da sua reflexão é sair da hibernação.A primavera está chegando.Os ursos estão se preparando para a caça.Com as mudanças climáticas,neste momento de incertezas e perturbações só lhes resta invocar a ORIXÁ OBÁ. BOA SORTE!
Kwence Smart
24 de Julho de 2020 at 15:50
Pareceu-me um relatador de causa-efeito sem qualquer participação nos processos que conduziram o país a este ponto. Bem, se o INDES , não era independente da Breton Woods, FMI, BAD ,BM e afins, para que serve a exoneração administrativa?! Todos os santomenses são culpados da situação em que nos encontramos : os “eleitos” e os “eleitores”.
Em jeito de resumo, a ignorância política elegeu e a incompetência fez o resto.
Agora só nos resta aprender a escolher quem nos representa e governa. Será que já somos capazes de recusar “o banho”?
Como será
26 de Julho de 2020 at 13:36
Pois é este fenômeno ” BANHO”ELEITORAL “. Porque sera ? A população vende o seu voto em troca de bebida ou por umas gorjetas que os politicos distribuem durante a campanha ate o dia de irem as urnas sem BANHO nao votam. Estamos a colher o que plantamos. Mas prontos esta na hora de parar com estas praticas porque ate agora o pais so perdeu. Vamos mudar de mentalidade.
Leonel
17 de Agosto de 2020 at 21:56
Quem conhece a história do país até aos nossos dias reve se nessa que é a grande radiografia deste país ingovernado por muitos exigimos competência e saber com vista a levar essa sociedade e o país a ter o verdadeiro nome de STP. Sou suspeito pq conheço muito vários países do mundo mas gostaria de ver este país e o seu povo a viver com alguma dignidade. Bem Haja
Leonel
17 de Agosto de 2020 at 21:58
Queria muitos e vários países do mundo.