Ontem, o Flá Vón Vón criticou construtivamente e assertivamente os mecanismos e a lógica da organização dos festejos dos 50 anos de independência de São Tomé e Príncipe.
Hoje, preparava-me para ir a uma conferência a ser proferida por Carlos Neves (o historiador), conduzida pela São Lima (nas vestes de moderadora-debatedora), quando recebi amavelmente um convite “des”necessário — e acabei por assistir a uma memorável aula de história social e política sobre o nosso país: desde o nascimento até ao dia da independência. A maior que alguma vez assisti na vida sobre os caminhos da vida do meu país.
Podia ter merecido maior solenidade de forma, mas o conteúdo bastou e encheu as medidas. Espero que tenham gravado e que circule pelas redes sociais, e que passem na TV mais do que uma vez.
Esta conferência insere-se no programa das comemorações oficiais. E, até onde percebi, foi a primeira iniciativa do género realizada na ilha de São Tomé, dado que o arranque oficial teve lugar ontem no Príncipe. Um momento histórico que, pela força do conteúdo e da participação, merece ser registado como ponto de partida para o que ainda pode (e deve) vir.
Louvor à clareza, serenidade e sentido de humildade de um professor que se sabe portador da sua meia-verdade — Carlos Neves — e à moderadora-debatedora São Lima, que usou a voz de comando para conduzir com lucidez, sem pisar nem engasgar a pergunta de ninguém. No final, fomos Nós próprios a falar de Nós próprios. Sem precisar de atrelar à lupa de ninguém de fora.
Foram cerca de duas horas memoráveis e bem conseguidas pela organização — o que não retira uma vírgula do que escrevi ontem: https://flavonvon.substack.com/…/fla-von-von-o-pais-em…
A minha nota final hoje é um pedido.
Uma proposta: vi todos a serem respeitosos e compreensivos uns com os outros, e pus-me a pensar como precisávamos de ver hoje o abraço do Presidente Pinto da Costa (símbolo da liderança do MLSTP, ainda na fase movimento a quem as rédeas do poder foram entregues) e de Filinto Costa Alegre (co-símbolo da Associação Cívica e de tantos jovens que, como ele, responderam ao chamado maior de construir e montar a antecâmara da independência).
Dois homens, um abraço! Tragam-lhes a todos, de onde estiverem. Pois, 50 anos depois, fazemos gosto que possam e que cá estejam — livres e emocionados, de mãos dadas com o coração.
E, ao que aprendi hoje, foram impedidos de entrar no seu país — já aterrados no aeroporto do seu país, que meses antes haviam avistado antes de todos.
Deve-se-lhes um pedido de desculpas. Devemos-lhes um pedido de desculpas.
Eu preciso dessa imagem. Nós precisamos dessa imagem.
Comissão de Honra, façam-no para honrar-nos com esse momento.
Eu preciso muito dessa imagem. O País precisa dessa imagem para começar a revelar um novo filme do futuro.
Rogo-vos.
Eu sou só, simplesmente, o Luiselio.
Vós sois a Comissão de Honra… Comissão dos Festejos dos 50 anos de Independência… Sub-comissão Técnica, Científica, Cultural…
Hoje, se não fordes vós, quem mais poderá ser!
Luisélio Salvaterra Pinto