José Aragão, líder, vocalista principal e membro-fundador do famoso conjunto musical ‘Os Úntues’, morreu este sábado, por volta das 17 horas, em Portugal, vítima de um cancro.
Tinha 73 anos de idade e era um dos nomes mais prestigiados da música e da cultura são-tomenses. Ficará na história como o autor de “Ola Bandela subli” – “Quando a Bandeira Subiu”, famosa composição que registou o acto da independência de São Tomé e Príncipe.
Enquanto cantor e compositor cuja carreira musical se confunde com a fase de auge do conjunto “Os Úntues”, José Aragão foi autor e intérprete de canções que são hoje clássicos do reportório musical são-tomense.
Com Juvenal Lopes, Leonel Aguiar, Alberto Morais, Alberto Neto, António Leite e José Canzá, José Aragão fundou em 1966 o conjunto ‘Os Úntues’, que viria a ocupar o lugar deixado vago pela extinção do nacionalista conjunto “Os Leoninos”. Tal como os Leoninos, os Úntues eram inspirados pelos ritmos tradicionais são-tomenses e vários dos seus temas reflectem, metaforicamente, um posicionamento nacionalista.
O local privilegiado de actuação de José Aragão e dos seus companheiros era o Sporting Clube de São Tomé, uma referência central da cultura e do nacionalismo são-tomenses.
José Aragão e os seus companheiros do conjunto “Os Úntues” foram os autores de um processo de modernização da música são-tomense, que passou pelo pioneirismo no uso da guitarra eléctrica e pela assimilação de influências externas, sobretudo do Congo, valorizando sempre as raízes da música nacional.
José Aragão foi o autor da primeira composição do género Ússua gravada por uma banda musical são-tomense: mili omé benfé-benfé.
Mas, acima de tudo, será recordado como autor de “Ola bandela subli” canção que grava o momento da proclamação da independência a 12 de Julho de 1975.
A canção, que tem conhecido versões de nomes mais jovens da música são-tomense, é uma espécie de hino ao primeiro hastear da bandeira na Praça da Independência, um hino à independência.
José da Vera Cruz Aragão foi membro-fundador da UNEAS, União Nacional dos Escritores e Artistas São-tomenses e um acérrimo defensor dos valores da são-tomensidade como demonstram as suas letras musicais e as suas tomadas de posição sobre questões culturais.
Em várias ocasiões manifestou-se preocupado com o que descreveu como o facilitismo que grassa hoje na indústria musical são-tomense e manifestou receios perante o que considerava a crescente descaracterização da nossa música.
O leitor pode reviver José Aragão e “Ola Bandela Subli”
Téla Nón
Amiga
9 de Fevereiro de 2015 at 8:50
Até sempre, Zé.
Ficarás nos nossos corações.
SEABRA
9 de Fevereiro de 2015 at 8:54
As minhas sinceras condolências à familia ARAGAO, assim como aos amigos do grupo musical UNTUES…que Deus lhe receba e lhe dê um canto na paz e na luz…que a TERRA lhe seja leve.
Hà um lindo poema de um frade que diz “…passei simplesmente para o um outro quarto, vejo-vos e partilho tudo convosco. Continuêm a chamar o meu nome como sempre fizeram, a rir das mesmas coisas que rimos juntos…estou presente, no invisivel. So eu posso vos ver, e vos nao”.
Eis o mistério da morte!Coragem, a todos os entes queridos, deste que nos precedeu, para a paz eterna!!!
Ledi di Alami
9 de Fevereiro de 2015 at 16:57
Morreu um cantor, e ficou bue de “cantador”…rsrsrsrsrs
Forro
9 de Fevereiro de 2015 at 19:36
Um grande cantor e um homem íntegro que se fazia respeitar porque respeitava os outros. Um profissional zeloso e competente. Um CIDADÃO na verdadeira dimensão da palavra.
Descansa em paz, José Aragão.
Frederico Fernandes
16 de Outubro de 2015 at 0:09
Amigo José Aragão,
Costuma-se dizer “longe da vista, longe do coração”. Mas o teu espírito está connosco, por isso estás no nosso coração, para sempre.
Privei algumas vezes contigo, a nível pessoal e profissional. Tinhas uma mente sã e franca, respeitador e amigo. Como as saudades me afligem, por não ter aproveitado melhor a tua presença…
Que Deus te receba no Seu seio… e até sempre, Amigo.