Cultura

“A Redescoberta de Nós” : IX Bienal de arte e cultura arranca 25 de junho

É o maior evento cultural e artístico de São Tomé e Príncipe, com categoria e reconhecimento internacional a Bienal de Artes e Cultura, já vai na sua IX edição.

João Carlos Silva(na foto), presidente do evento que coloca São Tomé e Príncipe no centro das atenções a partir de 25 de Junho, descreveu o significado da máscara, que é o cartaz da IX Bienal de Arte e Cultura.

«Antes de 2019, nós já tínhamos pensado nesta máscara. A redescoberta de nós, tirar a máscara que nós usamos….», afirmou João Carlos Silva.

A COVID-19 apareceu em São Tomé e Príncipe no ano 2020. A Bienal foi adiada, mas a máscara passou a ter maior importância.

«Uma máscara que simboliza o destapar da vida e dos nossos patrimónios. Veio a COVID, e justifica mais esta ideia de tirar a máscara agora. A redescoberta de nós mas do outro também, os povos de língua portuguesa», reforçou.

A máscara que é cartaz da Bienal, representa por sí só a grandeza do patrimõnio cultural de São Tomé e Príncipe. É a máscara do Tchiloli ou Tregédia do Marquês de Mântua.

«Uma máscara de uma grande performance do teatro popular são-tomense, o “Tchiloli”. É com esta máscara que vamos exigir que as autoridades de uma vez por todas decidam que o Tchiloli seja património nacional. Para depois juntos fazermos um trabalho profissional, para a sua apresentação ao património imaterial mundial», destacou João Carlos Silva.

Valorização do património cultural nacional, anima a bienal que vai demorar 30 dias, de 25 de Junho à 25 de Julho. «O primeiro dia 25 de Junho, que é o dia de Moçambique, nós vamos abrir não com as artes visuais, mas vamos abrir com o Teatro».

João Carlos Silva, indicou o Teatro Griot «que vem de Portugal», como a o grupo que vai inaugurar a IX Bienal de Arte e Cultura.

João Carlos Silva

«Um grupo de teatro formado apenas por actores negros, que neste espaço CACAU , traz “O Riso dos Necrófagos a São Tomé e Príncipe“».

“O Riso dos Necrófagos” é uma peça teatral que foi criada em São Tomé, através da investigação feita no terreno em torno da Guerra de Batepá.

«Foi feita uma peça extraordinária, que está a fazer sucesso na Europa, e que de certeza vai fazer sucesso em casa, aqui em São Tomé», referiu João Carlos Silva.

O espaço CACAU como epicentro do evento, vai acolher conferências colóquios, e mais. «Vamos ter conversas arquitectadas…com arquitectos nacionais, e os que virão de Angola, Cabo Verde, que vão revisitar a arquitectura das roças e da cidade de São Tomé», acrescentou.
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Cinema, vai ressuscitar em São Tomé. Segundo João Carlos Silva, na cidade de Angolares, sul da ilha de São Tomé, já está em marcha a exibição de filmes.

«Já começou em Angolares com a “Ilha dos Cães”, com o actor Miguel Hurts. O próprio Miguel Hurts está connosco em Angolares a fazer formação de actores para criação da primeira companhia de teatro Anguené de Angolares», sublinhou.

As manifestações de arte e cultura serão cíclicas e complementares. «Depois vamos ter Ângelo Torres….Pois, Amílcar Cabral vem até São Tomé pelas palavras do actor são-tomense Ângelo Torres, com um monólogo sobre Cabral».

O espaço CACAU tem um Museu designado ” O Espaço e a História”. Foi criado por Isaura Carvalho, a mulher, amiga, companheira, já falecida de João Carlos Silva.

«Vai ser um dos espaços mais visitados integrados na Bienal. Com serviço educativo, para mostrar as crianças e os jovens as nossas memórias, para entendermos melhor o que somos».

O Museu é a alma de um povo. «Povos que não sabem conservar ou manter as suas memórias (não dormir nas memórias ou com as memórias), mas ter as memórias como pano de fundo para fazer futuro, esses povos que não preservam isso, não têm grande importância no mundo», precisou o Presidente da Bienal.

Valorização do património artístico e cultural de um povo, é para a organização da Bienal, construir felicidade.

Museu da CACAU

«Se não conhecermos, nós não valorizamos. Se não valorizamos, nós não amamos, e se não amarmos, não conseguimos construir nenhum momento de felicidade na vida», garantiu João Carlos Silva

Biblioteca Itinerante é outra grande novidade da Bienal. A Biblioteca que evoluiu para “Ponto Itinerante de cultura e ambiente, tem a missão de levar uma boa parte da bienal a todos os distritos de São Tomé.

«Para vermos as nossas literaturas todas, e os nossos patrimónios também. Vai servir de eixo para levar este museu em forma digital às roças e a todas as comunidades», assegurou.
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Para além de livros o museu itinerante vai levar filmes para as comunidades do interior. A organização da Bienal tem um filme sobre as antigas roças de São Tomé e Príncipe, para ser exibido em todo o território da ilha de São Tomé.

Um filme de 1908, que conta a história e a vida económica e social das roças. «O museu ganha pernas e vai ele próprio de encontro as pessoas», pontuou, João Carlos Silva.

A IX Bienal de São Tomé quer transformar lançar as bases para que o turismo cultural seja um sector de actividade económica importante para criar emprego e renda.

Espaço CACAU

De entreposto de escravos, o arquipélago é projectado para ser um entreposto cultural.

«Como é que a arte e a cultura podem ser o motor de N actividades que tem a ver com uma economia mais criactiava e mais sustentável, é este o papel da cultura e das artes», concluiu João Carlos Silva.

Cultura e arte, vão preencher a vida na ilha de São Tomé, durante 30 dias. A IX Bienal de Arte e Cultura.

Abel Veiga

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