Cada vez mais a perder valores, e com várias manifestações da identidade nacional em vias de extinção, a Cultura de São Tomé e Príncipe recebe uma nova injecção de políticas para o seu reavivamento.
A carta de política cultural criada no ano 2012, não funcionou. Desde 2023 que o Ministério da Educação Ciência e Cultura em parceria com a UNESCO trabalha no sentido de rever a carta de política cultural.
O trabalho moroso que envolveu técnicos nacionais, nomeadamente os historiadores terminou e foi apresentado pela Ministra da Cultura Isabel de Abreu no Centro Cultural Guimarães Rosa – Brasil.
O documento revisto apresenta um conjunto de iniciativas de promoção da produção cultural, a sua distribuição e a divulgação do património histórico. A revisão da carta de política cultural implicou, segundo a Ministra Isabel de Abreu, a supressão dos obstáculos que impediram a implementação no ano 2012.
«A carta revista contribui para que o governo possa desenvolver o sector cultural, fortalecendo a produção cultural, o consumo e resolver os constrangimentos que têm impedido o seu avanço», afirmou a ministra da educação, ciência e cultura.
O governo pretende com a nova política transformar a cultura num meio de promoção do emprego e de crescimento económico. O executivo prometeu que vai criar um fundo nacional para o desenvolvimento cultural.
Sónia Carvalho, representante da UNESCO, recordou que a promoção da cultura faz parte dos objectivos de desenvolvimento sustentável. Por isso, a UNESCO garante apoio técnico para que as políticas culturais sejam implementadas.
«A UNESCO apoia a implementação das políticas culturais nacionais, e a inclusão da cultura nas estratégias de desenvolvimento nacional», frisou.
Nação nascida, segundo a história, do cruzamento entre escravos oriundos de várias regiões de África, sob comando de colonos portugueses, o povo são-tomense é um rico mosaico cultural.
No entanto, nos últimos 35 anos os valores culturais identitários do país evoluíram perigosamente para a extinção. Várias manifestações culturais, costumes e tradições sucumbiram. Até os 3 crioulos estão em perigo, nomeadamente, o Fôrro(ainda resistente em pequenos círculos populacionais), o Angolar(residual nas comunidades piscatórias), e o Lunguié falado na ilha do Príncipe foi nos últimos anos alvo de um SOS lançado como tentativa para a sua restauração.
Abel Veiga