Cultura

Cultura em Risco: O grito de Alerta do Presidente da República

Presidente da República, Carlos Vila Nova lançou esta terça-feira, o desafio para preservação e promoção da cultura nacional

O chefe de estado fez este lançamento na cerimónia de abertura do mês da cultura nacional quando enfatizava a urgência da preservação do património cultural são-tomense e lançou desafios para um maior compromisso do Estado e da sociedade na valorização da identidade nacional.

Com a presença de altas figuras do Estado, Primeiro-Ministro e membros do Governo, líderes parlamentares e representantes do sector cultural, o Presidente alertou para os riscos de desaparecimento de várias expressões culturais e reforçou a necessidade de acções concretas para a sua revitalização.

Sem rodeios, Carlos Vila Nova denunciou que muitas das manifestações culturais do país estão à beira da extinção. “A cultura é a alma de uma nação. A perda de qualquer um dos nossos elementos culturais não seria apenas uma perda para nós, mas para a humanidade”, declarou.

O Presidente citou exemplos preocupantes de tradições quase desaparecidas, como Lumbu, Alimandade, Soya Kutu Damala e Soya Lombo Kumukantan, assim como danças tradicionais da Ilha do Príncipe, como Toluja e Bêlélé. “Se nada for feito, corremos o risco de apagar séculos de história e identidade”, alertou.

Ao mesmo tempo em que sublinhou a necessidade de preservar a tradição, Carlos Vila Nova destacou o potencial económico da cultura. “Os recursos culturais, quando bem aproveitados, são activos económicos valiosos. Eles nunca foram causa de guerras, mas sim de prosperidade”, sublinhou.

O Chefe de Estado defendeu uma estratégia de promoção cultural que inclua festivais, exposições e intercâmbios, colocando a cultura como peça-chave para impulsionar o turismo. “Temos uma riqueza única que pode diferenciar São Tomé e Príncipe no mapa turístico mundial. Devemos transformar essa riqueza cultural em valor económico e identidade nacional fortalecida”, avançou.

Num tom desafiador, Vila Nova propôs que, por ocasião dos 50 anos da Independência Nacional, o país promova espaços de reflexão sobre a cultura e aproveite o momento histórico para exaltar e resgatar as tradições santomenses. “Este cinquentenário não pode ser apenas uma celebração. Deve ser um compromisso renovado com a nossa identidade e um passo decisivo na valorização da nossa cultura”, Concluiu, lançando um repto aos decisores políticos, artistas, comunidades e juventude: “A cultura é um organismo vivo. Cabe-nos garantir que ela não morra, mas floresça e evolua. Se queremos um país com identidade e orgulho de suas raízes, devemos agir agora.”

A solenidade no Pavilhão D. Alda Espírito Santo, do Liceu Nacional, seguiu com apresentações culturais que reforçaram a diversidade e a riqueza da cultura são-tomense, dando o tom do que promete ser um mês de celebração, mas também de reflexão e acção concreta para o futuro cultural do país.

A ministra da educação, cultura, ciências e ensino superior, Isabel Abreu, destacou a importância da cultura como pilar da identidade nacional e do desenvolvimento económico de São Tomé e Príncipe.

Diante de um público repleto de autoridades, intelectuais e fazedores da cultura, a ministra exaltou o legado dos grandes vultos santomenses e apontou caminhos para a valorização e dinamização do sector cultural.

A escolha de Abril para esta celebração não foi aleatória, enfatizou Isabel Abreu. O mês é marcado pelo nascimento de figuras emblemáticas, como José de Almada Negreiros, José Viana da Mota, Caetano da Costa Alegre e Alda Espírito Santo, cuja memória será o centro das comemorações deste ano. “Alda Espírito Santo não foi apenas uma poetisa, mas uma guardiã dos valores e da luta do povo santomense. Dedicamos este mês à sua memória e ao seu legado inestimável”, reforçou.

A ministra salientou que a cultura vai além das artes e da literatura, sendo um vector essencial da economia, do turismo e da projecção internacional do arquipélago. “A cultura une, impulsiona o turismo e fortalece nossa presença no cenário global”, apontou.

Com um tom firme, Isabel Abreu referiu que o 19º governo constitucional tem tomado medidas concretas para fortalecer o sector, desde a actualização da Carta da Política Cultural até a submissão de bens culturais à UNESCO para reconhecimento como Património Mundial.

“Não basta celebrar, precisamos agir. A cultura não pode ser apenas um elemento decorativo do nosso país, mas uma força activa no nosso desenvolvimento”, enfatizou.

A ministra também alertou para a necessidade de preservar as tradições e saberes ancestrais, garantindo que sejam transmitidos às gerações futuras. “Perder um traço da nossa cultura é perder um pedaço da nossa identidade”, frisou.

Entre as iniciativas programadas para este mês, Isabel Abreu anunciou a realização da Primeira Conferência Nacional sobre Alda Espírito Santo, nos dias 29 e 30 de Abril. O evento será um espaço de reflexão sobre o impacto e a influência da poetisa na cultura santomense e africana.

“Acreditamos que esta conferência será um marco na valorização da nossa literatura e um incentivo para as novas gerações a explorarem e preservarem a nossa história”, contou.

Isabel Abreu fez também um apelo para que toda a sociedade se envolva activamente nas actividades do Mês da Cultura. “A cultura não se faz sozinha. Ela precisa de todos nós, do nosso compromisso e do nosso empenho. Que este mês seja um reflexo da nossa diversidade e da nossa força enquanto nação”, concluiu.

A cerimónia de abertura foi marcada por apresentações artísticas e culturais que reforçaram a riqueza e a autenticidade da identidade santomense, dando início a um mês de celebrações e reflexões sobre o futuro cultural do país.

Waley Quaresma

4 Comments

4 Comments

  1. ANCA

    2 de Abril de 2025 at 15:29

    Sem falar no desaparecimento das nossas línguas e dialectos maternos, o fôrro, o lunguié, o anguené.

    Necessidade de uma cultura de trabalho, de organização e de rigor.

    Necessidade de uma cultura de preservação

    Necessidade de uma cultura de preparo, educação para cidadania, educação de excelência.

    A ussua, bem como a puita, a deixa, e outras manifestações, sabemos que são manifestações culturais, dada a realidade dominio colonial, de população africana, as senhoras ou se quisermos a classe feminina dançavam, com os pés descalços, pés no chão, hoje pouca necessidade há disso, para dignidade, dignificação da classe, e quem representa a manifestação cultural, nos tempos presentes, sendo que na introdução da manifestação, deve-se fazera alusão a esta menção,( veja na imagem os homens dancam calçados, as senhoras de pés descalço).

    Do mesmo modo nestas ocasiões se deve valorizar a cultura arte agrícola, pesqueira, a criação de gados, a indústria transformadora, a pintura, a musica, gastronomia, o artesanato, a carpintaria nacional, a escultura, a escrita, os livros, a costura, etc…pois que também são manifestações culturais nacionais nesta acepção há que ter uma visão mais ampla, da cultura, fazer acontecer em simultâneo realização de feiras, desfiles de moda, mostra gastronomica, espectáculos, oficinas de artes, pintura, artes agricolas, pesqueiras, artesanatos, feira de livros nacionais, etc…

    Se nasceste aqui, cresceste aqui, estudaste aqui, vives aqui ou na diáspora, ama a tua terra, as tuas gentes, o teu território, ajuda a desenvolver o teu país

    Pratiquemos o bem

    Pois o bem

    Fica-nos bem

    Deus abençoe São Tomé e Príncipe

  2. POLVO

    3 de Abril de 2025 at 1:10

    Sendo a cultura um conjunto de aprendizagem, valores( lingua, customes, habitos, forma de educação, a pratica desportiva,a fala, a prática, forma e organização administrativa institucional, o modo de ser estar, fazer e pensar), saberes, artes, conhecimentos, patrimonio construído, património natural/ambiental, de interacções intergeracional, dentro das famílias, comunidades, sociedade, a nivel instituições dentro de um determinado grupo populacional, povo.

    Hora num determinado grupo social, populacional, povo, comunidade, sociedade, comunidade, familias, dentro das instituições, existem aspecto culturais, de bem( bom para o seu desenvolvimento sustentável), como há aspectos culturais nocivos, que comprometem o seu progresso e bem estar…

    Exemplo quando nos falamos de aspectos do bem ou bom da cultura, temos as manifestações culturais, a boa educação, ou educação para excelência, o cuidado, com crianças, mulheres e idosos, as boas praticas administrativa, boas praticas judicias, boas praticas agricolas, a preservação linguística, a preservação e conservação da natureza, a conservação digitalização da memória colectiva, a conservação histórica, a escrita, a pintura, o artesanato, a gastronomia, a organização, o trabalho, o rigor, a transparência, a boa gestão etc,
    …as boas práticas para o bem, para o bem estar de todos

    Como exemplo de aspectos novicos da cultura, desleixo, avareza, desorganização, a falta de rigor, a ociosidade, obscurantismo, feitiçaria poligamia, a pedofilia, a prostituição, a violência doméstica, a violência infantil, a violência sobre idosos, violações, crimes, consumo de estupefacientes, roubos, desordem, anarquia, perdas de valores,…

    Neste sentido, neste mês da cultura ha que também aprofundar o debate e conhecimento, sobre estado e condições, educação, pobreza, miséria, fome no seio da instituição familia, ver o seu reflexo e resultado, na degradação de valores, degradação institucional, desagregação social cultural, colher contributos para melhorar aspectos bons da cultura, as boas práticas, as técnicas, o saber, o conhecimento, a inovação, as tecnologias etc, ao mesmo tempo em que deve combater aspectos nocivos da cultura pondo o pilar, justiça, boa governação, a transparência, o sentido e ordem do estado em destaque.

    A cultura do preparo, a cultura da preservação, a cultura do cuidado, do saber e saber fazer, as boas práticas de modo a preservamos as boas manifestações culturais.

  3. LULA

    3 de Abril de 2025 at 10:41

    A cultura tudo aquilo que se apreende, se preserva e reproduz

    Sendo São Tomé e Príncipe, um pequeno estado insular, periférico de dupla insularidade, pequeno, com boa localização geo-estratégica, com estabilidade social.

    Há que adoptar uma cultura, de excelência

    Jamais tendo herdado, instituições, ou sistema de ensino superior, é tempo de aprimorar fortalecer consolidar, expandir, os serviços da universidade de São Tomé e Príncipe, é tempo de formação capacitação superior interna dos nossos jovens, na área de medicina, enfermagem, analises clinicas e diagnóstico, a farmácia, a contabilidade, as finanças, a administração, gestão, ambiente, biologia marinha, na área da economia do mar, da economias circular, a segurança, o direito, etc,…todas áreas necessárias para sustentabilidade do país

    É preciso estar de frente ao mar, ver as possibilidades, oportunidades que ele oferece.

    Do mesmo modo para contemplar a cultura do preparo, há que instituir mais rapidamente possível, o sistema de formação contínua dentro das instituições, quer da instituição familia, quer de organismos estatais, a formação profissional, bem como a cultura de responsabilidade e responsabilização pelos actos.

    A cultura da limpeza, preservação, conservação.

    Jamais o país tendo recebido a cultura de urbanização, construção de cidades, cultura do ordenamento do território, planos de desenvolvimento nacional, local,l e regional, apesar do pós abertura democrática ter criado, instituído instituições para tal como, as autarquias locais, o governo regional, seria bom fazer valer hoje e agora a o primado da desconcentração e descentralização do poder, observando como nuance, a cultura de prestação de contas, de modo a fazer despoletar o desenvolvimento local, urbanização, iluminação publica, transportes públicos, canalização de agua, especificidades agricolas, serviços, turismo local, etc etc…construção habitação para jovens conjugados com emprego e rendimento permitira estancar a sangria da emigração para exterior.

    A banca, os seguros, as finanças, servicos financeiros, o fortalecimento e robustez, são essenciais, de notar que hoje temos comunidades espalhadas, por Angola, Gabão, Guiné Equatorial, Portugal, Marrocos, Inglaterra, Europa, sem que para isso tenhamos organizado e orientados na criação de banca nacional, interna, para expandir os serviços nestes mercados, ee modo a captar remessas dos nosso concidadãos residentes nesses territórios

    Quem diz a banca diz, os transportes, as telecomunicações, o desporto.

    De modo a resgatar valores culturais identitários do Homem, São-tomense a muito perdido, de bem para preservação da identidade cultural, logo orgulho na suas manifestações culturais, logo sua preservação.

    A cultura do exemplo, do bom testemunho, da responsabilidade e responsabilização.

  4. Cleopter dos Santos

    3 de Abril de 2025 at 11:53

    A cultura não se faz de boca para fora, só falando, mas sim financiando-a. Só assim vamos crescer e preservar a nossa identidade e nacionalidade.

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