Desporto

CPLP: Título livre…… ‘santomensidade’

Quando se pensa na união e na confraternização entre os povos, vem a mente o desporto.

Nome que para alguns, pode não significar nada, mas para muitos, é a melhor ferramenta para fazer do mundo um lugar melhor para se viver em paz, semeando os valores de harmonia, respeito, fair play, trabalho em equipa, cidadania, entre outros.

Nesta disposição, os grandes líderes [mundiais] pensaram cada um ao seu momento, em eventos que poderiam reunir num só país, um bom número de nações e/ou de atletas para celebrarem estes valores e a diversidade entre as nações.

E assim, nesta filosofia nasceram as maiores competições mundiais [Jogos Olímpicos e Para-Olímpicos, Mundiais das diversas modalidades, CAN, Euro, etc.].

Embora sendo universais, e algumas continentais, estes eventos por si só, não seriam suficientes para celebrar a diversidade entre os povos, porque nem todos os países teriam às condições para participar nas mesmas, como por exemplo, São Tomé e Príncipe, e Timor-Leste.

Face a este impedimento, alguns blocos de países [CPLP, PALOP, CEDEAO, entre outros] resolveram promover eventos como a mesma índole, apenas para os países membros da referida comunidade, e assim nasceu em 1992, Portugal, os Jogos Juvenis da CPLP, que é visto como os Jogos Olímpicos da comunidade falante da língua portuguesa.

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Agora sim, estaríamos em condições de afirmar que o desporto e a sua multiplicidade estariam a ser festejados por todos ou por maioria dos países, mesmo aqueles que por restrição económica e/ou desportiva, não teriam a possibilidade de apresentar nos grandes eventos mundiais, como as ilhas maravilhosas de São Tomé e Príncipe.

Com a ideia de Jogos Juvenis da CPLP, o país viu abrir, embora com menor amplitude, uma porta para apresentar os seus valores desportivos ao mundo [comunidade] e vender a ideia do seu turismo ecológico, situação que seria, e está a ser um “carroço no sapato” dos nossos dirigentes, que em 43 anos da independência, não conseguiram organizar um grande evento desportivo no arquipélago, e nem qualificar uma selecção [colectiva] para à fase final das principais competições, Copa do mundo, CAN, CHAN e mundiais de atletismo.

O que vem conseguindo, não com muita regularidade, são algumas presenças nos Jogos Olímpicos e Para-olímpicos [por meio da lei da universalidade], com alegria de ter conseguido na última edição, com sede em Brasil, uma entrada por mérito, em canoagem.

Mesmo com o direito de participar sem passar pelo sofrimento das eliminatórias, as coisas não têm sido fácil para o país nestes jogos da comunidade, que em muitos casos, apenas consegue a confirmação de participação na véspera dos jogos, e em muitos casos, em pleno aeroporto, acabaria por ficar em terra, segundo alguns relatos.

Mas esta doença [que já causou várias vítimas psicológicas] tem dias contados, porque o executivo do Patrice Trovoada, através do Ministério da Juventude e do Desporto, encabeçado pelo Marcelino Sanches, vem trabalhando para erradica-la, como tem feito o Ministério da Saúde, com o paludismo, em parceria com os parceiros internacionais.

Para além da participação nos jogos, cada país membro, seguindo a lei da rotatividade teria que organizar dois em dois anos, a prova no seu território.

Aqui nascia outra preocupação para um dos mais pobres ou se calhar o mais pobre da comunidade, que devido a escassez ou sendo mais claro, à inexistência das infra-estruturas desportivas, negou por duas vezes a organização da competição.

Os dirigentes nacionais, entendendo a importância destes jogos para o desporto e o turismo nacional, partiram à caça dos apoios, porque assim é a vida dos que não têm.

Mas com muita força de vontade, lá conseguiram a verba para erguer algumas instalações, que possibilita o país de realizar com dignidade algumas provas internacionais.

Não foi fácil chegar ao ponto em que chegamos, onde já podemos dizer, embora com moderação, que estamos prontos para mostrar à comunidade e ao mundo que também podemos organizar um grande evento, não obstante da nossa pequenez!

Mas quem pensou que seria fácil, é melhor repensar nas suas ideias, porque nada nesta vida é fácil ou é dado de graça, temos que bater, bater e bater para alcançar o feito desejado.

Mesmo com a nota positiva nas instalações desportivas, o país ainda terá que percorrer um longo caminho até o 21 de Junho, data do arranque dos XIs Jogos, que estão a ser aguardados com muita expectativa no seio da camada juvenil santomense.

Sabe disso, o titular da pasta da Juventude e do Desporto, Marcelino Sanches ‘Chalino’, que não tem vivido os dias de graça, sempre a procura dos apoios que têm estado a chegar em ‘conta-gotas’, situação que tem tirado o sono ao mesmo, que corre o risco de ser o grande herói ou vilão desses jogos. Mas este ‘fardo’ não será carregado apenas por ele.

Todos nós seremos timbrados com o resultado desses jogos, seja ele positivo ou negativo.

Como assim? Indaga um jovem. Lembremos que por detrás do Chalino, está uma nação, que eu e você fazemos parte com muito orgulho.

Então, vamos todos, cada um no seu ramo, colocando de lado às diferenças [sociais, económicas, religiosas, politicas e raciais], fazer o possível para a promoção e a divulgação dos jogos nesta fase, e posterior ajudar na organização e apoiar os nossos atletas, lembrando sempre que é a imagem do país que estará em jogo e não dos nossos superiores hierárquicos.

Todos nós sabemos, que a felicidade para a raça humana está em muitas das vezes na desgraça dos outros, situação que a leva a viver num grande individualismo [uma característica doentia da personalidade, ancorada na incapacidade de aprender com os outros, na carência da solidariedade, no desejo de atender em primeiro, segundo e terceiro lugar os próprios interesses, e em último lugar, ficam as necessidades dos outros], escreveu Augusto Cury, no seu livro ‘Nunca desista dos seus sonhos’.

Mas também está comprovado que esta é a atitude dos cobardes.

Porém eu acredito que característica acima enfatizada, não condiz com os santomenses, porque o que tenho visto, é o inverso, todos torcendo para a conquista dos outros, isso é bom para a santomensidade.

Esse é o espírito dos jogos que serão celebrados pela primeira vez em São Tomé e Príncipe.

Será muito lindo ver todos os santomenses entoando com o arrepio o hino nacional, mostrando a sua ‘santomensidade’, em memória de quem escreveu a letra de um dos símbolos nacionais, Alda do Espírito Santo.

O país pode contar consigo? Claro que sim! Mas como? Indagaram diversos jovens que eu dividi o meu sentimento antes de escrever este texto.

A resposta foi simples. Para os que usam a rede social, vão vendendo o que há de melhor do nosso desporto, música, gastronomia, praia, dança e paisagem.

Para os que exercem alguma influência sobre um grupo, vão sensibilizando sobre a importância destes jogos para o futuro do país.

E para os crentes, resta rezar, e mover corrente positiva para o evento, que está há quatro meses da sua realização.

E os que não fazem parte dos alvos acima sublinhados, não atrapalhem e nem comercializam a imagem negativa do país.

Sejamos optimistas, não obstante de algumas obras ainda não estarem prontas e/ou nem iniciadas, mas nada que esteja fora do controlo do Comité dos Jogos.

Contudo, sinais positivos também têm-se sentido com a requalificação dos campos de voleibol, do liceu nacional, anúncio da introdução da pista de tartã no único e velho 12 de Julho, entrega dos materiais desportivos às federações desportivas, verba no valor de cinco mil euros às federações participantes, reunião dos directores dos desportos da comunidade, colocação dos autodoor nos locais estratégicos, pela comissão dos jogos, entre outras acções.

Não temos muito mais tempo, para blá, blá, blá. Vamos agir, e mostrar a força da nossa santomensidade.

Lembrem-se que o fracasso dos XIs Jogos Juvenis da CPLP, poderá trazer consequências desagradáveis para a juventude nacional.

Henrie Martins

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