Mestre em Gestão, especialização em Marketing, pela Universidade de Évora
SOBRE…….MARKETING VERDE NO TURISMO DA ILHA DO PRÍNCIPE….
Foi desenvolvida uma investigação sob orientação das Prof.ª(s) Doutoras Maria Raquel Lucas e Cristina Marreiros, da Universidade de Évora.
A pandemia de COVID-19 fez alterar o comportamento do consumo turístico a nível mundial. A escolha de um destino turístico, com a alteração decorrente deste cenário de pandemia, pautará essencialmente, por um local seguro, garantido por padrões e medidas de segurança dos equipamentos e instalações turísticas e, também, pelo cumprimento das normas sanitárias e de segurança alimentar. Em consequência, é imperativo que os gestores de marketing das empresas e dos destinos turísticos se comprometam, ainda durante, mas sobretudo, após o final da crise e a retoma da atividade turística, a um desenvolvimento sustentável do sector, para melhor corresponder às expectativas e desejos dos consumidores (turistas).
Esta situação não sendo nova, porque já desde 2017, numa iniciativa conjunta do PNUD e da OMT, foi reconhecida a contribuição transformadora do turismo para acelerar o progresso e para a agenda e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), exige, na situação difícil atual, uma multiplicidade de intervenções planeadas e implementadas de forma coordenada. Também a consciencialização do sector não apenas para o crescimento económico rápido e recuperador das quebras sofridas, mas também, para a inclusão social e a preservação cultural e ambiental.
O arquipélago de São Tomé e Príncipe, apresenta um cenário majestoso para diversas práticas do turismo de natureza. A riqueza da flora, as plantas tropicas, as praias exóticas e a simplicidade cativante do povo. Na ilha do Príncipe, este cenário é ainda muito mais visível, considerada desde 2012 Reserva da Biosfera, com praias paradisíacas, diversas espécies endémicas, clima tropical, população hospitaleira e ambiente excepcional para a prática do turismo verde e do ecoturismo.
A Reserva da Biosfera permitiu à ilha do Príncipe a inclusão no programa MAB (Man AndtheBiosphere) e na rede AfriMAB, bem como noutras redes MAB temáticas (como o REDBIOS) e a um real compromisso das organizações (públicas e privadas) no cumprimento das responsabilidades daí decorrentes de preservar o ambiente e os recursos endógenos e, o desenvolvimento de práticas de marketing verde no turismo da ilha do Príncipe. Assim, devido à dimensão e demografia, a ilha tem um papel decisivo no ecoturismo e turismo ecológico, atuando como laboratório vivo, exibindo iniciativas de conservação da natureza e uso sustentável dos recursos naturais, contribuindo, para a melhoria do bem-estar da sua população e dos visitantes.
Nesta nova conjuntura comportamental, onde os consumidores tomarão as suas decisões de compra com base numa nova matriz de factores a ter em consideração, como a já referida segurança sanitária, mas também o custo e as questões ambientais, há o imperativo das organizações do turismo optarem por desenvolver e implementar estratégias de marketing verde, que se traduzam em boas práticas do ecoturismo/turismo ecológico, incorporando nos seus produtos e serviços as características ecológicas que satisfazem às expectativas e desejos dos turistas e lhes conferem confiança.
O grupo HBD é o principal investidor na ilha do Príncipe onde detém três unidades hoteleiras (Bom Bom Island Resort, Roça Sundy e Praia Sundy) e uma mais em São Tomé (Omali). Das três nesta região insular, o Bom Bom Island Resort, foi a primeira infraestrutura hoteleira, em África, a obter a certificação Biosphere Responsible Tourism pelo Instituto de Turismo Responsável (ITR), numa visão sustentável de desenvolvimento do turismo.
A investigação realizada focou-se na análise da percepção e atitude dos residentes da Ilha do Príncipe face às acções de marketing verde e ao desenvolvimento dos projectos turísticos sustentáveis da HBD. Nomeadamente, saber, se as estratégias e acções de marketing verde satisfazem os habitantes, face à inserção da ilha como Reserva da Biosfera. Do ponto de vista metodológico, o estudo, conclusivo-descritivo, teve uma natureza mista (qualitativa e quantitativa), e foi desenvolvido em três etapas. Uma de revisão bibliográfica e documental com recurso a fontes de informação secundárias. As outras duas, de recolha de dados primários, suportadas numa entrevista informal aos responsáveis da HBD, e num inquérito por questionário a uma amostra de residentes na ilha para conhecer a sua percepção e o seu grau de satisfação relativamente às práticas de marketing verde da HBD.
Os resultados obtidos evidenciam que o destino turístico da Ilha do Príncipe não só atende às questões ambientais nas suas estratégias de marketing verde, como estas satisfazem os residentes, sendo o bom relacionamento entre a empresa e a comunidade local, o elemento fundamental ao sucesso e à boa imagem do destino turístico.
A mais recente mensagem de António Guterres, secretário geral da ONU, sustenta a importância do turismo como um dos sectores económicos mais importantes no mundo. Muito embora com a pandemia por covid-19, o setor do turismo tenha sofrido quedas históricas e abruptas a nível mundial, face a outros destinos, a ilha do Príncipe, pelo modelo de turismo assente na sustentabilidade e as suas ações de marketing verde, pode vir a recuperar, mais rapidamente do que outros, a sua posição de criadora de emprego digno, de rendimentos estáveis e de bem-estar que satisfaz a população e, também de protetor do património cultural e natural. Infelizmente, o futuro, após superação da crise provocada pela Covid-19, é incerto e não depende apenas de acções e medidas tomadas a nível privado, mas, também, de planeamento e decisões políticas, concertadas a nível global, e de mudanças de comportamento que, por exemplo, valorizem e incentivem o turismo interno e ajudem na retoma.
Certo é que a sustentabilidade, sem descurar o foco na competitividade, será a palavra-chave, e o turismo sustentável, em termos de recursos e com baixo carbono, a solução, sendo que, o turismo do amanhã e no futuro vai exigir a mudança de todos, hoje!
Sem assunto
3 de Dezembro de 2020 at 19:29
Espalhem, espalhem mais papéis neste pequeno espaço, mestres, cada vez há mais mestres, boa évora bom negócio, aproveitem porquê brevemente cairá a vossa máscara.
Engraçado é o chamado doutoramento que é feito por eles, em condições normais desde o grau de mestrado o estudantes deve ter publicações científicas no mínimo 3, porém na nossa bela universidade de Évora é ensinado aos doutores com se escreve isto, comédia!
E o ministério da educação fecha os olhos a esta aberração para irem em cima da Universidade de Mé-zochi será a única irregular aqui?
Porque não falam de centenas de professores meramente licenciados a lecionarem na única universidade pública do país a USTP?
Também pra que tocar neste assunto se o próprio Reitor é mero Mestre?