O Ministro da Agricultura e Pescas divulgou um plano para ajudar a abafar o grito das florestas. O sector das pescas tem sido um dos principais consumidores das árvores de grande porte. Tradicionalmente as embarcações da pesca artesanal, designadas canoas são construídas por via do derrube de árvores, e como uma obra de escultura, os carpinteiros esculpem as canoas no tronco das árvores derrubadas, e no mesmo local.
O grito das florestas tornou-se cada vez mais aflito. Com apoio financeiro do Banco Africano de Desenvolvimento através do projecto PRIASA, Abel Bom Jesus ministro da agricultura e pescas decidiu promover uma campanha para modernizar a frota da pesca artesanal.
O financiamento do BAD permitiu construir 15 embarcações à base de fibra de vidro. As embarcações foram distribuídas aos pescadores do distrito de Caué, no sul da ilha de São Tomé.
«Essas embarcações vêm responder ao grito que damos no quadro das convenções internacionais de protecção do ambiente», declarou o ministro.
Na cerimónia de distribuição das canoas que decorreu na cidade de Angolares, o ministro disse que o grito aflito do governo é pela protecção do ambiente, porque a floresta também está a gritar com muita aflição.
«Através da direcção das florestas temos estado a fazer restrições em termos de corte de árvores. Durante muitos anos usa-se árvores de grande porte para construção das canoas», acrescentou.
A acção que o ministro desencadeou no arranque do ano 2024 pretende garantir o desenvolvimento sustentável.
«Hoje como já existe esta possibilidade de construir as embarcações em fibra de vidro, isso sim é para nós a melhor forma de responder ao grito das florestas», pontuou Abel Bom Jesus.
Prometeu que ainda neste ano mais embarcações de fibra vão ser destribuídas. «Vamos fazer mais entregas e acredito que será um lote maior».
A par da distribuição de canoas ecológicas, o ministério da agricultura decidiu importar materiais de pescas para melhorar a faina.
As embarcações distribuídas na zona sul dão resposta à especificidade da pesca na região sul. Para outras comunidades piscatórias, o plano de acção oferece outro tipo de embarcação.
«Através do fundo de contrapartida da União Europeia vamos construir 50 embarcações para outras zonas que fazem outro tipo de pesca. São embarcações que atingem os 8 metros de comprimento. Já temos financiamento», assegurou Abel Bom Jesus.
Leopoldo João, pescador de São João dos Angolares reconheceu que as canoas de fibra correspondem à especificidade da pesca no sul, e promovem o ecossistema. «Vai melhorar a qualidade da pesca. Vamos preservar a natureza, porque vamos deixar de abater as árvores», afirmou o pescador.
A questão do género foi tida em conta na distribuição das canoas. Teresa Tomé, vendedora de peixe na comunidade de Malanza, recebeu uma embarcação que vai permitir o marido e os filhos aumentarem a captura do pescado e o rendimento da família.
O Banco Africano de Desenvolvimento que financia a construção das canoas de fibra realçou a comparticipação financeira que permite alargar a produção das embarcações e renovar a frota nacional da pesca artesanal.
«Essa comparticipação a 50% vai permitir dar valor àquilo que está a ser hoje entregue mas também irá capitalizar os fundos e no futuro permitir que outros pescadores tenham acesso a estas mesmas canoas», referiu Ceutónia Lima Neto, representante do BAD.
As 15 canoas de fibra custaram 50 mil euros. Estudos feitos pela FAO no ano 2016 indicam que o sector das pescas movimenta anualmente mais de 30 milhões de euros em STP.
Abel Veiga
Madiba
23 de Janeiro de 2024 at 8:24
Tudo bem. Acredito ser possível acelerar o passo. E acelerar muito! A questão de abate de ocás nas nossas florestas tem sido um verdadeiro desastre ecológico. E as canoas produzidas não são tão eficazes, como se pode se pode ver.