Na zona norte da ilha de S. Tomé regista-se uma acentuada degradação dos ecossistemas marinhos com impacto direto na vida das comunidades piscatórias.
«Grande parte das comunidades, aqui desta zona, os pescadores vão ao mar e sente-se que eles já não têm captura. Muitos vão ao mar e o que trazem é um coco na canoa. Isso é muito mau para uma população de mais de 4500 pescadores» – disse Jorge Carvalho de Rio, técnico da ONG MARAPA.
Na tentativa de inverter a situação, 10 recifes artificiais, cada um composto de 13 blocos de 800 kgs, cada, foram instalados no mar entre Fernão Dias e a Praia de Morro Peixe, com o objetivo de restaurar o fundo marinho.
«Vai criar mais peixe, vai criar mais vida, vai beneficiar muito os pescadores porque vai aumentar as suas capturas e o próprio mercado nacional vai ter mais peixe» – Sublinhou, como vantagens, Jorge Carvalho de Rio.
O projecto executado pela ONG MARAPA está avaliado em cerca de 120 mil dólares e é financiado pelo BAD, o banco africano de desenvolvimento no quadro do PRIASA II.
A comunidade piscatória de Morro Peixe aplaude a iniciativa, mas mostra-se preocupada com a ausência de fiscalização da área, por causa daquilo a que chama de prática de pesca maldosa no local.
«Esse recife vem beneficiar os pescadores e alguns senhores vão para lá de má fé, em particular os pescadores de Praia Cruz, arrastam tudo. Eu queria apelar para que não façam esse tipo de pesca de destruir» – suplicou Paulo Jorge, líder comunitário de Morro Peixe.
Em resposta, Graciano Costa, assessor para área das pescas do ministro de Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, frisou que «estamos em concertação com a Capitania dos Portos para ver se podemos criar condições para que a Capitania possa manter uma fiscalização constante para debelar esse tipo de situação».
É o segundo grupo de recifes artificiais que se instala a uma profundidade de cerca de 26 metros na zona norte da ilha de S. Tomé.
José Bouças