Pela primeira vez desde o ano 1988, o governo de São Tomé e Príncipe administra as finanças públicas sem um programa com o FMI.
«O FMI é o FMI. Nós somos nós. Aquilo que o FMI nos apresenta e que nos parece muito penoso para o nosso país, …dissemos não», declaração do primeiro-ministro Patrice Trovoada em fevereiro de 2024, na sessão plenária da Assembleia Nacional, que aprovou o Orçamento Geral do Estado para 2024.
Antes da provação do OGE, Patrice Trovoada garantiu várias vezes que o país vai avançar, mesmo sem o acordo de facilidade de crédito alargado com o FMI.
Desde que tomou posse em finais do ano 2022, que o governo administra o país sem o aval financeiro do FMI. As consequências são sentidas por cada cidadão.
O governo deixou de ter capacidade em termos de reservas externas para garantir a importação de bens da primeira necessidade, e a ajuda financeira internacional de que o país é hiper dependente minguou ao ponto de não ser suficiente para assegurar os cerca de 90% das verbas inscritas no Orçamento de Estado no capítulo do investimento público.
Sem o aval do FMI, isto é, sem o acordo de facilidade de crédito alargado com o FMI, os parceiros internacionais que têm projectos a realizar em São Tomé e Príncipe ficaram retraídos. Por isso praticamente não há obras públicas e consequentemente não há emprego. A importação dos bens da primeira necessidade ficou comprometida. O “nós somos nós”, parece estar a custar caro para as famílias santomenses.
É neste cenário de quase colapso, que uma missão técnica do FMI chegou a São Tomé para avaliar com o governo a situação macroeconómica do país. O chefe da missão do FMI que se reuniu com o Presidente da República Carlos Vila Nova, disse que tomou boa nota da melhoria que se regista no fornecimento de energia eléctrica a população. No entanto Slavi Slavov deixou entender para a imprensa, que o FMI não conhece o acordo de 12 milhões de euros que o governo assinou com a empresa TESLA, alegadamente de capital Turco. Empresa que passou a gerir a central térmica de São Tomé, sem a realização de concurso público.
O Fundo Monetário Internacional quer conhecer a cor e a textura do dinheiro, 12 milhões de euros da TESLA-STP.
Na terça-feira a missão técnica do FMI foi recebida pelo primeiro-ministro Patrice Trovoada. Acompanhado pelo Ministro das Finanças Ginésio da Mata e pelo Governador do Banco Central Américo Ramos, o chefe do governo dialogou com a missão do FMI, durante cerca de 4 horas. A missão do FMI saiu da reunião em silêncio. Não prestou qualquer declaração à imprensa.
Segundo a assessoria de imprensa do primeiro-ministro esta sexta-feira, Patrice Trovoada deverá falar a Nação sobre o relacionamento com o FMI, a luz do impasse que persiste com vista a assinatura do acordo de facilidade de crédito alargado.
O XVIII governo constitucional de São Tomé e Príncipe, é o primeiro executivo desde 1988, que desafia o FMI, e que governa quase dois anos com recurso a fundos próprios. «O FMI é o FMI. Nós somos nós».
Abel Veiga
Original
5 de Junho de 2024 at 16:55
Parece-me que este Sr.quis dizer eu sou eu porque nós está a ficar cada vez mais longe.
Nini
6 de Junho de 2024 at 21:34
Abra Ka Dabra, Patrice
Desde do ano 2011 que tenho tido pronunciando sobre esta matéria. Quando acordo, muitos continuam ainda a dormir…
Abrir os olhos, povo!
A pessoa identificada por Felicidade faz um bom ponto de análise “ transparência na gestão da coisa pública.”
Os Africanos têm que começar a ter tesão de homem masculino de novo e deixar de patetices com estrangeiros porque os vêm de fora não têm o interesse do nosso povo na mente.
Dívidas e corrupção: perdemos e eles ganham.
Mesmo os corruptos africanos estão em desvantagens
Brancos (Europeus) tratam eles (corruptos africanos, classe política, elite africana, etc.) como cão de rua.
Triste mas é realidade.
Temos de mudar o status quo e desenvolver o nosso país e nosso povo.
FMI, Banco Mundial, China, Rússia, União Europeia tudo mesma m&erda.
Africanos terão de repensar nova estratégias e unirem-se!
santomé cu plinxipe
6 de Junho de 2024 at 6:54
Uma coisa é certa, nessas coisas o PT é um herói, esses ditos FMI, não passam de Máfia…concordo plenamente com o Primeiro Ministro..
Manuel do Rosário
6 de Junho de 2024 at 13:00
Concordo plenamente consigo. É preciso despertar. Vamos ter dificuldades, sim, sabemos. Mas já estamos fartos de ser enganados.
GANDU@STP
6 de Junho de 2024 at 8:15
Bom dia STP!
Trata-se de guerrilha económica e financeira!!!
Se ate entao sobrevivemos, que mais podem os imperialistas fazer???
Este, tem sido o meio pelo qual o Inimigo tem exercido poder sobre nos. A chantagem financeira, “sem a nossa ajuda Africa nao consegue sobreviver”. O problema surge quando alguem questiona essa narrativa.
Renato Cardoso
6 de Junho de 2024 at 13:00
Face a total incapacidade de gerir as duas Ilhotas que teimam chamar de república não sei das quantas democrática;julga-se melhor solicitar ajuda da ONU e suspender todos os vadios dos cargos públicos e ter o Alto Comissário da referida organização para gerir nos próximos tempos às Ilhotas!
Jorge Semedo
7 de Junho de 2024 at 7:45
Bandidos e ladrões! Todos contra o povo pequeno. Mesmo vendo todo país ás escuras, mesmo vendo toda uma nação á luz de velas, mesmo vendo a economia do país estrangulada por falta de gasóleo para gerar energia para todo país, esses larápios, movidos apenas pelo capital, não foram sensíveis, nem condescendentes para com o sofrimento do povo e principalmente para com as crianças que dizem defender os seus direitos. Pelo contrário, os seus “Patrões” (Estados Unidos, França, Alemanha, Inglaterra e tantos outros periféricos) torram bilhões nas fogueiras da Ucrania e de Gaza, sem se preocuparem com regras, boa gestão, transparência e outras exigências esfarrapadas. Basta Zelensky pedir, é só largar. Basta Nataniau pedir, é só largar. Em contrapartida, para cederem/emprestarem uns míseros e vergonhosos 5, 10 ou 15 milhões/ano, com prazos de pagamentos e ainda por cima com juros, impõem uma bateria de condições e medidas impopulares que desembocam em rotatividade de governos de forma camufladamente democratica ou os governos serão forçados aes serem ditadores, se quiserem manter no poder contra a vontade do povo. Estes são autênticos mercenarios políticos. Derrubam governos com medidas de austeridade.
Um país que precisa de 30 a 40 Megawatts de energias limpas, esses mercenários ajudam com instalações de apenas 1.5 MegaWatts por ano. Nesta caminhada, só daqui a 20 ou 30 anos é que atingiremos as nossas necessidades atuais. E quando lá chegarmos, as reais necessidades serão o dobro ou o triplo. Estaremos num ciclo vicioso, crónico e infindável de deficiência energética, como tem sido até agora. Portanto, “San Tomé cu Plixpi ê, bili uê ô” Perigosos.
Felicidade
6 de Junho de 2024 at 13:48
A questão que se coloca não é o dinheiro do fmi, mas sim a transparência na gestão da coisa pública.
E quando confrontados com medidas para implementação da transparência e boa gestão, eis o que acontece.
Neste cenário todo, o que será do Américo ramos? Dinheiro terá que entrar de qualquer forma.
Ele vai assinar novamente e ser preso outra vez?
benjamim
6 de Junho de 2024 at 14:47
É melhor esquecer FMI, vamos avançar com banco dos BRICS.
Anónimo
6 de Junho de 2024 at 17:14
Concordo com a posição do primeiro ministro. Não conheço um País em que FMI entrou e que o mesmo desenvolveu.
Chegou a hora dos líderes AFRICANOS “abrir os olhos.
Mais Além
6 de Junho de 2024 at 21:57
Governador do Banco Central a giboiar , ministro a meditar e PT com pernas cruzadas a rir só. …estão a negociar com o FMI …. Kendessu padê klussu….assim o país está bom?
Madiba
7 de Junho de 2024 at 9:42
Uma coisa é certa. Eu defendo o meu país! E não me interessa o partido que esteja no poder. Até o cego vê, o esforço feito. Que culpa temos nós? O cacau, a copra, o coconote, o café, a pesca, o turismo? Tudo quanto foi aqui citado, resolveria o problema da economia de S. Tomé e Príncipe? Se resolveria porquê que o país não avançou, para o desenvolvimento? E até onde sei, o FMI e o Banco Mundial sempre estiveram connosco. E continuamos tão pobres! Já vamos dois anos sem acordo com o FMI. Continuamos a resistir. Estamos sem petróleo de Angola. Estamos a resistir. Estamos sem euros e dólares para importar. Estamos a resistir. Na verdade, quando tínhamos tudo isto também, não fomos capazes de nos desenvolver. Então, talvez, vale a pena lutar com os nossos próprios esforços. Quem sabe podemos aprender mais qualquer coisa! Deus acuda S. Tomé e Príncipe!