Economia

Agricultores de Nova Moca aprendem a pescar para conquistar o desenvolvimento sustentável

A comunidade agrícola de Nova Moca, localizada perto da defunta Pousada da Boa Vista, nas montanhas de Monte Café, foi selecionada pelos técnicos agro-pecuários da China para a implementação do projecto piloto de redução da pobreza no meio rural.

Horticultura é uma das actividades agrícolas dos habitantes de Nova Moca. O clima fresco de montanha ajuda na produção de hortaliças, numa região que confina com o parque natural, Obô de São Tomé.

Tradicionalmente os agricultores utilizam muita lenha para cozinhar. Uma fonte de energia que tem impacto negativo sobre o ecossistema da região. O projecto piloto da cooperação chinesa para redução da pobreza tem o objectivo de promover a economia verde, e o desenvolvimento sustentável.

Fogão ecológico, é a solução inovadora que o projecto introduziu em Nova Moca. Doravante o uso da lenha para cozinhar reduz em mais de 80%.

«O fogão é uma grande ajuda para a nossa comunidade. Cozinhamos búzio, coxas de galinha, e fruta pão. Apenas não fizemos Lussua, porque não deu», afirmou Maria de Fátima, uma das habitantes da roça.

Lussua, é uma planta abundante na região de Monte Café, e cujas folhas são utilizadas para confeccionar um prato típico da região.

A paisagem verde é exuberante em Nova Moca e arredores, e bem próximo está a maior queda de água do país, a Cascata de São Nicolau. Por isso, o centro de desenvolvimento integrado inaugurado pela embaixadora da China Xu Yingzhen e pelo Ministro da Agricultura Abel Bom Jesus designa-se Centro Ecoturístico de Nova Moca.

«A China persiste no princípio de ensinar a pescar, ao invés de dar o peixe», afirmou a embaixadora Xu Yingzhen.

Os técnicos agropecuários da China instalaram os fogões ecológicos, e formaram os moradores sobre a utilização dos mesmos. Para aumentar a produção hortícola e não só, a cooperação chinesa vai treinar os agricultores sobre as novas técnicas de cultivo. Vão ser instaladas duas estufas para produção agrícola, a par do fornecimento de insumos agrícolas.

O desenvolvimento sustentado da agricultura, não acontece sem a pecuária. A experiência chinesa de combate a pobreza no meio rural construiu galinheiros para a comunidade de Nova Moca. Nos próximos tempos os ovos galados vão permitir a produção de pintos. Aos poucos o número de galinhas poedeiras deverá aumentar, e consequentemente a produção de ovos.

30% das receitas do aviário vão sustentar as despesas com a educação das crianças. Os outros 70% entram no caixa da cooperativa dos agricultores.

O projecto piloto da China para redução da pobreza no meio rural, começou a ser implementado no ano 2022 na comunidade agrícola de Caldeiras no distrito de Lobata. Provou que a pobreza é vencida com paciência, ou seja, grão a grão enche a galinha o papo».

«Foi bem-sucedido. 25 famílias de Caldeiras aumentaram significativamente o seu rendimento», garantiu a embaixadora da China.

Nova Moca foi desafiada a seguir os passos de Caldeiras. Tanto numa como noutra comunidade é notória a presença de mulheres chefes de família. A embaixadora Xu Yingzhen deu o exemplo de Antónia, uma mãe de 3 filhos que reside em Caldeiras.

«A família de Antónia, enfrentava uma enorme pressão financeira. Mas após ter sido selecionada como criadora de galinhas poedeiras, a condição financeira da família melhorou significativamente. Além de cobrir as despesas diárias da família, Antónia consegue rendimentos para comprar os electrodomésticos para a casa», relatou a embaixadora da China.

Xu Yingzhen, recordou que a garantia da segurança alimentar faz parte das 10 acções pragmáticas da cooperação anunciadas pelo Presidente Xi Jinping no recente Fórum de Cooperação China – África que decorreu em Pequim.

O Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, alertou os agricultores para o facto de terem sido com acções iguais às que estão a ser implementadas no país, é que a China erradicou a pobreza no meio rural.

Para Abel Bom Jesus o projecto de cooperação chinesa para redução da pobreza «É um símbolo da nossa luta contra a pobreza no sector agrícola. Estamos a implementar acções que têm impacto directo e transformador na vida das nossas comunidades rurais», pontuou Abel Bom Jesus.

 Um projecto de combate à pobreza, e de promoção de desenvolvimento sustentado que segundo o ministro da agricultura deve ser disseminado paulatinamente pelo mundo rural de São Tomé e Príncipe.

Abel Veiga 

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