Economia

África conquista oportunidades de negócios e de investimentos na “China International Import-Export”

Termina este domingo a sétima edição da “China International Import-Export”. É a maior exposição internacional de produtos e de serviços que se realiza numa das principais praças financeiras e comerciais do mundo, a cidade de Shanghai, na China.

País exportador de produtos manufaturados, a China abriu-se também a importação da produção mundial. África foi convidada para se envolver na iniciativa de desenvolvimento global, e assim ter uma palavra a dizer na economia mundial. 33 países africanos incluindo São Tomé e Príncipe beneficiam de isenção de taxas na entrada dos produtos agrícolas e não só, no maior mercado comercial do mundo, a China.  

Aberta no dia 5 de novembro, a “China International Import-Export” acolheu mais de 150 países. No palco da exposição de produtos e de serviços destacaram-se as cores e os sabores dos produtos agrícolas africanos. O Ruanda, a Etiópia ou o Burundi com o café e outros produtos. Na outra fila, o Mali com café, artesanato e produtos de cosmética.

«Tenho aqui o que chamamos de sabão negro. É um sabão natural feito a base de manteiga de qualidade, é bom para os cabelos e para a pele. Os chineses gostam muito, é um produto que vende bem na China. Os chineses gostam de coisas 100% naturais, e dizem que o que vem de África só pode ser natural», afirmou o empreendedor maliano Amadou Thera.

FOTO : Amadou Thera

Participante assíduo na grande feira de importação e exportação, Amadou Thera, confessou que já conquistou muitos clientes e algumas parcerias de investimento.

«Arranjei muitos clientes através da exposição. Eles me contactam e forneço os produtos. Em todos os anos África é destaque na “China International Import-Export”», frisou.

Por sua vez, Mareme Annick Diop, cidadã do Senegal disse que como mulher de negócios e empreendedora já esteve presente em vários fóruns comerciais, tanto na Europa como no Médio Oriente. Há 3 anos que participa na “China International Import-Export” de Shanghai e percebeu que há grande diferença.

«Os empreendedores africanos devem perceber que a China é a porta. É um país que procura muito os produtos naturais oriundos de África. O mercado chinês está aberto, e os produtos africanos são muito procurados. Aqui constatei que há muito mais oportunidades de se ter valor acrescentado sobre os produtos», referiu a empreendedora do Senegal.

FOTO : Mareme Annick Diop

A isenção de taxas aduaneiras rentabiliza ainda mais o negócio. «Não temos taxas portuárias, e é uma grande vantagem. É importante para promover a agricultura africana e senegalesa. A nossa presença acaba por ser um chamariz para os investidores chineses e não só», reforçou Mareme Annick Diop.

Na cidade com 30 milhões de habitantes, os centros de recreação sobretudo dos jovens confirmam que o mercado chinês é actualmente grande consumidor de produtos agrícolas de África. Café, cacau e os seus derivados se destacam num Starbucks localizado no centro de Shanghai. Em média os jovens e não só que frequentam o espaço de lazer, consomem duas chávenas de café por dia. A procura do café, do cacau, do chocolate é enorme.

Países da América Latina, como o Brasil, a Argentina, a Costa Rica, Nicarágua, Cuba e outros estão na linha da frente do Fórum de Negócios de Shanghai.

A Europa também em força, França, Eslováquia, são entre muitos países europeus que exploram oportunidades de negócios na “China International Import-Export. Os países asiáticos não desperdiçam a grande oportunidade que têm à porta de casa.

Angola não ficou de fora, montou pavilhão numa das principais praças financeiras do mundo para atrair negócios e investimentos.

O Gana vendeu o seu ananás, por sinal, um produto muito procurado no mercado chinês.

São Tomé e Príncipe, que tem o melhor cacau biológico do mundo, galardoado com o melhor chocolate do mundo, premiado pelo melhor óleo de coco do mundo, detentor de um café com aroma único, arquipélago coberto de um verde doido e de várias tonalidades, cheio de endemismo, um paraíso para o turismo, não mostrou o seu potencial na praça internacional de negócios. O arquipélago fez parte de um pequeníssimo grupo de países africanos, que preferiram ficar ausentes do grande Fórum de Comércio e de Investimentos.

O primeiro-ministro da China Li Qian que abriu o evento anunciou que nas últimas 6 edições da “China International Import-Export”, foram assinados contratos de investimentos na ordem de 420 bilhões de dólares norte americanos. «A reação contra a globalização está se intensificando, o unilateralismo e o protecionismo estão em franca ascensão, e a paz e o desenvolvimento mundiais enfrentam fatores crescentes de volatilidade e incerteza. Neste contexto, é ainda mais importante manter, expandir e modernizar a abertura, pois esta é a única maneira verdadeiramente eficaz de promover uma paz duradoura, estabilidade, desenvolvimento e prosperidade», afirmou Li Qian.

Note-se que nos últimos anos as trocas comerciais entre a China e o Continente africano atingiram mais de 280 bilhões de dólares.

Abel Veiga 

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