Política

Presidente da República revela algumas informações recolhidas pelos serviços secretos nacionais e estrangeiros que apontavam para a preparação do golpe de estado

No quebrar do silêncio de 15 dias, opalacio-presidencial.jpg Presidente da República, abriu uma ponta do véu sobre as informações recolhidas pelos serviços de informação e que levaram o estado a avançar com a operação de detenção dos membros do partido FDC. Informações que segundo Fradique de Menezes começaram a ser recolhidas com maior incidência a partir de Dezembro do ano 2008. Organização de uma manifestação ilegal para exigir a demissão do Chefe de Estado, deveria terminar com o assalto ao poder. Fradique de Menezes cronometrou o tempo dos acontecimentos. Primeiro foi a intervenção da Polícia de Investigação Criminal, que procurou esclarecimentos junto ao líder do sindicato da função pública a respeito da preparação em parceria com a FCD de uma manifestação para derrubar o poder instituído.

Para além do líder do sindicato, Aurélio Silva, que recentemente pediu desculpas ao Chefe de Estado, o Presidente da FDC Arlécio Costa também foi ouvido pela PIC. Só que mais tarde os serviços de informação recolheram outras informações.

O relatório foi entregue ao Presidente da República pela Ministra da Defesa Nacional Elsa Pinto. Antes o Primeiro-ministro tinha falado ao Chefe de Estado sobre o conteúdo do relatório. Fradique de Menezes cita um parágrafo do relatório que diz o seguinte: «Junto ao advogado de defesa Pascoal Daio, o grupo FDC e outros, exigem a respectiva indemnização aos seus colaboradores pelo tempo em que estiveram retidos na PIC para efeito de esclarecimentos. O grupo não se abstém da sua ideia em fazer uma manifestação a nível nacional, mesmo que não tenha sido autorizada pelas autoridades competentes. O grupo diz estar preparado para enfrentar as autoridades em pé de igualdade independente dos meios que o estado utilizar», afirmou o Chefe de Estado, citando o relatório do serviço nacional de informação.

Segundo Fradique de Menezes, isso foi na quarta-feira dia 11 de Fevereiro. A este relatório juntou-se outro documento produzido pelo serviço de segurança do próprio Chefe de Estado. Segundo Fradique de Menezes, o documento em causa foi-lhe entregue pelo ministro da administração interna Raul Cravid. O segundo relatório apresenta mais detalhes. «Soube-se por uma fonte do distrito de Mé-Zochi, em Capela e Batepá, onde a mobilização está sendo feita nas zonas, para uma manifestação no dia 12, com início as 10 horas no campo de futebol do Riboque-capital. Passam da praça de táxi e feira nova com paragem no palácio dos congressos para contactarem os deputados. Após contactos com os deputados partem ao palácio do povo e do governo pedindo para o senhor Presidente entregar o poder. Durante a manifestação se a polícia impedir e actuar há pessoas preparadas também para actuar, se for necessário com armas de fogo para estragar tudo de uma vez», diz o relatório.

Diante de tais dados e informações, Fradique de Menezes, adianta que convocou uma reunião com os órgãos de soberania, o procurador-geral da república e as chefias militares, para analisar a situação de onde saiu a decisão de se agir no sentido de deter as pessoas envolvidas e então investigar o caso até chegar ao seu âmago. «A maioria das pessoas que falou era melhor manter-se calado. É normal que estando o estado ameaçado tem de reagir. E se não o fizesse, seria crítica ao contrário. Que se deu toda a informação e não se fez nada. Foi o que aconteceu em 16 de Julho de 2003. Porque tinha-se as informações dos encontros que estavam a ter lugar na Ribeira Afonso, aqui e acolá. Saí daqui para Abuja para uma reunião e acontece o golpe de madrugada. As pessoas reagem sensibilizadas com os rapazes que foram presos como sendo coitadinhos. E se tivesse havido algum problema e houvesse derramamento de sangue, o que é que diziam», afirmou Fradique de Menezes.

A reacção do estado acabou por ser mais urgente, porque segundo Fradique de Menezes, dias antes no seu encontro semanal com o Primeiro-ministro Rafael Branco, foi informado pelo chefe do governo sobre uma comunicação internacional alertando as autoridades nacionais sobre movimentações suspeitas de homens armados que se dirigiam dos Camarões para o arquipélago.

Fradique de Menezes leu a mensagem que foi enviada ao país, pelo embaixador são-tomense no Gabão. «Na última semana de Janeiro fui contactado pelo conselheiro da embaixada dos estados unidos acreditado em São Tomé e Príncipe para me informar que os competentes serviços da embaixada americana nos Camarões haviam detectado um navio supostamente pesqueiro transportando homens disfarçados de pescadores, mas na realidade armados, e cujo destino era São Tomé e Príncipe», pontuou.

Fradique de Menezes suspeita que por alguma razão o barco que saiu dos Camarões em direcção ao arquipélago são-tomense, fracassou na sua operação, e terá seguido depois para a Guiné Equatorial, onde aconteceram tiroteios alguns dias depois das forças de segurança nacionais terem detido os elementos da FDC que alegadamente preparavam o assalto ao poder exactamente naquela semana.

Fradique de Menezes, explicou que a distância entre a cidade camaronesa de douala e a capital equato-guinieense Malabo, é de cerca de 10 quilómetros. Então não compreende porque razão o tal navio tinha que descer o golfo em direcção a São Tomé e Príncipe, para depois subir para a Guiné Equatorial.

Questões que a justiça deve investigar, até a exaustão independentemente do tempo que durar, exigiu o Presidente da República.

Abel Veiga

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