Opinião

Saiba quem é CARLOS NEVES

Nascido há sessenta e sete anos, num dos momentos mais conturbados da história recente de São Tomé e Príncipe – mais precisamente no fatídico ano de 1953 -, que marcou profundamente o evoluir político das ilhas portuguesas do Golfo da Guiné, na localidade do Riboque, conhecida nos finais da época colonial, à imagem de muitas outras localidades do nosso torrão pátrio, como uma das “zonas mais contestatárias das nossas ilhas”, que se caracterizava pelo “espírito de rebeldia anticolonial” dos seus moradores que se insurgiam de forma contestatária contra os inúmeros actos de injustiça e violência do poder então vigente.

Foi aí que passei a minha infância e juventude até que, em 1972, fui para Portugal a fim de dar continuidade aos meus estudos, no curso de História, na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. Foi durante a minha infância e juventude, vivendo as agruras de um colonialismo já nos seus derradeiros e mais agressivos momentos dos finais do Império, que se formou e consolidou a minha personalidade, tendo sido durante esse período que se forjou e se cimentou em mim o sentimento de justiça e de solidariedade humanas. As atrocidades diárias praticadas pelo regime colonial, que nos oprimia em todos os momentos e locais, incutiam em mim e nos meus companheiros o desejo de liberdade, que só chegaria com a independência das antigas colónias portuguesas.

No caso de São Tomé e Príncipe foi preciso mobilizar-se a população em torno do MLSTP, como sendo o movimento que poderia garantir a realização dos nossos sonhos. Foi sem hesitar que, em Maio de 1974, eu e um grupo de jovens estudantes regressámos a São Tomé e Príncipe para, no quadro das acções desenvolvidas pela Associação Cívica Pró-MLSTP, darmos início de forma estruturada, contínua e determinada à mobilização da população com vista a forçar o poder colonial português a negociar o processo da Independência da nossa Pátria. Esse objectivo foi finalmente alcançado a 12 de Julho de 1975.

Passados os momentos iniciais de euforia, começaram as purgas do regime do partido único, com vários episódios de perseguições e prisões arbitrárias, cuja história nunca foi devidamente relatada, e que durante 15 anos fizeram esvair os nossos sonhos e ilusões.

Foi durante esse período que, intercalando o trabalho com os estudos, concluí a licenciatura (1980), tendo dado início, pouco tempo depois, a uma especialização em “Ciências Documentais na Universidade Clássica de Lisboa”, ao mestrado em “História dos Descobrimentos e da Expansão Portugueses na Universidade Nova de Lisboa”, e a uma formação em Diplomacia pela Universidade Técnica de Lisboa. Foi uma fase em quepude consolidar os meus conhecimentos académicos e a minha experiência profissional, e tive a oportunidade, enquanto responsável por alguns serviços públicos, de conhecer melhor os seus constrangimentos e problemas e de pôr em prática os conhecimentos adquiridos eque me permitiram uma melhor gestão dos recursos humanosentão disponíveis.

Em 1990/91, quando teve início o processo da”mudança”, que instituiu o regime pluripartidário, e resultou na aprovação de uma constituição democrática e na realização das primeiras eleições livres em 1991, interrompi o programa de doutoramento que estava a frequentar para regressar ao País e participar num dos processos da maior importância para a vida da nossa Nação – tendo sido, assim, eleito, em Janeiro de 1991, deputado da 1ª Assembleia Nacional livre e democrática. Logo a seguir participei activamente na eleição do 1º Presidente da República democraticamente eleito no nosso País.

Decidiinterromper a minha actividade como parlamentar e regressar a Lisboa a fim de prosseguir os meus estudos, tendo sido então convidado para representar o nosso País como Embaixador em Portugal e no Reino de Espanha, funções que exerci até 1994. Entretanto, com alguns companheiros, fomos lançando as bases da criação de um partido político, que se apresentou nas primeiras eleições autárquicas, em1992, como uma Associação com a designação de Acção Democrática Independente, que nos conferiu a gestão da Câmara de Cantagalo.

Passados dois anos,alterámos a Associação que passou a constituir-separtido político e foi, assim, criado oficialmente o partido Acção Democrática Independente (ADI), tendosido eleito secretário-geral – na altura, a estrutura orgânica não contemplava a figura de Presidente – e participado, em 1994, na 2ª eleição legislativa, na qual elegemos 14 deputados. Em 1996, reforçado o ADI,e com a sua grande aceitação popular,potenciamos a reeleição de Miguel Trovoada como Presidente da República.

Liderei a Acção Democrática Independente até 2002, tendo este partido entretanto conquistado em 1998 o lugar de partido líder da oposição, com a obtenção de 16 mandatos na terceira eleição legislativa, para depois voltar a ser a força motriz na eleição de Fradique de Menezes – cuja figura colheu desde logo a aceitação popular assumindo o cargo de Presidente da República -, no ano de 2001.

Ao longo desses anos de vivência política adquiri muitos conhecimentos no âmbito da vida parlamentar, quer como Presidente da Comissão dos Assuntos Económicos, dos Assuntos Petrolíferos e ainda como Vice-Presidente da Assembleia Nacional, sem abandonar por completo os meus trabalhos de investigação no âmbito da História, com especial foco nas nossas ilhas.

Depois de abandonar as fileiras do ADI, por divergências políticas surgidas no seio da nossa organização, participei, pouco tempo depois, activamente na criação da União para a Democracia e Desenvolvimento (UDD). Em 2012, depois de ter exercido funções durante alguns anos na Agência Nacional do Petróleo, retomei a minha actividade como diplomata, tendo sido nomeado Embaixador-Representante Permanente junto às Nações Unidas e Embaixador nos Estados Unidos da América, cujas funções cessei em 2017.

Regressado a São Tome e Príncipe e já livre das minhas obrigações como diplomata, retomei a minha actividade política e colaborei activamente na criação em 2018, do Partido União MDFM-UDD, que concorreu em coligação com o PCD nas eleições legislativas de 2018, permitindo-nos obter 5 mandatos, numa clara confirmação de que a união faz a força. Sou actualmente Membro do Conselho de Estado. 

 

CONHEÇA AS SUAS IDEIASPARA O PAÍS

(Em resumo) 

No nosso sistema constitucional, opapel essencialdo Presidente da República para além de ser o garante da Constituição e do regular funcionamento das instituições é, acima de tudo, o exercício de uma magistratura de influência, o que se torna mais imperativo num momento em que o Mundo vive uma gravíssima crise provocada pela pandemia do coronavírus, cujas consequências são ainda imprevisíveis na economia de todos os Países, quando a estabilidade política, a paz social e a unidade nacional são elementos determinantes para se enfrentaresta situação. Assim, se vier a ser eleito Presidente da República,tenho como propósito ser um gerador de consensos, para “Fazer de São Tomé e Príncipe um País de todos os santomenses e para todos, com mais justiça e igualdade de oportunidades, sem discriminações de qualquer tipo, e sem ressentimentos”, mobilizando-me no sentido de:

  1. Unir os santomenses onde quer que se encontrem e combater a cultura do ódio que se instalou na nossa sociedade e que tem vindo a desestruturar o País, com a consequente ostracização de cidadãos e não facilitando o aproveitamento das sinergias,
  2. Pugnar por um funcionamento transparente e eficaz do aparelho do Estado em geral, e pelo funcionamento correcto do sistema judicial em particular, preservando sempre o respeito pela Constituição, e mantendo um relacionamento franco, aberto e de respeito para com os outros Órgãos de Soberania e exigindo uma atenção cuidada para com a Região Autónoma do Príncipe;
  3. Combater com vigor a corrupção instalada no aparelho do Estado, que se evidencia a vários níveis e que dificulta a atracção do investimento, tanto nacional como estrangeiro, forçando a moralização do funcionamento da Administração Pública;
  4. Lutar, em articulação com o Governo pelo desenvolvimento acelerado e equilibrado da juventude, enquanto garante da continuidade do Estado e da sociedade, a fim de se assegurar uma igualdade de oportunidades;
  5. Assegurar uma justiça social plena em todo o espaço nacional por forma a evitar conflitos, promovendo o entendimento entre os diferentes Órgãos do Estado;
  6. Ajudar a rentabilizar de forma eficaz o aparelho produtivo, aproveitando todos os recursos do País, naturais e humanos, e promover São Tomé e Príncipe além-fronteiras, com vista a atrair o investimento externo:
  7. Reprogramar a política externa do País para uma melhor inserção do País no contexto internacional, e para que se possa colher melhores frutos da cooperação;
  8. Ajudar o Governo a apostar numa educação de qualidade para os santomenses, desde a primeira infância e em todas as vertentes: moral, cívica, académica, profissional e política;
  9. Usar a magistratura de influência para valorizar o património histórico e cultural santomense, preservando a memória colectiva que nos identifica, fazendo disso um instrumento de consolidação da Nação;e
  10. Zelar por uma maior atenção e proximidade com a nossa diáspora, protegendo-a e levando-a a sentir-se útil e um instrumento importante e indispensável do nosso desenvolvimento em todos os domínios.

Carlos Agostinho das Neves

10 Comments

10 Comments

  1. Macalacata

    13 de Março de 2021 at 10:40

    No tempo das eleiçoes todos contam lindas historia para colheita de votos. Estes nomes ja sao peixe podre. Ninguèm aparece de livre vontade para dizer vou construir estrada nesta ou naquela localidade. Vamos construir hospitais centro de saude garantir energia e agua 24h por dia, introduzir o sistema de gas e trazer fogao a gas a baixo custo para proteger o meio ambience casa social e assegurar ligaçao semanal a ilha do principe a um preço simbolico criar um mercado abastecedor no principe para nao faltar nada no distrito de Paguè.
    O vosso conhencimento nao vos permite pensar nestas coisas???
    So poder poder e poder???
    Qual o Plano que o sr tem para comprar vacinas se neste momento a palavra de ordem è pandemia.Paìs vai ter esmola total de 98mil doses de vacina.Em sao Tomè a populaçao è so de 98 mil habitantes?
    De historias bonitas eu tambem tenho.
    Aos 21 anos fui para Angola trabalhar como servants de pedreiro em 1995 2 anos mais tarde regressei a Sao Tome e um mes depois fui a Portugal onde continuei como ajudante de pedreiro e mais tarde promove a pedreiro.depois de 11 anos em Portugal vim para Noruega.Comecei a lavar loiça em 2008 no restaurante e mais tarde conseguì uma vaga no armazem onde ganho meu pao para sustentar meus filhos e tenho orgulho.
    Fui

  2. Toto

    13 de Março de 2021 at 16:27

    Esses políticos são todos iguais. Tanto Bla bla bla, mas quando estão no poder não fazem nada. Um país tão pequeno que ninguém consegue governar….
    Para mim são muitos candidatos para eleições presidenciais.
    No meu entender querem mais é o salário vitalício de presidente da República. E para aqueles que sabem que não vão ganhar querem amealhar uns trocados com os financiamentos as suas campanhas.
    O que serviu a independência se estamos mais pobres, incompetentes, atrasados falidos,mesquinhos?
    Vergonha de políticos.

  3. Sem assunto

    13 de Março de 2021 at 18:22

    Cá está São Tomé e Príncipe um indivíduo com conhecimento, reputação, e equilíbrio, para nos representar diferente de muitos quer ainda vão surgir por aí. Pena não ter dinheiro para satisfazer e saciar os vícios e a ganância generalizada na sociedade.
    E agora? Vão aproveitar a oportunidade de elegerem alguém com elevação e verticalidade para ser o mais alto magistradado da nação, ou vão eleger um bussines man aí qualquer,tipo Delfin Neves, só porque tem dinheiro para repartir?

  4. Seabra

    13 de Março de 2021 at 18:26

    Que lindo SPEACH…não suscita admiração, tão pouco confiança e muito menos RESPEITO…tão pouco chôro, mas sim GAR-GA-LHA-DA. É tudo e nada mais.
    Há gente que é DESCARADA e que nada faz parar…enquanto ela existir os outros não contam. Até quando é que esta geração vai continuar no PODER? E as outras gerações dos 30 à 50, quando é que vão puder dirigir e mostrar as suas capacidades e talentos a governar o país?
    Esta antiga geração não se contenta de ter tido a sua época de glória…têm que estar sempre em 1o plano,ou como ministro, diretor etc ou como embaixador e outras representações de STP no estrangeiro.
    Por ESMOLA passem o casaco aos mais jovens…vocês já estão caducados.

  5. Pido

    14 de Março de 2021 at 2:26

    “Saiba quem é o Juve”
    Para mim o juve é o candidato ideal para estas eleições. Todos os outros candidatos não chegam ao seu nível.

  6. Matabala

    14 de Março de 2021 at 9:49

    Nada novo tudo velho…sabemos bem quem são : este e os outros que sempre viveram na mama do estado. Nunca trabalhou em sector privado! Nunca fizeram mais nada da vida que usufruir de salarios e beneficios do estado: embaixador, deputado, vice presidente assembleia, agencia do petroleo, etc.Nunca ganhou uma dobra sem ser na conta do Estado e tem casas, rocas, viaturas, boquitas, etc. a custa do povo.Sempre na procura do tacho, muda aqui para ali de partido x para z como se fosse calcinha de mulher.
    Cansado disto…

  7. Lima

    14 de Março de 2021 at 17:14

    Oh senhor Carlos Neves muito bonito o seu curriculum.Pois tem uma certa experiencia,mas o seu programa nao diz nada.Porque nao esta a explicar ponto por ponto com que meios,com quem, nem como vai meter tudo isso na pratica.
    Eu penso que dizer somente que vai fazer isso e aquilo sem nos explicar e garantir como,nao tem interesse.
    Esses 10 pontos teem que ser explicados.
    Hoje o senhor apresenta-nos as suas ideias.Muito bem,mais disso ja ouvimos muitas vezes e nada foi feito ou quase nada.A corupcao,a falta de agua e luz enquanto certos teem agua ate para alimentar piscinas ja sabemos.Roubos nas adiministacoes ja conhecemos,via publica abandalhada,jovens violadas com garafa ja conhecemos,roubo nas rocas e nas casas ja sabemos e estamos a viver-los diariamente.Energia que faz falhas dando cabo de todos os aparelhos electricos é diario.Criancas nas ruas ,as altas horas ,criancas a venderem no aeroporto qualquer que seja a hora da chegada o partida dos voos é conhecido.Trabalhadores que deixam os seus postos de trabalho para fazerem as sua vidas ja sabemos.O nosso petroleo,o nosso cacau,os nossos peixes mal negociados tambem conhecemos.Viver de :deram-nos,deram-nos milhoes de dolares sem que se saiba do que foi feito tambem ja estamos habituados.Hospital e centros medicos sem medicamentos estamos morrendo.Lixos por todos os cantos da cidade que se diz capital ja nem se fala ou por outra levam queimar perto das residencias.A cidade capital toda ate dentro das adiministracoes como,a frente delas se transformou em lugares de venda de tudo e de nada,tambem sabemos.Estamos no 😮 cao ladra e a caravana passa porque nao ha policias encarregadas disso,nao ha ordem ,nenhuma. Democracia ou anarquia?Entao o que dizer-lhe?Nao estou contra a sua candidatura mais talvez nao sei como se deve apresentar uma cadidatura para a eleicao presidencial,mas nao quero deixar-me levar so por esta lista sua sem detailhes ,sobre como e com quem e nem com que meios metera na pratica o seu programa.
    Nos precisamos hoje e talvez seje o sonho meu,o candidato que promete que dois anos depois se nao cumpriu o que prometeu ele vai fora.Nao ha disculpas de dizer:eu quando fui eleito as coisas estavam muito mal.Os meus antecessores deixaram tudo isso num estado pessimo,porque como candidato ja sabia disso.
    Mais teem,mais querem ter.Lendo o seu curriculum o senhor candidato em principio ja tem tudo pelo menos materialmente.Entao fara tudo para impedir um certo numero de santomenses serem bolemicos?Comer,comer ate vomitarem porque nao sabe onde guardar?Porque como a bolemia é uma doenca,certos santomenses tornaram-se bolemicos,tomam, tomam como tinha dito aquele em que o senhor fez parte do partido :primeiro eu ,segundo eu,terceiro se sobrar.
    Ficaram egoistas ,ladroes nao se deve ter medo de dizer as realidades.
    Saiba que nao estou contra a sua candidatura mais uma vez porque com essa experiencia toda poderia ser um bom presidente.O que é importante nao é um bom candidato mas sim um bom presidente que escolhe um bom primeiro ministro e que esse se rodeie de bons ministros.Disso estamos precisando,disso estamos necessitando .Caso nao,estamos acabados.Que nao venham dizer que é assim em toda parte do mundo.Temos que saber comparar.Se dizem que um pais de duzentas mil pessoas tem petroleo entao nao deveria estar numa miseria dessa.Ficamos um lixo,todo mundo vem com plano so para meter-nos dedo nos olhos dizendo que sao ofertas e que nem se ve.Assina-se e os milhoes nao chegam?Esses milhoes- dividas porque teem taxas elevadas e que nunca pode-se pagar entao tem-se que pedir de novo para pagar a divida antiga e isso esta sem fim.Sem fim, sem fim,meus senhores e senhoras futuras candidatas e candidatos.

  8. ze Maria Cardoso

    15 de Março de 2021 at 9:04

    Todos os pré-candidatos deveriam expor-se nesta tribuna pública para que o eleitorado-leitor possa, desde já, escrutinar, aplaudir e bota-abaixo quem é quem na opção da próxima gravana presidencial.
    Boa iniciativa democrática. Parabéns!

  9. POVOS DAS ILHAS

    15 de Março de 2021 at 10:02

    Li com atenção a Biografia do Dr. Carlos Neves, mas em determinados momentos, fiquei sem perceber o seguinte:

    Numa determinada altura percebi que próprio o Dr. Carlos Neves fala de si mesmo e noutros momentos, uma segunda pessoa retrata a sua Biografia, portanto, dever-se-ia articular muito bem isso de forma a se perceber claramente se é o Dr. Carlos Neves a falar de si mesmo ou uma segunda pessoa.

  10. Mepoçom

    15 de Março de 2021 at 20:36

    Com todo o respeito que tenho pelo candidato, e em especial pelo seu pai, a quem sou muito grato, deveria optar por outro caminho e não continuar a incendiar a sociedade, direcionar ao prespicio. Meu caro, com todo respeito, só devo dizer que o seu perfil só se convence a memória oca.

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