Política

“Projecto Jaca” inaugura a busca de petróleo na ZEE de São Tomé e Príncipe

Shell, empresa de petróleo anglo-holandesa, a Galp de Portugal e a Agência Nacional de Petróleo de São Tomé e Príncipe, são as três entidades envolvidas no “projecto Jaca”.

As três entidades reuniram-se com o Presidente da República Carlos Vila Nova, para detalhar todos os aspectos técnicos e económicos do projecto de prospecção de petróleo no bloco 6 da zona económica exclusiva são-tomense.

A equipa do “projecto Jaca” disse ao Presidente da República que no primeiro trimestre do ano 2022, as duas companhias operadoras nomeadamente a Shell e a Galp vão realizar o primeiro furo sobre o bloco localizado há 100 quilómetros da costa são-tomense, e numa profundidade superior a 2000 metros.

Jaca é um fruto muito consumido em São Tomé e Príncipe. Fruto saboroso, rico em ferro e outras vitaminas. Mas, na parceria criada para execução do projecto baptizado de Jaca, o Estado são-tomense só tem direito a 10% da Jaca, ou seja do bloco de petróleo número 6. A companhia Shell tem 45% de direitos sobre a Jaca, e a Galp detém os outros 45% da Jaca.

O primeiro furo sobre o bloco será histórico, porque inaugura a busca de petróleo na zona económica exclusiva de São Tomé e Príncipe. Olegário Tiny, director executivo da Agência Nacional de Petróleo deu conta de expectativas que envolvem o processo.

«O primeiro furo na ZEE pode criar expectativas, não só para a população e a comunidade, mas também para os parceiros que estão na zona. Uma vez realizado o furo e recolhido todos os elementos deste trabalho, após 30 dias, a nível dos outros blocos adjacentes também ter-se-á melhor conhecimento geológico das nossa águas», declarou o director executivo da Agência Nacional de Petróleo após apresentação do projecto ao Presidente da República.

No entanto Vanessa Gasparinho quadro da companhia GALP alertou de que o momento não deve ser de euforia, mas sim de ponderação. «É muito cedo para dizer o que acontece, seja no caso positivo ou negativo. O resultado de um poço pode ser suficiente para se desbloquear o potencial do bloco ou de toda bacia, mas também poderá não ser», precisou a técnica da GALP.

Mas, durante a apresentação do projecto no Palácio do Povo, a febre do outro negro aumentou pelo menos no seio dos são-tomenses.

«São Tomé e Príncipe ao nível desta região é o único país que não produz petróleo. Só se Deus nos tivesse abandonado completamente é que não conseguiríamos também descobrir petróleo em São Tomé e Príncipe», desabafou o são-tomense Olegário Tiny, director executivo da Agência Nacional de Petróleo.

Na zona económica exclusiva de São Tomé e Príncipe com uma dimensão de 160 mil quilómetros quadrados, os testes sísmicos de duas dimensões realizados entre os anos 2009 e 2010, permitiram identificar um total de 19 blocos de petróleo.

No mapa dos blocos de petróleo da Zona Económica Exclusiva de São Tomé e Príncipe, elaborado no ano 2010, o bloco 6 que dá corpo ao projecto JACA faz parte do grupo de blocos localizados próximos das águas territoriais da Guiné Equatorial e da Nigéria. Zonas marítimas que já têm tradição na exploração do ouro negro.

O trabalho de realização do primeiro furo vai ser executado com base em equipamentos modernos. Segundo a Agência Nacional de Petróleo deverá demorar 2 à 3 meses.

«Vai ser a primeira tentativa de descoberta de petróleo na ZEE de São Tomé e Príncipe. Será a primeira vez que os geocientistas terão os dados fornecidos pelo poço», precisou Vanessa Gasparinho quadro da companhia GALP.

Para além do Presidente da República Carlos Vila Nova a equipa do “projecto Jaca” reuniu-se também com os deputados da nação para detalhadamente apresentar os elementos relacionados com a operação do primeiro furo, a ser realizado no primeiro trimestre do ano 2022.

Note-se que São Tomé e Príncipe viveu a sua primeira euforia de petróleo no ano 2006. Altura em que foi realizado o primeiro furo sobre o bloco 1 da zona de exploração conjunta entre São Tomé e Príncipe e a Nigéria. O bloco 1 localizado na zona de sobreposição marítima entre os dois países era considerado como muito promissor tendo em conta, que confinava com a zona de produção de petróleo da Nigéria.

Adquirido pela companhia americana Chevron Texaco, por mais de 100 milhões de dólares, no primeiro leilão de petróleo da zona conjunta São Tomé e Príncipe -Nigéria no ano 2004, o bloco 1, acabou por ser abandonado pela americana Chevron, e mais tarde também pela francesa Total. Tanto uma como outra companhia justificou, o abandono do bloco da zona conjunta com a Nigéria, pelo facto de após os furos não terem encontrado hidrocarbonetos em quantidade comercializável.

A euforia são-tomense em torno do petróleo, como fonte rápida de recursos financeiros arrefeceu após insucessos consecutivos na zona de exploração conjunta com a Nigéria. A euforia renasce agora, com a possibilidade de realização do primeiro furo na zona económica exclusiva do arquipélago, já no primeiro trimestre do ano 2022.

Abel Veiga

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4 Comments

4 Comments

  1. Ralph

    13 de Dezembro de 2021 at 6:51

    Apenas se pode esperar que vai ser diferente desta vez. Se um bloco equidistante entre STP e a Nigéria pudesse acabar por produzir nada, é melhor vai-se fazendo figas porque a mesma pode acontecer uma segunda vez, mesmo que as probabilidades pareçam altas por causa da proximidade dos blocos a outros poços fruitíferos na região. Se tudo acabar por realizar-se, uma fatia de 10% para o governo deveria representar uma recompensa boa por ter permitido às companhias retirarem um recurso que, apesar de produzir um rendimento valioso para o país, será, por definição, não renovável.

  2. Timoteo dos santos

    13 de Dezembro de 2021 at 9:05

    xêêh. É preciso senhor Villas levar toda esta gente? Ninguém ficou para trabalhar?
    Credo ééé….

  3. Sem+assunto

    13 de Dezembro de 2021 at 15:02

    Melhor não!
    Espero que isto dê em nada, pois o povo vai sofrer 10 vezes mais, e os bandidos lacaios vão estar cada vez mais ricos, exibindo e humilhando o povo, sinceramente faço votos que não tenha nada.
    Vamos trabalhar e reenventar, apostar nos Recursos Humanos, e na juventude, eis o caminho a trilhar.

  4. Pedro Costa 2

    13 de Dezembro de 2021 at 18:02

    Andamos de projectos em projectos e neste capítulo de exploração do petróleo, não se vê nada.
    Só andam a encher os bolsos de dinheiro.
    Desde que o país anda a tratar deste assunto!!!?

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