Política

Direcção cessante da EMAE contesta as declarações do ministro das infraestruturas

Em São Tomé a antiga direcção da empresa de electricidade confirmou que o desvio de gasóleo é uma prática recorrente na EMAE, e garantiu que nos últimos 4 anos foi possível desmantelar a rede de tráfico de combustíveis.

Celestino Andrade, Director Geral cessante da EMAE e os seus colaboradores na gestão da empresa, contestaram assim as declarações do Ministro das infra-estruturas, Adelino Cardoso, que denunciou o desvio recente de um camião cisterna de gasóleo.

Numa conferência a direcção cessante, explicou que a denúncia de desvio do camião-cisterna que transportava gasóleo da cidade de Neves no norte da ilha de São Tomé, até as instalações da EMAE na cidade de São Tomé, foi feita pelo sindicato dos trabalhadores da empresa.

Imediatamente segundo Celestino Andrade, a anterior direcção da EMAE, apresentou uma queixa junto a Polícia Judiciária no dia 6 de dezembro, solicitando a investigação da denúncia feita. «Até agora a Polícia Judiciária não apresentou o resultado da investigação policial», afirmou.

O desvio do gasóleo que alimenta os grupos de geradores da empresa de electricidade é uma prática corrente, e muitas vezes impune, revelou o ex-diretor geral.

«É recorrente e nós sentimo-nos heróis, porque conseguimos travar esta prática em 60%. Apanhamos pessoas que têm casas com piscinas etc, nesta prática. Foram apanhadas em flagrante e mesmo assim tivemos pressões para repor essas pessoas a trabalhar. Não concordamos com essas pressões, e alguns trabalhadores tiveram de ser despedidos», afirmou Celestino Andrade.

A rede de desvio de gasóleo na EMAE, é transversal denunciou. «Com muita pena tenho de dizer que aquilo não escolhia nem religião nem partido. Ao instalarmos as câmaras de vigilância tivemos conflitos com os trabalhadores. Disseram que não se podia instalar as câmaras porque não é permitido por lei», acrescentou.

Membros da Direcção cessante da EMAE

Por isso a direcção cessante da EMAE, manifestou-se chocada com as declarações do Ministro das Infra-estruturas, que segundo Celestino Andrade quis passar a ideia de que o desvio de gasóleo é uma novidade praticada recentemente.

«Ora uma equipa que faz isso, que criou uma equipa de fiscalização, que acompanha os camiões, que conseguiu diminuir o desvio em parceria com a ENCO(empresa que comercializa os combustíveis), e recebe esse presente do Ministro?», interrogou.

A equipa que geriu a EMAE de 2018 até dezembro de 2022, considera que o ministro Adelino Cardoso desconhece a realidade da empresa. «O ministro não conhece a realidade da empresa e recebeu talvez informações deturpadas. Era escusado estar a sujar os gestores», frisou.

 No entanto, na conferência de imprensa dada na quarta-feira, o Ministro das infra-estruturas denunciou também a má gestão financeira da EMAE. Situação que facilita o desvio de fundos.

«Senhor ministro misturou facturação com registo contabilístico e desvio de fundos. Será que o ministro sabia o que estava a dizer? Ou ele confundiu facturação com cobrança. Cobrança é que tem dinheiro. Na cobrança é que pode haver desvio de fundos. Isso não é verdade, a EMAE possui uma das mais bem organizadas contabilidade do país», defendeu Celestino Andrade.

Por outro lado, os membros da antiga administração da EMAE, reagiram com estranheza ao facto do Ministro Adelino Cardoso ter apontado a cervejeira ROSEMA como uma das empresas que deve muito dinheiro à EMAE, cerca de 123 mil euros.

«A minha dúvida e estranheza é porque é que há empresas que devem 3 a 4 vezes mais do que a Rosema e o senhor ministro não aborda. Porquê?».

Explicou que quando assumiu a direcção da EMAE no ano 2018, a dívida da ROSEMA para com a EMAE tinha crescido «de forma astronómica. Fizemos sentar a ROSEMA negociamos e traçamos um plano de pagamento escalonado da dívida, e o valor reduziu bastante».

Segundo o antigo director da EMAE, o Estado é o principal devedor da empresa. «Só uma instituição do Estado deve cerca de 80 facturas, equivalentes a mais de 300 mil euros. Não vou dizer o nome da instituição por uma questão de respeito. E a EMAE não consegue cortar energia a esta instituição, que tem pessoas a viajar todas as semanas», denunciou.

Celestino Andrade, garantiu que entregou ao Ministro das Infra-estruturas a lista actualizada das empresas e instituições do Estado que há vários anos não pagam as facturas de luz e de água.

 Reconheceu que a EMAE é uma empresa falida. Falida porque compra matéria-prima(gasóleo) caro e vende o produto final, (energia), barato.

«A EMAE é um feto malformado, onde os custos de exploração se forem 100 unidades, os proveitos só são 80. Até uma palaiê(vendedora do mercado) sabe que este negócio não dá. Ninguém pode comprar a 100 dobras para vender a 80 dobras», sublinhou.

Os sucessivos governos da República são acusados de cumplicidade na falência da EMAE. «Há sensivelmente 15 anos que os governos não actualizam o tarifário, enquanto isso o preço dos combustíveis quadruplicou», frisou.

 Abel Veiga

8 Comments

8 Comments

  1. Plôcô de Obolongo

    23 de Dezembro de 2022 at 9:37

    Pessoa que viaja toda semana em STP ? Já sabemos quem é?

  2. Celestino

    23 de Dezembro de 2022 at 17:37

    Até quando a cadeia comece a funcionar neste país, prenda essa direcção urgentemente…

  3. Carmén TROVOADA

    24 de Dezembro de 2022 at 1:05

    Sabemos sim. A pessoa que GOZA ,USA e ABUSA de STP é o o Patrice TROVOADA.

  4. José Rocha

    24 de Dezembro de 2022 at 2:00

    O Ex Director da EMAE, Sr Celestino Andrade, não teve coragem de revelar que ganha acima de 15.000 € mensais. Os seus colaboradores também ganham acima de 10.000€ mensais enquanto a maioria da população não ganha sequer 100€/mês. O país está cheio de dividas e sem reservas enquanto esses senhores vão acumulando fundos ficando cada vez mais ricos.
    Só o que um desses gestores, da EMAE e de outras empresas que nada produzem e em déficit, ganha daria para pagar salários a mais de 100 trabalhadores que ganham o salário mínimo. É uma autêntica vergonha. Isso tem ser rapidamente alterado. Os militantes do MLSTP, PCD foram colocados no lugar de chefia no governo da NM apenas para acumular fortuna e não para trabalhar pelo país.

    • Bem de São Tomé e Príncipe

      26 de Dezembro de 2022 at 11:50

      Meu caro, Jose rocha não foi o sr. Celestino quem ordenou a EMAE que ele deve receber esse dinheiro. É o que está definido para o director da EMAE e os membros do Conselho de Direcção há varios anos. Se o Jose Rocha estivesse na empresa como director tb receberia. falas do MLSTP e PCD, Não esqueças que militantes do ADI ai tb estiveram,cerca de três vezes.

  5. Gentino Plama

    24 de Dezembro de 2022 at 12:51

    Celestino Andrade, Director Geral cessante da EMAE deve ser presente ao tribunal para ser ouvido. Este possui bens que não condiz com o seu ordenado. É também sabido que ,o mesmo nunca trabalhou na comunidade internacional que possa dizer ter ganho um pouco mais. Há muito que o referido individuo vem prestando serviços na qualidade de Director financeiro mas, a condição das finanças era concorrentemente desastrosa. Associado a isso, a falta de adequada formação para lidar com a matéria, fazia imensa falta; tratado por Drº, mas que, não possui o formação académica, se não, algumas práticas adquiridas aqui e acolá. Pessoa como essa, somente compromete o País pois, a sua gestão é prejudicial a qualquer sector.

  6. Fernando Rocha

    26 de Dezembro de 2022 at 23:15

    O Ministro não sabe o que fala.Ignorante na matéria de Gestão Financeira.
    Politiquice e patetice.

  7. VAI TU

    27 de Dezembro de 2022 at 16:02

    Não consigo perceber, o silêncio dos media, sobre o caso de 25 de Novembro.
    Além daquelas baboseiras, que publicaram em que acusavam tudo é todos, e agora um silêncio mortal.
    Será que os jornalistas não conseguem investigar junto às autoridades nacionais e internacionais e darem algumas noticias isentas de parcialidade

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