Política

Greve pelo valor da cesta básica paralisou todo o sistema de ensino

Desde finais de 2023 que os 4 sindicatos do sector da educação iniciaram negociações com o governo no sentido de actualizar o salário de base. A falta de consenso provocou um pré-aviso de greve. 1 de Março foi a data indicada para a greve geral.

Na manhã de sexta-feira 1 de Março os professores, educadores de infância e serventes das escolas de todo o país paralisaram as suas actividades.

Exigem ao governo a elevação dos salários para o valor igual a cesta básica definida pelas centrais sindicais em parceria com os demais parceiros do conselho de concertação social.

A cesta básica é um indicador de sobrevivência. Para comprar óleo alimentar, esparguete, pedaços de chouriço, um caldo de galinha, e pequenos pacotes de massa tomate, o cidadão santomense precisa de um salário mensal de 10 mil dobras, igual a 400 euros. Um salário para sobreviver e apenas para matar a fome.

O salário de base do sector da educação não atinge três mil dobras, cerca de 120 euros. Não tendo resposta positiva do governo para elevar o salário de base para o valor da cesta básica, ou seja, para garantir a sobrevivência das famílias, os 4 sindicatos do sector da educação, paralisaram todo o sistema de ensino de São Tomé e Príncipe.

«A informação que temos é que a adesão está próximo dos 100%. Tanto em São Tomé como no Príncipe», revelou Vera Lombá, porta-voz da inter-sindical do sector da educação.

Vera Lombá na foto

A porta-voz dos 4 sindicatos da educação, acrescentou que «temos reclamado que a nossa situação não é nada boa. E este ano a situação explodiu. É a forma de reclamação, para ver se o governo nos ouve».

As crianças que frequentam os jardins-de-infância, e os alunos do ensino básico e secundário depararam-se com o aviso de greve no portão das escolas.

«E triste isso. Eles (os professores) têm razão. Mas nós é que vamos ficar prejudicados», afirmou Letícia Costa, uma aluna da escola preparatória Patrice Lumumba, na capital São Tomé.

Adgilza Monteiro Afonso professora na escola Patrice Lumumba disse que o motivo da paralisação é forte. «O principal motivo é o salário. Há muitos anos que estamos a procura de melhoria. As condições de trabalho nem se fala…».

Uma luta pela sobrevivência. «Achamos que a cesta básica de 10 mil dobras (400 euros), até nem é muito. Mas já nos tiraria do aperto em que nós estamos», pontuou Vera Lomba a porta-voz da inter-sindical.

Na quinta – feira a intersindical da educação e o governo negociaram até a meia-noite, mas sem sucesso. A porta-voz da inter-sindical disse que os profissionais da educação rejeitaram a contraproposta apresentada pelo governo. «Propuseram aumentar o subsídio de transporte em apenas 200 dobras…», declarou Vera Lomba para depois sorrir.  

A garantia da cesta básica é o foco dos cerca dos cerca de 9 mil funcionários públicos que prestam serviço no sector da educação.

«Não queremos manter a greve de forma indeterminada. Mas se formos forçados a isso…», concluiu Vera Lomba.

Os professores, educadores de infância, guardas e serventes das escolas representam o maior efectivo da função pública em São Tomé e Príncipe.

Abel Veiga

4 Comments

4 Comments

  1. Colegas do Liceu

    2 de Março de 2024 at 17:01

    Agora aguenta!
    Patrice não saiu.
    Não se demitiram.
    Então espera.
    Vêm aí os Margaridas.
    Um relógio estragado (partido) está certo duas vezes durante 24 horas. Os Márgas nem uma vez por dia estão coretos. Errados sobre a solução para São Tomé e Príncipe e propostas para o povo Santomense. Só zôplô barulho e confusão pa entrar comer dinheiro do povo, mais nada.

  2. Bruce Lee

    3 de Março de 2024 at 4:55

    O povo merece um salário razoável, respeito, saúde, etc., e sobretudo justiça.
    Simpatia aos professores!

  3. GANDU@STP

    4 de Março de 2024 at 9:14

    Bom dia STP!

    Esperemos que resulte. Ja e tempo de se actualizar o salario minimo Nacional, ou pelo menos planear e implementar medidas de modo a melhor as condicoes de vida em STP.

    Apenas o timing nao e tao oportuno. Toda a socieade tem conhecimento das dificuldades financeiras em que o Pais se encontra, e no entanto exigem um aumento de 120 para 400 euros!!!???

    A seleccao Nacional precisa jogar em equipa, nao podemos jogar cada um para o seu lado. Para uma equipa ser vitoriosa o Guardaredes deve defender a baliza, e resistir a tentacao de querer marcar golos!

  4. Abrão Ceita

    4 de Março de 2024 at 12:43

    A ministra da Educação é a primeira que deveria entender a situação sendo ela uma professora por muitos anos.
    a desculpas do governo é que 10,000,00 é demais. Então qual é a contraproposta?

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

To Top