Opinião

O Passado e o Futuro das Relações China- São Tomé e Príncipe

Por : Xu Yingzhen, Embaixadora da China em STP

Os chineses dizemos que pode “atingir o sucesso final se sempre ter em mente seus objetivos originais”. Há pouco tempo, junto com a Sra. Presidente da Assembleia Nacional, Celmira Sacramento, realizamos um seminário sobre o passado e o futuro das relações bilaterais entre a China e São Tomé e Príncipe, no qual participaram dezenas de deputadas e deputados. As fotos e os episódios apresentados na ocasião lembram-nos a história de os povos da China e de São Tomé e Príncipe se ajudarem um a outro ao longo do último meio século. Esta experiência impressionante me tocou muito.

Apesar da grande distância geográfica entre a China e São Tomé e Príncipe, a amizade entre os dois países tem uma longa história. Há mais de cem anos, uns chineses chegaram aqui via Macau, trabalhavam arduamente e se casaram com os santomenses. Nos anos de 60 e 70 do século passado, os dois povos forjaram uma amizade profunda durante a luta pela independência nacional. Foi exatamente em 12 de Julho de 1975, dia da independência de São Tomé e Príncipe, que os dois países estabeleceram as relações diplomáticas.

Desde então, o povo chinês, também em condições extremamente difíceis, cooperava com o povo santomense para apoiar no seu progresso nacional. Os médicos chineses salvaram vidas e curaram feridos, e os produtos do “grande barco” da China abasteceram o mercado santomense, memórias essas que se enraizaram profundamente no entendimento do povo santomense sobre a China. O Palácio dos Congressos, construído com a ajuda da China na década de 1980, ainda é um edifício emblemático em São Tomé e Príncipe e se tornou um símbolo imortal da amizade tradicional entre a China e São Tomé e Príncipe.

No final da década de 1990, devido à questão de Taiwan da China, as relações entre a China e São Tomé e Príncipe foram interrompidas e muitas oportunidades de desenvolvimento foram perdidas. No século XXI, por um lado, a China, considerada como espinha dorsal para a paz e o desenvolvimento e força motriz para o crescimento económico mundial, vem desempenhando papel importante no mundo. Por outro lado, baseadas na “diplomacia do dinheiro”, as tentativas da região Taiwan da China para ampliar o chamado “espaço internacional” vem perdendo terreno. No final de 2016, o Governo de São Tomé e Príncipe e o Governo da China decidiram retomar as relações diplomáticas, reafirmando o firme apoio aos seus interesses fundamentais e grandes preocupações e defendendo o princípio de Uma Só China. Assim, abre-se um novo capítulo nas relações bilaterais entre os dois países.

Nos últimos anos, os projetos da reabilitação de estradas e construção de casas sociais foram implementados pela China, que também realiza quatro edições de assistência técnica em energia, agropecuária e anti-paludismo e enviou sete equipas médicas. Trabalhos realizados pelos técnicos chineses como tournées médicas semanais para diferentes distritos, manutenção de equipamentos de geração de energia, incubação de galinhas poedeiras, montagem de fogões economizadores de lenhas e pulverização anti-paludismo, contribuem para que São Tomé e Príncipe possa atender às necessidades mais diretas e urgentes. A China ainda forneceu mais de 1.000 vagas de formação em quase todas as áreas, tais como agricultura, diplomacia, polícia, economia azul e infra-estruturas, contribuindo para o fortalecimento das capacidades de auto-desenvolvimento e desenvolvimento sustentável deste país africano. Nesta altura, a China está a trabalhar com São Tomé e Príncipe na assistência alimentar e em reabilitação de mais estradas.

Além das áreas bilaterais, os dois países conseguiram êxitos na cooperação pragmática no âmbito multilateral, como Fórum de Cooperação China-África (FOCAC) e Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau). Os dois países assinaram memorando de entendimento sobre o fortalecimento da cooperação na economia azul e trocaram notas assinadas sobre tratamento de tarifa zero a 98% das linhas tarifárias das exportações de São Tomé e Príncipe à China. A China está disposta a dar boas-vindas a entrada de mais produtos santomenses, encorajar mais empresas chinesas a investir e fazer negócios aqui, de modo a fornecer mais recursos ao desenvolvimento verde e sustentável de São Tomé e Príncipe.

Uma pergunta para os caros amigos, porquê as relações entre os dois países retornaram ao caminho certo, vêm se desenvolvido e conseguindo resultados frutíferos? O fundamento reside no consenso na questão de Taiwan e firme apoio ao princípio de Uma Só China.

Taiwan é parte do território chinês já nos tempos antigos. A questão de Taiwan, trauma consequente da guerra civil da China na década de 1940, é puramente assunto interno da China. Em 1971, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a Resolução 2758, que deixou claro o princípio de Uma Só China, ou seja, existe apenas uma China no mundo, Taiwan é parte inalienável da China e o Governo da República Popular da China é único governo que representa toda a China. As Nações Unidas usa “Taiwan, província da China” como sua denominação em seus documentos oficiais. Até o momento, 183 países estabeleceram relações diplomáticas com a China com base no princípio de Uma Só China. A questão de Taiwan, concernente à soberania e à integridade territorial da China, constitui o núcleo dos interesses fundamentais da China e uma linha vermelha intransponível. Os chineses vamos alcançar a reunificação total e completa de toda a Pátria, isto é uma tendência histórica irreversível.

Como um grande país em desenvolvimento responsável, a China sempre defende o tratamento igualitário de todos os países, seja pequenos seja grandes, e apoia o desenvolvimento e a revitalização dos países africanos. Estamos dispostos a trabalhar com os irmãos santomenses e os demais amigos africanos, para promover a multipolarização mundial equitativa e ordenada, bem como a globalização económica inclusiva e benéfica para todos.

No seminário, muitos deputados trataram a China como “amigo confiável e parceiro sincero” e manifestaram o desejo de aprofundar as relações com a China. Acredito que é também aquilo que pensam e desejam todos os amigos santomenses. Para o futuro, a China está disposta a trabalhar com São Tomé e Príncipe para nos apoiar mutuamente ao alcançar o desenvolvimento económico, o melhoramento do bem-estar da população e a modernização, aprofundar a confiança política mútua, a cooperação de ganhos compartilhados e a fraternidade entre os dois povos, de modo a trazer maiores benefícios aos dois países e levar as nossas relações a novos patamares.

3 Comments

3 Comments

  1. Jorge Trabulo Marques

    24 de Maio de 2024 at 11:34

    Até hoje, Taiwan, foi o país que prestou a melhor colaboração, em vários domínios, em S. Tomé e Príncipe. O país foi traído pelos malabarismos de Patrice Trovoada, que, só vê jogos de cifrões. Aliás, foi ele e o pai que afastou a China de STP.
    A China é uma ditadura, que não tolera a liberdade de expressão e que irradiou o verdadeiro socialismo para impor o capitalismo de Estado e apoderar-se das principais riquezas da esmagadora maioria dos países, hipotecando-os e tornando-os seus dependentes.
    Angola é um desses muitos exemplos. Leva-lhe o petróleo e outras riquezas ao preço da chuva. Ergue edifícios que só a elite os pode habitar “.Angola é país do mundo em que dívida à China tem mais peso De acordo com a agência de notação financeira Standard & Poor’s, Angola deve cerca de 21 mil milhões de dólares (17,7 mil milhões de euros) à China.- Era esta a informação em 2022, em que se dizia que O petróleo serve como garantia das linhas de crédito negociadas com Pequim.
    Os países europeus (já não falando dos americanos) também não escapam aos sorrisos e à hábil sedução chinesa: Desde a posse de empresas de água e de eletricidade, hospitais, seguradoras, jornais, tal é o exemplo de Portugal, através dos jogos de corrupção com uma democracia, que também só vê cifrões em detrimento do povo. Enquanto na China há um único patrão, para distribuir as benesses pelos seus milionários.
    Pelos vitos, tanto a ditadura do capitalismo chinês, como a do Russo ou das chamadas democracias liberais, não passam de rótulos para servirem os grandes interesses milionários em detrimento do zé povinho. Com as novas tecnologias de informação, altamente sofisticadas, dificilmente haverá verdadeira justiça social, mas um crescente domínio dos grupos milionários sobre os pobres e as classe mais desprotegias. A santidade não existe na Politica, que não passa de um jogo de palavras e de cifrões.
    O presidente da China, Xi Jinping, diz que a “reunificação” com Taiwan “deve ser cumprida” — e não descarta o possível uso da força para conseguir isso. Pelos vistos, a mentalidade imperial so do ditador chinês, só acha que os países africanos, se devem libertar do jugo colonial europeu, mas não aceita que no seu império acha vozes discordantes, que queiram autonomizar e construir o seu futuro, senão através da intolerável submissão. E através de artigos nos jornais, rádios e televisões de sedução, como tem sido a campanha da autora deste texto. Dando uma fatia de pão para levarem um salpicão.
    Não tenho nada a opor contra a expansão chinesa em todo o mundo, porque, ninguém gosta de trabalhar apenas pelo prazer de trabalhar, mas para viver: os chineses, fazem o seu jogo. A culpa não é deles, mas das elites corruptas dos políticos e grupos económicos, onde a China impõe o seu comércio, os seus interesses sob a capa de os desenvolver, que se deixam vender.

    • joão de amar

      25 de Maio de 2024 at 3:09

      como um estrangeiro, quero dizer como seguintes:
      1. o governo chinês não quer fazer empréstimo aos países africanos porque a china declara que ele ainda é um país pobre, ele não há dinheiro para ajudar outras.
      2. stp tem direito de fazer relação com Taiwan, então a china também tem direito de fazer relação diplomática com ilha Príncipe. stp quer dividir a china então a china também pode dividir stp. até agora china nunca mostrou sua vontade de dividir stp mas isso não significa a china não há capacidade de o fazer.
      3.vá para taiwan e pergunte os taiwanese que se eles querm taiwan ser indepentente ? sabes o nome ofical de taiwan é República da china, sabes porquê? sabes qualidades do chineses ? até agora os taiwanes também quer reunificação com china continental para formar a República da china completa.
      4.chinese trabalham muito e duro, eles sabem que não há outras saídas dos sofrimentos excepto de trabalho. eles trabalham e produzem mercadorias e vendem-as aos outro paíse. stp também pode desenvolver pelos trabalhos mas vocês não querem, o que vocês querem é ajuda externa.
      5.depois de 30 anos a china vai sair da lista de países pobres e tornará-se um país rica e forte. e no ano 2050 stp vai ser melhor ou pior?
      6.mano, você é uma pessoa indepentente agora, não é escravo de ninguém, desejo-te tenha um pensamento indenpentente!

  2. EDSON NEVES

    24 de Maio de 2024 at 18:36

    A senhora embaixadora fez seu relato dos benefícios que São Tomé experimentou na relação bilateral com a China desde 1975, mas não mencionou as contrapartidas como se houvesse “almoço de graça” e mais uma vez deu seu recado àqueles que se opõem à política agressiva – de Xi Jin Pin, do partido comunista chinês e da elite chinesa pela qual faz parte – de reintegrar Taiwan ao continente ainda que seja mediante o derramamento de sangue de quem só quer a independência=liberdade!
    Que paradoxo!!! Lembro-me ter lido aqui certa vez em uma manifestação semelhante à essa em que a senhora embaixadora exaltava a amizade entre os povos chinês e santomense como sempre faz, bem como a contribuição da China para a independência dos países africanos face ao imperialismo europeu sobretudo (França, Portugal e Inglaterra) o que não é verdade, a China jamais lutou junto com os africanos em busca da independência conforme postula.
    A senhora embaixadora sabe que a aproximação foi na verdade uma jogada de mestre, uma estratégia visando reintegrar-se à ONU e expulsar Taiwan dessa entidade com a política uma só China, e dessa forma impediu o reconhecimento de Taiwan como estado soberano por outras Nações.
    Foi graças aos votos dos miseráveis chefes de estados africanos em troca de, apoio alimentar, comercial, educacional e financeiro da china que o país conseguiu isolar Taiwan da cena internacional, fato que levou Mao Tse Tung, a dizer que a China deve à África uma dívida de gratidão por “levar a República Popular da China para as Nações Unidas”.
    Como a senhora embaixadora justifica a China país cujo seu olhar ajudou os países da África a conquistar a liberdade= a independência porém, – reprime violentamente seus cidadãos, e ameaça uso da força à seus irmãos taiwaneses que também só querem a liberdade=a independência? (Por que se recusam a viver sob a pressão, o controle absoluto do Estado chinês).
    Será que consegue explicar essa incoerência? Esse paradoxo? Por que levar liberdade ao povo africano, todavia, reprimir seu próprio povo? E a população uigur? O povo de Tibete? Suprimiu a liberdade em Hong Kong?
    Por que não vemos esse tipo de discurso por parte da representação chinesa quando se trata de relacionamento com os Estados como o Reino Unido, França, EUA, Canadá e Austrália?
    A relação da China com esses países e tantos outros não citados é digamos, um tanto conturbada, envolve algumas questões tabus (repressão a comunidade muçulmana uigur, (Tibete), Hong Kong, violação sistemática de direitos humanos, espionagem industrial, contrafação, ocupação de ilhas Spratly e Paracel mar da china, etc.
    Venha com esse olhar pra ludibriar o povo não!
    Desde quando o interesse particular de um partido político deve estar acima dos direitos humanos? Justifica o uso da força pra quem só quer a liberdade e viver sem repressão do Estado?
    Que tal ouvir a população taiwanesa que vive há décadas sob o modelo democrático antes de pretender a reintegração?
    Não é possível reintegrar deixando à ilha de Taiwan a prerrogativa de autogovernação?
    O seu discurso, senhora embaixadora, só serve para quem não acompanha os acontecimentos internacionais e para os governantes africanos descarados que vivem pedindo favores a China e outros atores internacionais.
    Em miúdos, a senhora embaixadora quer dizer aos governantes e a sociedade santomense que os mesmos não devem emitir opiniões em questões internas da China, mesmo quando envolve grave violação de direitos humanos que justificaria em tese tal intervenção.
    Legal, acho que os políticos e a sociedade entendeu, mas deve-se salientar que esse tipo de posicionamento é típico de quem pertence a elite de uma sociedade dominante, que tem acesso à tudo sem precisar de sistema de pontuação para ser autorizado a viajar, tem liberdade de circular, acesso à bens e serviços sociais, moradia, alimentação, laser etc.

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