Opinião

Dar as Mãos para Formar uma Comunidade com Futuro Compartilhado China-África de Alto Nível

Pela Sra. Xu Yingzhen, Embaixadora da China em São Tomé e Príncipe

Realizou-se a Cimeira de 2024 do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC) entre os dias 4 e 6 de setembro de 2024, em que participou S. E. Sr. Primeiro-Ministro e Chefe do governo Patrice Trovoada, chefiando a delegação santomense. Tive a honra de acompanhar este evento importante, e gostaria de aproveitar esta oportunidade para apresentar e partilhar com amigos santomenses as minhas impressões e reflexões acerca da Cimeira.

Em primeiro lugar, a Cimeira conta com uma participação ampla e de alto nível. S. E. o Presidente Xi Jinping, os líderes dos 53 países da África, o Presidente da Comissão da União Africana, bem como o Secretário-Geral das Nações Unidas e os representantes de mais de 30 organizações internacionais e regionais africanas,encontraram-se na reunião entre o maior país em desenvolvimento com África, Continente de maior concentração de países em desenvolvimento.

Sob o lema “Dar as Mãos para Promover a Modernização e Formar uma Comunidade com Futuro Compartilhado China-África de Alto Nível”, as duas partes fizeram uma visão retrospectiva da amizade China-África, enalteceram os avanços na implementação dos resultados do FOCAC e alcançaram consenso político sobre o futuro fortalecimento da cooperação em todos os domínios. Dois documentos importantes, como a Declaração de Pequim e o Plano de Ação, foram aprovados por unanimidade. Realizaram-se pela primeira vez quatro reuniões de alto nível durante a Cimeira, uma delas com o tema da Industrialização e Modernização Agrícola contou com a presença do S. E. Sr. Primeiro-Ministro quem também foi convidado para proferir na Conferência de Empresários Chineses e Africanos.

Em segundo lugar, os resultados da Cimeira são ricos e pragmáticos. Os resultados importantes se traduzem em quatro áreas seguintes:

Primeiro, a China estabeleceu relações de parcerias estratégicas com todos os países africanos que tem relações diplomáticas.

Segundo, o relacionamento China-África foi elevado para uma comunidade com futuro compartilhado China-África de todos os tempos na nova era.

Terceiro, foram anunciadas seis propostas China-África de promover juntos a modernização. Chegaram ao consenso político sobre a realização de uma modernização justa e equitativa, uma modernização aberta e de ganhos compartilhados, uma modernização que coloca o povo no primeiro lugar, uma modernização caraterizada pela diversidade e inclusividade, uma modernização ecologicamente amigável, e uma modernização baseada na paz e segurança.

Quarto, foi elaborado um plano para a cooperação China-África para a próxima fase. Nos próximos três anos, a China trabalhará com a África para tomar as seguintes dez ações de parceria para modernização.

Neste sentido, gostaria de apresentar brevemente algumas iniciativas das dez ações de parceria:

Primeiro, a Ação de Parceria para a Aprendizagem Mútua entre Civilizações, mil membros de partidos políticos africanos serão convidados para visitar a China.

Segundo, a Ação de Parceria para a Prosperidade Comercial, o tratamento de taxas alfandegárias zero serão outorgado para cem por cento dos produtos dos Países Menos Desenvolvidos africanos.

Terceiro, a Ação de Parceria para a Cooperação de Cadeia Produtiva, será criado com a África um centro de cooperação China-África de tecnologia digital.

Quarto, a Ação de Parceria para a Conectividade, será criada uma rede de conectividade China-África caraterizada por ligações terrestre-marítimas e desenvolvimento coordenado.

Quinto, a Ação de Parceria para a Cooperação de Desenvolvimento, serão implementados 1.000 projetos de bem-estar “pequenos e bonitos”.

Sexto, a Ação de Parceria para a Saúde, serão enviados dois mil agentes de saúde à África.

Sétimo, a Ação de Parceria para a Agricultura e o Bem-Estar do Povo, será oferecida à Africa assistência alimentar de urgência.

Oitavo, a Ação de Parceria para o Intercâmbio entre os Povos, o ano de 2026 é definido como o Ano China-África de Intercâmbio entre os Povos.

Nono, a Ação de Parceria para o Desenvolvimento Verde, será implementados 30 projetos de energia limpa na África.

Décimo, a Ação de Parceria para a Segurança Comum, a fornecer treinamento a militares e policiais dos países africanos.

Durante a cimeira, as duas partes mantiveram  comunicação estratégica sobre a situação internacional e a governança global. Concordaram em apoiar-se firmemente nos assuntos de respectivos interesses fundamentais, praticar o verdadeiro multilateralismo, implementar a Iniciativa para o Desenvolvimento Global, a Iniciativa para a Segurança Global e a Iniciativa para a Civilização Global. As duas partes concordaram em opor-se à discriminação e ao preconceito, e em corrigir as injustiças históricas. A Cimeira emitiu uma mensagem forte sobre a busca conjunta pelo desenvolvimento da China e da África e demonstrou a confiança inabalável na união e cooperção do Sul Global.

Como a diplomata que trabalha na África, fiquei profundamente tocada pela experiência de participar nesta cimeira. Por um lado, são árduas as conquistas alcançadas na cooperação China-África. De acordo com estatísticas incompletas, ao longo dos 24 anos após a criação do FOCAC, a China ajudou os países africanos a construir e modernizar cerca de 100(cem) mil quilômetros de estradas, mais de dez mil quilômetros de ferrovias, quase mil pontes e cerca de cem portos. Além disso, a China enviou equipas médicas para quase todos os países africanos, oferecendo cerca de 230 milhões de consultas para residentes africanos.

Apenas nos últimos três anos, empresas chinesas criaram mais de 1,1 milhão de empregos na África. Beneficiaram os povos da África todos os projectos implementados pela China de alimentação, de abastecimento de água e de educação, etc. Estes resultados tangíveis foram alcançados por trabalhadores, médicos, professores e voluntários chineses, juntamente com os irmãos africanos, que trabalharam passo a passo sob o sol escaldante no continente africano.

Por outro lado, a amizade China-África foi forjada na luta pela independência e libertação nacional de ambos os lados e tem crescido em busca comum do desenvolvimento e revitalização. Logo após a fundação da Nova China, quando ainda éramos pobres, tentámos o nosso máximo para ajudar África. Ao entrar na nova era, o conceito de sinceridade, resultados reais, amizade e boa-fé, formulado pelo Presidente Xi Jinping, constitui uma orientação fundamental para promover a amizade e a cooperação China-África.

A amizade sino-africana sempre é recíproca. Nunca esqueceremos de que, sem apoio dos nossos irmãos africanos, a China não aderir-se-ia à Organização das Nações Unidas, e foram os nossos irmãos africanos que se mantêm ao nosso lado para defender os interesses legítimos da China no foro internacional. Foram ainda os nossos irmãos africanos que dão apoio inestimável à abertura e à construção da China.

Gostaria de exprimir meu respeito profundo e minha gratidão sincera a todos os amigos que acompanharam e apoiaram a amizade entre a China e São Tomé e Príncipe. Como o provérbio diz, o passado não pode ser mudado, mas o futuro ainda está em seu poder. O povo chinês considera o povo santomense como bons irmãos, amigos e parceiros, e a China está disposta a trabalhar junto com São Tomé e Príncipe, seguindo o espírito duradouro de amizade e cooperação China-África, para construir uma comunidade com futuro compartilhado China-África de todos os tempos na nova era.

2 Comments

2 Comments

  1. Ómé Tamé

    20 de Setembro de 2024 at 7:44

    Os Governantes Africanos têm memória curta. Já temos tantos acordos assinados que é uma realidade o que disse o prof. “Patrice Lumumba” eles estão nos negócios das cimeiras.
    Não sentam para olhar para seus países, e andam nos negócios dos subsídios das cimeiras.
    Veja como eles dirigem para África como se fosse um país? África é um continente. A China não está para ajudar a África e nunca ajudará, eles estão lá para saber dos seus interesses. E os dirigentes africanos deveriam lembrar o que passou depois das independências dos nossos países, a morte dos pais das independências, as muitas cimeiras feitas pela Europa para desviar os países Africanos dos seus objetivos. E estámos a cometer os mesmos erros.

    Chegou altura de países africanos virarem para dentro, esquecer Europa, América, China, Rússia, etc.

    Se Alguém quiser negociar com os países Africanos que façam com respeito.

    Africanos paremos de receber esmolas, isso torna nos escravos.

  2. António Miguel

    25 de Setembro de 2024 at 14:55

    Em Angola, açambarcaram a exploração do petróleo, da indústria mineira e da pesca; hipotecaram o país, dando uma fatia de pão para levarem um salpicão, erguendo grandes edifícios, com mão de obra chinesa e para instalarem quem? – Angola, o maior devedor africano à China foram mais de 42 mil milhões de dólares, segundo a Chatham House, que defende que a dívida da região é uma “prioridade global”. Os países africanos devem 696 mil milhões de dólares (cerca de 651 mil milhões de euros) – um aumento de cinco vezes face ao início do milénio, com 12% desse valor a ser devido a credores chineses. São dados do Instituto Real de Assuntos Internacionais do Reino Unido (Chatham House).
    Em Portugal, apoderaram-se de uma grande cota dos jornais, DN e JN para controlarem a comunicação social, que é que fazem na China e nos país que passaram a colonizar. Além de se aproveitarem dos edifícios para residenciais turísticas. Tomaram, conta da EDP. da principal empresa de eletricidade, por uma bagatela a troco de uns tachos milionários a dois cavaquistas, a Mexias e a Catroga. Ficaram com a empresa de seguros, a Tranquilidade, com o Hospital da Luz e criaram milhares de lojas comerciais em todas as cidades e vilas- A nova colonização não fica atrás da antiga.

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