Política

VIDA e o futuro do planeta Terra estão a ser restaurados no Rio YANGTSÉ, na China

Yangtzé é o rio mais longo da República Popular da China. O terceiro maior rio do mundo. Nasce no interior e percorre 6 mil quilómetros até desaguar no oceano pacífico. Reconhecido internacionalmente como a via fluvial mais movimentada do mundo, Yangtsé tem enorme valor histórico, cultural, e económico para a China. Alimentou e fez germinar a civilização chinesa.

O Téla Nón percorreu o curso do Yangtsé na província de Jiangsu, que tem a cidade de Nanjing, como a capital. Nascida a beira do caudaloso rio, a cidade de Nanjing é o berço de parte importante da história e cultura da China. Aliás o nome CHINA nasceu em Nanjing. A China tem actualmente cerca de 1 bilhão e 300 milhões de habitantes. 40% dessa população reside e conquistou o desenvolvimento nas margens do rio Yangtsé.

A industrialização do gigante asiático colocou enorme pressão ambiental sobre o Rio. Nanjing, cidade modernizada, tecnologicamente evoluída contribuiu para a poluição do Yangtsé. A pesca intensiva, e a actividade industrial nas margens do rio ameaçam extinguir várias espécies de peixes. O golfinho do rio Yangtsé é uma das espécies endémicas em vias de extinção. 

Para salvar o golfinho e restaurar a biodiversidade do rio, os habitantes criaram no ano 2015 a Associação de Protecção de Golfinhos do Rio Yangtsé. Através da sensibilização da população, a promoção de vídeos que ilustram a riqueza da biodiversidade que existia no rio, e de outras acções educativas, a ONG de Nanjing   conseguiu em primeiro lugar despertar a consciência dos cidadãos para a ameaça ambiental sobre o rio.

«Temos laboratórios onde analisamos diversos dados sobre a situação no rio. A nossa missão é salvar os golfinhos do rio Yangtsé. Também temos a missão de proteger as outras espécies que habitam o rio, e através da sensibilização da população», afirmou Zhou Wei, Presidente da ONG de Nanjing.

FOTO : Zhou Wei – Presidente da Associação para a Preservação Aquática dos Golfinhos do Rio Yangtsé

O governo da República Popular da China que no quadro da Conferência das Nações Unidas Sobre o Clima, lançou a si próprio, o desafio de agir no sentido de reduzir a emissão do carbono até o nível ZERO em 2050 juntou-se a Associação de Nanjing, para restaurar o ecossistema.  

«As primeiras acções da parte do governo foram o encerramento das indústrias químicas que operam na margem do rio, seguindo-se a interdição da pesca intensiva e a captura dos golfinhos», explicou o director da Associação de Protecção de golfinhos do Rio Yangtsé.

No percurso pelo rio, o Téla Nón constatou in loco, o resultado das medidas implementadas. No espaço verde, um parque natural à margem do rio, antes funcionava uma central eléctrica a carvão.  

«Lá tinha uma central eléctrica que foi encerrada em 2014, e o espaço foi transformado num parque natural», confirmou Zhou Wei.

Durante a entrevista a bordo de um barco de turismo, as águas do Yangtsé estavam a ser rasgadas por várias outras embarcações. O presidente da ONG que protege o habitat dos golfinhos e de outras espécies de peixe, garantiu que não eram barcos de pesca. «São navios cargueiros. Antes da nossa intervenção existia muita pesca intensiva. A nossa campanha de sensibilização permitiu o encerramento de muitas indústrias pesqueiras que operam aqui», frisou.

Por coincidência ou talvez por sorte, dois golfinhos saltaram na água. Zhou Wei, correu para ver. A entrevista foi suspensa. Era uma fêmea e o seu filho ou filha, anunciando que ainda vivem no Yangtsé. Um momento excitante que demorou 5 minutos. Os dois golfinhos do rio Yangtsé não voltaram mais a superfície da água. Zhou Wei regressou para a conversa com o Téla Nón.

«No ano 2014 e com base nos estudos científicos que fizemos em parceria com as instituições internacionais de protecção do ecossistema, registamos apenas 14 golfinhos. Dez anos depois, em 2024, o número da espécie subiu para 650 golfinhos do rio Yangtsé. A restauração da espécie confirma que as medidas que implementámos foram significativas e tangíveis», declarou Zhou Wei com sorriso nos lábios.

Outras espécies de peixe também consideradas em vias de extinção têm dado sinal de vida. A ONG reconhece que tem pela frente uma missão difícil. O ecossistema do rio precisa de tranquilidade para prosperar. Uma situação que contrasta com o direito do homem de conquistar o desenvolvimento.

«É preciso controlar a navegação marítima. As autoridades governamentais de Nanjing reconhecem que o rio Yangtsé é muito frequentado pelos navios, pois desempenha papel importante no transporte das mercadorias. Mas é preciso encontrar um equilíbrio entre o desenvolvimento e o ambiente. Trabalhamos em conjunto com o governo para encontrar este equilíbrio», pontuou.

Tarefa difícil tendo em conta que há mais de 20 mil anos antes de Cristo, que o rio Yangtsé é a principal rota de comércio da China com o mundo. No presente e no futuro continuará a ter papel determinante na economia do país e do mundo, através da iniciativa Cinturão e Rota.

No entanto, o regresso paulatino das espécies endémicas ao rio é um bom sinal para a vida no planeta Terra. «As espécies vegetais que começam a aumentar no rio, contribuem para eliminar o carbono na água. Esse ecossistema verde certamente ajuda a reduzir o carbono, e assim cumprir o objectivo proposto pela China de reduzir o carbono a nível zero até 2050», concluiu o director da ONG ambiental de Nanjing.

A restauração do ecossistema do rio Yangtsé faz parte do compromisso da China e do mundo para a conquista da paz com a natureza.

Abel Veiga

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