FOTO : Piras funerárias queimam em Manikarnika Ghat, um dos lugares mais antigos e sagrados para hindus serem cremados, nas margens do Rio Ganges em Varanasi, Índia, em 2019 (© Altaf Qadri/AP)
Embora a milhares de quilômetros de distância, milhões de americanos e indianos estão unidos pelos rios que têm moldado suas culturas e países — o poderoso Mississippi nos Estados Unidos e o sagrado Ganges na Índia. Ambos os rios são mais do que apenas cursos d’água; são elos para milhões de pessoas, vitais para a economia, a cultura e a ecologia das regiões por onde passam.
O Ganges, reverenciado como sagrado por milhões de hindus, flui ao longo de 2.525 km, sustentando a vida de quase 40% da população da Índia. O Rio Mississippi, embora não seja sagrado para os americanos, ocupa um papel importante na cultura dos EUA, moldando a vida de centenas de comunidades ao longo de seus 3.780 km e fornecendo água potável para mais de 20 milhões de americanos.
“Todos nós meio que somos formados pelo Rio Mississippi”, diz Mitch Reynolds, prefeito de La Crosse, Wisconsin. É impossível exagerar sua importância — não apenas econômica, mas cultural — na formação da identidade da região, diz ele.
Desafios compartilhados
Apesar de seu imenso valor, ambos os rios têm sofrido com a poluição causada por escoamento industrial, esgoto não tratado e crescentes pressões ambientais exacerbadas pelas mudanças climáticas.
A iniciativa Namami Gange * da Índia, lançada em 2014, tem sido uma força transformadora, investindo bilhões de rúpias em estações de tratamento de esgoto, restauração de margens de rios e engajamento comunitário para reduzir a poluição.
Da mesma forma, a Estratégia de Restauração e Resiliência do Rio Mississippi ** dos EUA (PDF, 1.000 KB), criada em 2022, adota uma abordagem abrangente que visa gerenciar a poluição e reconstruir ecossistemas em sua bacia de 3,2 milhões de quilômetros quadrados.
Soluções compartilhadas
Na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas de 2023 (COP28), essa missão compartilhada aproximou as duas nações. A Missão Nacional para Limpar o Ganges e a Iniciativa Cidades Pequenas e Grandes do Rio Mississippi (MRCTI) assinaram um memorando de propósito comum com o intuito de colaborar em questões de gestão de rios urbanos.
Esse acordo abrange áreas-chave como:
- Monitoramento da qualidade da água.
- Rastreamento das origens da poluição plástica.
- Fomento à pesquisa fluvial.
- Introdução de soluções baseadas na natureza para áreas urbanas.
- Restauração de ecossistemas aquáticos.
Ambas as delegações demonstraram grande interesse nas soluções uma da outra.
Por exemplo, a delegação dos EUA ficou particularmente impressionada com o modelo Uma Cidade, Um Operador da Índia para estações de tratamento de esgoto, enquanto os líderes indianos estavam ansiosos para aprender sobre o monitoramento de água por satélite da MRCTI.
“Nos EUA, eles estão usando a tecnologia muito, muito bem”, diz Victor Shinde, do Instituto Nacional de Assuntos Urbanos da Índia, apontando para o uso inovador de imagens de satélite visando rastrear fontes de poluição.
Aproveitando o momento para a COP29
À medida que a COP29 se aproxima, a Índia e os EUA têm a oportunidade de aproveitar esse momento, demonstrando a força de sua parceria no enfrentamento da poluição, da perda de biodiversidade e das mudanças climáticas. Ao alavancar a expertise de cada nação — seja em soluções baseadas na natureza ou em tecnologias avançadas — ambas as nações mostram como a ação local pode impulsionar o impacto global.
Um compromisso compartilhado com a mudança
Na Índia, a iniciativa Namami Gange tem visto um progresso considerável desde 2014. Com mais de 4.000 km de linhas de esgoto instaladas e inúmeras estações de tratamento de águas residuais construídas, o esforço muda a forma como a Índia aborda a conservação dos rios. Segundo Shinde: “O que é necessário para efetuar a mudança é que as comunidades entendam o valor do rio em suas vidas — seja esse valor econômico, social, cultural ou estético.”
Do outro lado do mundo, a estratégia do Rio Mississippi busca uma abordagem igualmente ampla, abordando e construindo a resiliência ecológica para lidar com o aumento de enchentes e eventos climáticos extremos.
Um modelo para ação climática global
A parceria entre a Índia e os EUA é mais do que apenas uma iniciativa bilateral — é um modelo para o clima global e a cooperação do ecossistema natural, dizem os parceiros. Ao alavancar a inovação tecnológica e os esforços comunitários visando restaurar seus rios icônicos, os parceiros mostram ao mundo como a cooperação, a inovação e o engajamento da comunidade podem preservar recursos naturais críticos dos quais o planeta depende.
FONTE : SHARE AMÉRICA