Política

Transição energética é a principal prioridade do governo até mesmo para sanear o GAP

A iniciativa africana de promoção de energias renováveis “Missão 300” realizada na semana passada em Dar Es Salam – Tanzânia foi o primeiro evento internacional, a que participou o primeiro-ministro Américo Ramos.

Os parceiros internacionais prometeram investir 500 mil milhões de dólares para levar a eletricidade a mais casas e empresas em todo o continente africano.

São Tomé e Príncipe assinou a declaração de Dar-Es-Salam e espera beneficiar de parte do financiamento. «É um marco importante que vai permitir ao país aderir as várias iniciativas que vão aparecer ao longo do tempo financiadas pelos parceiros internacionais», declarou Américo Ramos.

O governo apresentou em Dar Es Salam o plano de acção nacional para a descarbonização, e acredita que alguns projectos de transição energética poderão ser executados ainda este ano.

Ligado ao fio da energia limpa, no dia seguinte, após o regresso de Dar-Es Salam, o chefe do governo visitou as centrais eléctricas de São Tomé. Uma visita que reforçou o compromisso com a transição energética.

«Mais de 95% da energia produzida no país é térmica. E os grupos de geradores são de um tempo a esta parte. Carecem de manutenção e não tem sido feita recorrentemente», constatou o primeiro-ministro.

A manutenção recorrente implica a aquisição de peças sobressalentes e outras despesas. Um processo bastante caro para as finanças públicas, que se debate com a falta de recursos.

O primeiro-ministro reconheceu que actualmente a produção das diversas centrais térmicas instaladas no país satisfaz as necessidades de consumo. No total, os geradores da central de Santo Amaro administradores pela EMAE e os da Central Térmica de São Tomé administrados pela TESLA – STP produzem 15 a 16 megawatts de energia, quando o consumo a nível nacional anda por volta de 13 a 14 megawatts.

Mesmo assim, o chefe do governo percebeu que a situação não é sustentável. «A situação é crítica porque todos os grupos de geradores carecem de manutenção. Desta forma não é sustentável, não teremos capacidade para manter este nível de produção por muito tempo.

O governo da ADI procura acelerar a transição energética. Américo Ramos não tem dúvidas de que com o gasóleo e os geradores como única fonte de produção de energia, o risco de apagões persegue São Tomé e Príncipe.

«A qualquer momento pode acontecer alguma coisa e esses grupos saírem da rede», frisou.

Sinais da transição já são visíveis no espaço da central eléctrica de Bôbô – Fôrro. Com financiamento do Banco Africano de Desenvolvimento, estão a ser instalados painéis solares com capacidade de 1,3 megawatts. As obras devem estar concluídas no mês de Março.

«É mais um passo, mas temos de continuar a trabalhar no mesmo ritmo com a mesma celeridade, com a mesma seriedade e responsabilidade», alertou.

Mas, a primeira visita do novo primeiro-ministro ao terreno e com a empresa de água e electricidade na mira, começou no sistema de captação e distribuição de água do rio Manuel Jorge. A água abundante nesta altura do ano, está a transbordar nos diques da captação.

A nascente fica relativamente próxima da região da Roça Bombaim. Uma região rasgada por vários cursos e quedas de água que podem ser transformados em fonte de energia limpa. No passado, mais concretamente entre os anos 2009 e 2010, o governo santomense lançou um projecto privado de construção de mini-hídricas na região de Bombaim. Grupos privados portugueses assumiram a missão de realizar o projecto de produção de energia hídrica nas cascatas de Bombaim. Mas nada aconteceu de facto até os dias de hoje do ano 2025.

«Numa perspectiva de diversidade da fonte de energia temos de ir para aquela que é mais limpa e mais barata. A hídrica é mais barata, não obstante o investimento inicial ser alto. Estamos a trabalhar tecnicamente para isso», concluiu o primeiro-ministro.

Economista com longa experiência no sector das finanças de São Tomé e Príncipe, Américo Ramos sabe que a economia de São Tomé e Príncipe não conseguiu sair do zero nos últimos dois anos, também por causa do GAP Externo gerado pela aquisição do gasóleo para produzir energia.

A transição para energia limpa ajuda São Tomé e Príncipe a sair da crise das reservas cambiais, uma vez que a maior parte das divisas do país é consumida pelo gasóleo para produzir energia eléctrica.

Abel Veiga  

3 Comments

3 Comments

  1. ANCA

    5 de Fevereiro de 2025 at 13:40

    Por outro lado como é sabido, temos carência de tecnicos, na aéreas de energias renováveis, electricidade, electrónica, mecânica, dentre outras que são essenciais ao desenvolvimento do país, como por exemplo na área agrícola, agropecuária, economia verde, ambiente, economia e finanças do mar e rios,…

    Pratiquemos o bem

    Pois o bem

    Fica-nos bem

    Deus abençoe São Tomé e Príncipe

  2. Jorge Semeado

    5 de Fevereiro de 2025 at 23:36

    O PM descobriu a pólvora. Há tantos anos que internautas do Telanon têm vindo a alertar e a aconselhar os sucessivos Governos de STP a substituírem a energia térmica pelas limpas e baratas, os tais Governos na ânsia de alimentar a ENCO, e alimentar outras economias em detrimento da nacional (por causa das “mixas”), hoje, o PM vem reconhecer a necessidade urgente e prioritária desta substituição. Esperemos que não seja apenas falácias. Na qualidade de Economista, o Sr. PM que faça as 2 seguintes contas:
    1. Taiwan ofereceu Central Térmica de Santo Amaro (Fradique ainda era PR) com capacidade de 10 MegaWatts no valor de 15 milhões de dólares. De la pra cá, quantas centenas de milhões de dólares STP gastou em importação de combustível e manutenção, para manter está Central a funcionar até hoje? Faça as contas.
    2. Quantas centenas de MegaWatts de energias limpas ou fotovoltaicas STP teria instalado, com essas centenas de milhões de dólares gastos só em combustíveis, a razão de 1 Megawatt de energia fotovoltaica por 1 milhão de dólares (custo anunciados pelos Governos de Bom Jesus e PT).
    Sr. PM! O Sr. é Economista. Não confie nestes planos megalómanos das Organizações Internacionais para África, pois as verdadeiras beneficiárias destes planos são as Nações africanas mais poderosas e com lobbies mais fortes junto destas Organizações. As Nações pobres e sem recursos, com uma Diplomacia Econômica tão insipiente, como a de STP, não beneficiam nada ou quase nada destes projetos. Inventam projetos, realizam conferências nos hotéis e palcos geridos pelos ocidentais, convidam líderes africanos que vão gerar lucros aos hotéis ocidentais em Africa e mais uma vez os parcos recursos africanos são canalizados para a Europa. Com o passar dos anos, quando se fizer o balanço da implementação das referidas conferências, os resultados são geralmente desoladores.
    Por isso, STP deve gizar o seu próprio plano de desenvolvimento a curto, medio e longo prazos, onde a transição energética será a prioridade números 1, 2 e 3.
    Sem energia limpa e barata com matérias primas (água, sol e vento) a custo zero a economia de STP não sairá deste sufoco. Dirigentes “cabeça água-agua”

  3. ANCO

    6 de Fevereiro de 2025 at 0:20

    Não obstante a perspectiva de investimentos e visibilidade na energias limpas e renováveis, há que ter em conta a visão da sua distribuição e consumo, assim no que a distribuição de água diz respeito.

    Assim sendo o país carece, primeiramente de instrumentos de ordenamento de território, planos de desenvolvimento nacional, plano de desenvolvimento regional, planos de desenvolvimento local, planos de ordenamento do território, onde deve incluir, plano de distribuição de electricidade, de alta, media, pequena tensão, planos de captação e distribuição de água, planos de habitação, de modo assegurar, o acesso a ramal de água, ramal de energia, ramal de distribuição de correios, infraestruturas organização das actividades economicas, agrícolas, serviços, finanças, desportivas etc …

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