25 de Novembro: “PCD exige cabeças de militares e de políticos”

O presidente do Partido de Convergência Democrática, João do Sacramento Bonfim, não poupou palavras na declaração política lida esta terça-feira, 28 de maio.

Em reação ao relatório da CEEAC — a Comunidade Económica dos Estados da África Central — sobre os acontecimentos de 25 de novembro de 2022, Bonfim classificou tudo como uma “montagem política mal ensaiada”, orquestrada para destruir o seu partido e silenciar vozes incómodas.

O documento da CEEAC, produzido por uma equipa independente de observadores, aponta sérias falhas e inconsistências nas narrativas oficiais que envolveram militares e civis naquela madrugada. Para o PCD, esse relatório confirma aquilo que o partido denunciou desde o primeiro dia.

“Sempre dissemos que tudo aquilo foi uma farsa bem montada, com objetivos políticos claros. Agora, com este relatório, fica provado que tínhamos razão“, afirmou João Bonfim, numa sala cheia de militantes e jornalistas.

Na mesma declaração, o líder do PCD exigiu a destituição imediata de todos os oficiais do Estado-Maior do Exército que participaram na operação. Bonfim falou em “abuso de poder” e disse que os responsáveis “traíram os princípios da legalidade e da dignidade militar”.

Também foi pedido um indulto imediato para Lucas, um dos condenados pelos acontecimentos, que o PCD considera inocente.

“O senhor Lucas foi condenado por um crime que simplesmente não existiu. Foi tudo fabricado. É um ato de profunda injustiça que deve ser reparado com urgência pelo Presidente da República“, disse Bonfim.

O partido vai mais longe: exige que todo o processo seja entregue aos tribunais civis para que os “verdadeiros culpados” sejam julgados. Entre eles, aponta o nome do ex-primeiro-ministro Patrice Trovoada, que o PCD quer ver constituído arguido.

“Queremos que o senhor Patrice Trovoada seja ouvido e se explique perante a Justiça. Não pode continuar impune quem contribuiu para manchar a imagem do país com declarações infundadas“, destacou o presidente do PCD.

João Bonfim apelou ainda à Justiça para que determine indemnizações justas às famílias das vítimas, “que continuam à espera de verdade, justiça e reparação”.

Para o líder do PCD, a responsabilidade agora recai sobre o Chefe de Estado, Carlos Vila Nova.
“A reputação de São Tomé e Príncipe está em jogo. Cabe ao Presidente da República garantir que o país cumpra as recomendações do relatório da CEEAC. O mundo está a olhar para nós“, finalizou.

Uma declaração dura e frontal que reacende o debate político e judicial em torno de um dos episódios mais controversos da democracia são-tomense.

A declaração política do PCD em registo áudio :

Waley Quaresma