Política

17a Cúpula dos BRICS: Um bloco crescente, uma alternativa para uma governança mais inclusiva

(Nota do editor: Este artigo representa o ponto de vista do autor Karim Badolo e não necessariamente o da CGTN.)
Depois de Kazan, na Rússia, o ano passado foi em torno do Rio de Janeiro no Brasil para sediar a 17a Cúpula dos BRICS nos dias 6 e 7 de julho. «Reforçar a cooperação mundial do Sul para uma governança mais inclusiva e sustentável» é o tema da presente cimeira que se realizará num contexto de tensões multiformes em todo o mundo. Apesar disso, o bloco reúne 11 membros no Brasil, um símbolo da sua expansão e crescente influência no reequilíbrio das relações internacionais. As economias emergentes estão imprimindo uma visão cada vez mais inclusiva da governança global através dos BRICS. De forma metódica e pragmática, os BRICS estão criando um espaço estruturante da multipolaridade do mundo.

Neste processo, os trunfos são numerosos que contribuem para a remodelação da ordem económica e diplomática mundial. Com seus 11 membros, os BRICS representam quase a metade da população mundial e contribuem para 30% do PIB mundial. Enquanto outros países multiplicam os esforços para a sua adesão à plataforma, os BRICS já insuflam uma dinâmica de 50% ao crescimento mundial, o que faz deles atores chave e importantes da economia global.

Pelo seu modo de funcionamento aberto e inclusivo, os BRICS atraem cada vez mais e oferecem oportunidades de desenvolvimento acelerado aos países do Sul. Apesar das crises, a Cimeira do Rio de Janeiro anuncia-se com bons auspícios, tanto mais que oferece ao bloco a oportunidade de reafirmar a sua presença no tabuleiro mundial num contexto em que o unilateralismo continua a ter um impacto negativo sobre os princípios do comércio internacional, mas também sobre a estabilidade do mundo com a lógica de dois pesos e duas medidas.

O encontro do Rio de Janeiro será, em qualquer caso, uma oportunidade para os líderes dos BRICS consolidarem sua solidariedade, posicionarem-se com mais coerência para animar as relações internacionais de um acordo baseado no consenso, inclusão, respeito mútuo e cooperação ganha-ganha. Mais do que nunca, o momento é propício para falar com uma só voz a fim de contrariar as veleidades proteccionistas que tendem a fazer prevalecer uma visão única da marcha do mundo.

Contrariamente a uma certa opinião que tende a fazer crer que o bloco seria uma força de oposição à hegemonia ocidental, os BRICS propõem a opção de uma cooperação mundial inclusiva que integre todos os suspiros, sejam eles do Norte ou do Sul. Eles querem simplesmente abrir as perspectivas de uma governança global onde todas as nações têm voz e os interesses de todos recebem atenção sustentada. Em suma, um espaço onde as civilizações dialogam e enriquecem-se mutuamente. Como mencionado recentemente pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, os BRICS insistem em «a necessidade de reforçar o papel das Nações Unidas, sublinhando nomeadamente a urgência da reforma do Conselho de Segurança, a fim de torná-lo mais representativo, legítimo e eficaz, em particular com uma maior participação da África, da Ásia e da América Latina.»

Além das considerações geopolíticas, a 17a Cúpula dos BRICS será dedicada às discussões sobre as preocupações inerentes à cooperação global em saúde, comércio, investimento e finanças, e mudança climática. A governança da inteligência artificial, a arquitetura multilateral de paz e segurança e o desenvolvimento institucional são temas que serão amplamente debatidos no Rio de Janeiro. Na ocasião, iniciativas como a «Parceria dos BRICS para a eliminação das doenças de origem social e das doenças tropicais negligenciadas», a promoção da «Parceria para a nova revolução industrial», a «Estratégia de parceria económica BRICS 2030» e a formulação do «Programa de liderança climática dos BRICS» serão lançadas para refletir as ambições de desenvolvimento da plataforma.

Os BRICS constituem uma força econômica com grande mão de obra e um vasto mercado com enormes potencialidades. Os intercâmbios económicos e comerciais distinguem-se pelo seu dinamismo constante, oferecendo aos países do Sul global perspectivas de desenvolvimento em vários sectores. No comércio, a China, como oficina e mercado mundial, desempenha um papel importante dentro dos BRICS. As estatísticas alfandegárias mostram que nos primeiros nove meses de 2024, o comércio externo da China com os outros membros dos BRICS foi estimado em cerca de 648 bilhões de dólares, um aumento de 5,1% em relação ao ano anterior. Além disso, a China oferece aos países em desenvolvimento facilidades de acesso ao seu vasto mercado com isenções alfandegárias e exposições diversas. A abertura da China também injeta uma força extraordinária nos fluxos dentro dos BRICS e dos países do Sul em geral.

A cúpula dos BRICS 2025 será realizada no momento em que a questão das tarifas alvoroçadas pela administração Trump vai reaparecer. O encontro do Rio de Janeiro é, portanto, um cenário ideal para os líderes dos BRICS adotarem uma posição comum em relação ao aumento das taxas alfandegárias. Em qualquer caso, os BRICS têm argumentos sólidos para defender os princípios do comércio internacional justo.

FONTE – CGTN (Foto: VCG)

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