Sociedade

Idosos que trabalharam e sofreram as agruras do colonialismo vivem como animais em Otótó

Em Otótó lidosa.jpgocalidade que pertence a freguesia da Madalena, centro da ilha de São Tomé, os idosos muitos que sofreram na carne as agressões do colonialismo, sobretudo no massacre de 1953, enfrentam actualmente um dos mais graves massacres físico e psicológico. Perdidos no meio do mato, vivem entre quatro paredes de madeira rota, em alguns casos sem portas nem janelas. Ambrósio Quaresma de 88 anos e Mariana Conceição de 91 anos, são exemplos de muitos outros idosos sacrificados pela geração da independência. Num país que não valoriza a sua memória, muitos idosos pobres,  são acusados de feitiçaria e quase que linchados publicamente.

No distrito de Mé-zochi, mas concretamente em Otótó alguns idosos  vivem em pobreza extrema. Ambrósio Quaresma de 88 vive numa residência que esta a cair aos bocados.  Quando chove, baldes não são suficientes para parar a quantidade de água que inunda a casa deste casal que vive sem ajuda do estado, sem qualquer pensão de reforma.

Ambrósio Quaresma, explicou que foi trabalhador da roça Santa Margarida, tem sobrevivido graças ao apoio de uma filha que também tem a sua família para sustentar. «Eu não já não tenho condições para trabalhar. Nem reforma me deram. Nesta casa nós dormimos com Deus na boca, com medo para ela não cair a qualquer momento. Pessoas do governo já vieram para aqui me ver varias vezes, eu conto-lhes a minha necessidade eles escrevem mas  não fizeram nada», reclamou Ambrosio Quaresma.

Para além do casal em causa, muitos outros idosos vivem na mesma situação em Otótó. Mariana Sacramento de 91 anos é uma delas. A sua casa caiu com ela dentro. Não tem filhos e vive agora através de pequenas ajudas de vizinhos. «Eu saí para fechar janela de quarto de baixo e a casa caiu comigo. Apanhei pancada nos rins até agora. As pessoas vieram me ver. Essa  ministra mulata(Maria Tomé- Ministra da Solidariedade) também veio. Por três vezes fui inscrita como sinistrada, mas nada. Se é palma de minha mão, só tenho que esperar pela misericórdia do nosso Senhor Jesus Cristo», suplicou Mariana Sacramento.

São alguns exemplos de pobreza extrema, de aboandono, de falta de solideriedade, numa nação construída por tais idosos a sol e chuva, e em muitos casos sob chicote da opressão colonial. Hoje acima de 80 anos o pagamento que recebem dos dirigentes do estado independente, doi-lhes no mais profundo da alma.

Muitos não recebem qualquer pensão. Os que recebem, evitam dirigir-se ao local de pagamento, porque o valor pago não dá para suportar o custo de transporte de e para casa.

Sem alma e sem piedade, salve-se quem puder é cada vez mais lei num estado em agonia.

Ectilsa Bastos

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