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Informativo Vírus Zika – Embaixada do Brasil em São Tomé

​16 de fevereiro de 2016. 

Em 1º de fevereiro corrente, após reunião do Comitê de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional (RSI), a Diretora Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, declarou o surto de zika vírus “Emergência de Saúde Pública de Preocupação Internacional”. Na declaração, a DG-OMS esclarece que “não deve haver restrições de viagens ou comércio com países, regiões ou territórios com transmissão de vírus zika”.

O Ministério da Saúde confirmou que não há restrição de viagens aos países e regiões afetadas pela ocorrência de vírus Zika, mas que devem ser estimulados os cuidados com relação à exposição aos mosquitos, sobretudo por gestantes, por meio do uso de roupas com maior cobertura, repelentes e telas. Essa posição é também defendida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).

Em nota, o Ministério da Saúde avaliou que “considera de fundamental importância a declaração” da OMS e destacou que “este reconhecimento internacional deve facilitar a busca de parcerias em todo o mundo, reunindo esforços de governos e especialistas para enfrentar a situação”.

A divulgação de informações sobre a corrente epidemia soma-se aos esforços de comunicação social do Governo brasileiro sobre o tema, destacando-se os passos adotados pelo Governo brasileiro na resposta ao vírus Zika, entre eles, os principais seguem abaixo:

i) a identificação do agente patógeno por profissionais de saúde brasileiros, reflexo da eficiência da atenção primária e do Sistema Único de Saúde;

ii) a descoberta da correlação entre Zika e microcefalia, por meio de parcerias entre instituições de pesquisa brasileiras, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o Instituto Pasteur e o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês);

iii) a transparência e pronta comunicação à OPAS e à Organização Mundial da Saúde (OMS), em linha com o Regulamento Sanitário Internacional; e

iv) a célere declaração, pelo Brasil, de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional.
ENTENDA MAIS SOBRE O VIRUS ZIKA 

O VÍRUS ZIKA

  1. O que é o vírus Zika?

O vírus Zika é um arbovírus (grande família de vírus), transmitido pela picada do mesmo vetor da dengue e da chikungunya, o Aedes aegypti. O Zika foi identificado pela primeira vez no  Brasil em abril de 2015. O vírus recebeu a mesma denominação do local de origem de sua identificação em 1947, após detecção em macacos sentinelas para monitoramento da febre amarela, na floresta Zika, em Uganda.

  1. Quais são os sintomas?

Cerca de 80% das pessoas infectadas pelo vírus Zika não desenvolvem manifestações clínicas, sejam adultos ou crianças. Os principais sintomas são dor de cabeça, febre baixa, dores leves nas articulações, manchas vermelhas na pele, coceira e vermelhidão nos olhos. Outros sintomas, menos frequentes, são inchaço no corpo, dor de garganta, tosse e vômitos. No geral, a evolução da doença é benigna e os sintomas desaparecem espontaneamente após 3 a 7 dias. No entanto, a dor nas articulações pode persistir por aproximadamente um mês. Formas graves e atípicas são raras, mas quando ocorrem podem, excepcionalmente, evoluir para óbito, como identificado no mês de novembro de 2015, pela primeira vez na história.

  1. Como é transmitido o vírus?

O principal modo de transmissão é pela picada do Aedes aegypti. Outras possíveis formas de transmissão do vírus Zika precisam ser avaliadas com mais profundidade, com base em estudos científicos. Não há evidências de transmissão do vírus Zika por meio do leito materno, assim como por urina, saliva ou sêmen.

  1. Há vacina contra o Zika?

Não há vacina contra o vírus Zika. Constam no Plano Nacional de Enfrentamento ao Aedes aegypti do Brasil os investimentos para iniciar o desenvolvimento de vacinas contra o vírus. Como o desenvolvimento de novas vacinas requer tempo para pesquisas, é essencial que sejam adotadas as medidas de prevenção e controle do mosquito, pois além do Zika, elas vão evitar outras doenças como a dengue e chikungunya.

  1. Qual o tratamento?

Não existe tratamento específico para a infecção pelo vírus Zika. O tratamento recomendado para os casos sintomáticos é baseado no uso de acetaminofeno (paracetamol) ou dipirona para o controle da febre e manejo da dor. No caso de erupções pruriginosas, os anti-histamínicos podem ser considerados.

Não se recomenda o uso de ácido acetilsalicílico (AAS) e outros anti-inflamatórios, em função do risco aumentado de complicações hemorrágicas descritas nas infecções por outros flavivírus.

  1. Quais os cuidados a serem tomados pelo público?

_ Prevenção/Proteção

* Utilizar telas em janelas e portas, usar roupas compridas – calças e blusas – e aplicar repelente nas áreas do corpo expostas.

* Ficar, preferencialmente, em locais com telas de proteção, mosquiteiros ou outras barreiras disponíveis.

_ Cuidados

* Caso se observe o aparecimento de manchas vermelhas na pele, olhos avermelhados ou febre, buscar um serviço de saúde para atendimento.

* Não tomar qualquer medicamento por conta própria.

* Procurar orientação médica sobre planejamento reprodutivo e métodos contraceptivos.

  1. Como é feito o diagnóstico de vírus Zika?

Na maior parte dos casos suspeitos de dengue, Zika e chikungunya, a confirmação é feita por critério clínico-epidemiológico. Para Zika, ainda não existe diagnóstico sorológico comercial disponível. O teste escolhido para auxiliar na identificação de áreas com transmissão dessas doenças e na orientação sobre as medidas de controle chama-se RT-PCR, e é realizado em laboratórios de referência da rede do Sistema Único de Saúde (SUS). A partir da confirmação de um caso em uma determinada localidade, os outros diagnósticos podem ser feitos clinicamente, por avaliação médica dos sintomas, assim como já ocorre com a dengue e a chikungunya.

  1. Que outros tipos de testes estão em desenvolvimento e onde?

O Instituto Evandro Chagas (IEC) está desenvolvendo um teste sorológico. Por conta das particularidades brasileiras no que tange à circulação de outros Flavivírus, o que acarreta muitas reações sorológicas cruzadas, o teste está sendo recomendado com ressalvas e disponibilizado aos laboratórios sentinelas para o diagnóstico de Zika no país. Além do teste sorológico, o IEC realizou o sequenciamento genético completo do vírus Zika circulante no país.

  1. Como esses testes contribuem para pesquisa e desenvolvimento?

O sequenciamento do genoma completo de cepas do Zika isoladas de pacientes febris contribuirá fortemente para o entendimento de diversos aspectos desse agente viral. Ressalta-se a detecção de genoma do Zika em dois casos de óbito, que permitiu à comunidade científica internacional vislumbrar uma evolução não descrita ainda para as infecções por esse vírus, passível de estudos científicos futuros.

  1.  Existe registro de ocorrência de vírus Zika em outros países?

O Zika é considerado endêmico, ainda que pouco disseminado, no Leste e Oeste do continente Africano.

Evidências sorológicas em humanos sugerem que a partir do ano de 1966 o vírus tenha se disseminado para o continente asiático. De acordo com o último boletim epidemiológico da OPAS/OMS, 22 países/territórios já apresentavam transmissão autóctone do vírus Zika na região das Américas (Barbados, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, El Salvador, Guadalupe, Guatemala, Guiana, Guiana Francesa, Haiti, Honduras, Ilhas Virgens Americanas, Martinica, México, Panamá, Paraguai, Porto Rico, República Dominicana, San Martin, Suriname e Venezuela).
O VÍRUS ZIKA E A MICROCEFALIA

  1. O que é a microcefalia?

Microcefalia é uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico menor que o normal, ou seja, igual ou inferior a 32 cm. Essa malformação congênita pode ser efeito de uma série de fatores de diferentes origens, como substâncias químicas e agentes biológicos infecciosos, como bactérias, vírus e radiação.

12. Existe confirmação de que o aumento de casos de microcefalia no Brasil é causado pelo vírus Zika?

A detecção do genoma do vírus Zika realizada pelo Instituto Osvaldo Cruz em líquido amniótico de duas mulheres grávidas de fetos com microcefalia, seguida da detecção do Zika pelo Instituto Evandro Chagas em neonato (caso fatal) com microcefalia, proporcionou cientificamente o reconhecimento da associação entre o vírus Zika e os casos de microcefalia, ora observados no Brasil.

13. Qual período da gestação é mais suscetível à ação do vírus?

Entre casos relatados até o momento, a maioria das gestantes cujos bebês desenvolveram a microcefalia tiveram sintomas do vírus Zika, principalmente, no primeiro trimestre da gravidez. O cuidado para não entrar em contato com o mosquito Aedes aegypti deve ser seguido para todo o período da gestação.

14. Neste momento, qual é a recomendação do Ministério da Saúde para as gestantes?

Neste momento, o Ministério da Saúde reforça às gestantes que não usem medicamentos não prescritos pelos profissionais de saúde e que façam exame pré-natal qualificado e todos os exames previstos nesta fase, além de relatarem aos profissionais de saúde qualquer alteração que perceberem durante a gestação. Também é importante que elas reforcem as medidas de prevenção ao mosquito Aedes aegypti, com o uso de repelentes indicados para o período de gestação, uso de roupas de manga comprida e todas as outras medidas para evitar o contato com mosquitos.

Independentemente do destino, toda gestante deve consultar o seu médico antes de viajar.

15. Como é feito o diagnóstico da microcefalia? É possível detectar a microcefalia no pré-natal?

No Brasil, após o nascimento da criança, o primeiro exame físico é rotina nos berçários e deve ser feito em até 24 horas do nascimento. Este período é um dos principais momentos para se realizar busca ativa de possíveis anomalias congênitas. Também é possível diagnosticar a microcefalia no pré-natal. Entretanto, somente o médico que está acompanhando a grávida poderá indicar o método de imagem mais adequado.

16. Qual o tratamento para a microcefalia?

Não há tratamento específico para a microcefalia.  Existem ações de suporte que podem auxiliar no desenvolvimento do bebê e da criança e, no Brasil, este acompanhamento é preconizado pelo Sistema Único da Saúde (SUS). Como cada criança pode desenvolver complicações diferentes – entre elas respiratórias, neurológicas e motoras – o acompanhamento por diferentes especialistas vai depender das funções que ficarem comprometidas. São recomendados serviços de atenção básica, serviços especializados de reabilitação, serviços de exame, diagnóstico e hospitalares, além de órteses e próteses aos casos em que se aplicar.

17. A microcefalia pode levar a óbito ou deixar sequelas?

Cerca de 90% das microcefalias estão associadas com retardo mental, exceto nas de origem familiar, que podem ter o desenvolvimento cognitivo normal. O tipo e o nível de gravidade da sequela variam caso a caso. Já há a constatação da relação de infecção pelo vírus Zika com quadros graves e óbitos, e ambos com identificação do RNA viral do Zika e resultados negativos para os demais vírus conhecidos, como dengue e chikungunya, entre outros.

18. Crianças e bebês que sejam atingidas pelo vírus Zika podem sofrer problemas neurológicos?

É importante evitar boatos e especulações. Não há casos documentados sobre sequelas provocadas pelo Zika em crianças contaminadas depois do nascimento. A microcefalia é uma condição identificada apenas no Nascimento. Pessoas de qualquer faixa etária podem ser contaminadas pelo Vírus, não apenas as crianças.

19. Quais estados brasileiros têm registrado crescimento de casos de microcefalia acima da média?

O Ministério da Saúde investiga 3.448 casos suspeitos de microcefalia em todo o país. Boletim divulgado em 27 de janeiro aponta que 270 casos já tiveram confirmação de microcefalia, sendo que 6 com relação ao vírus Zika. Outros 462 casos notificados já foram descartados. Ao todo, 4.180 casos suspeitos de microcefalia foram registrados até 23 de janeiro.

De acordo com o informe, foram notificados casos em 830 municípios de 24 unidades da federação. A região Nordeste concentra 86% dos casos notificados, sendo que Pernambuco continua com o maior número de casos que permanecem em investigação (1.125), seguido dos estados da Paraíba (497), Bahia (471), Ceará (218), Sergipe (172), Alagoas (158), Rio Grande do Norte (133), Rio de Janeiro (122) e Maranhão (119).

EMBAIXADA DO BRASIL EM SÃO TOMÉ​

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