PARCERIA – Téla Nón / Rádio ONU
Fundo pede mais programas de tratamento e prevenção; novas infeções cairão para metade entre crianças, mas diminuirão apenas em 29% entre os adolescentes; cerca de 700 adolescentes são infetados com HIV todos os dias.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, estima que cerca de 80 adolescentes morrerão de Aids, ou Sida, todos os dias, até 2030.
O Unicef apela, por isso, a um aumento urgente dos programas de tratamento e prevenção entre adolescentes, uma vez que os dados mostram uma redução lenta das infeções pelo HIV e mortes relacionadas com a Sida.
Novas Infeções
O Uncief estima que as infeções entre crianças até aos 10 anos serão reduzidas para metade, mas entre adolescentes só diminuirá em 29%., by Foto Unicef/ Aleksei Osipov
Em relatório divulgado esta quinta-feira, o Fundo adianta que cerca de 360 mil adolescentes morrerão de doenças relacionadas com a Aids entre 2018 e 2030.
Isto caso não haja investimento adicional em programas de prevenção, testes e tratamento.
O relatório “Crianças, HIV e Aids: O mundo em 2030” tem como base as atuais projeções populacionais e estima que o número de crianças até aos 19 anos com novas infeções atingirá cerca de 270 mil crianças até ao final da década de 30. É uma quebra de um terço em relação às últimas estimativas.
No entanto, o Unicef considera que a trajetória de queda é muito lenta, principalmente entre os adolescentes.
De acordo com o relatório, até 2030, o número de novas infeções por entre crianças na primeira década de vida será reduzido para metade, enquanto que entre adolescentes dos 10 aos 19 anos só diminuirá em 29%.
Mais Programas
O Fundo prevê que as mortes relacionadas com Aids diminuam em 57% nas crianças com menos de 14 anos, em comparação com uma redução de 35% nas pessoas com idades entre os 15 e os 19 anos.
A diretora executiva do Unicef, Henrietta Fore, afirmou que “o relatório deixa claro que o mundo ainda não está no caminho certo para acabar com a Aids entre crianças e adolescentes até 2030″, por isso, admite que os “programas para prevenir a transmissão do HIV de mães para bebés estão a valer a pena, mas não foram longe o suficiente, enquanto programas para tratar o vírus e impedir que ele se espalhe entre crianças mais velhas estão muito aquém do que deveriam.”
África
O Unicef estima que cerca de 700 adolescentes entre 10 e 19 anos são infetados com HIV todos os dias, ou seja, um a cada dois minutos.
Ainda segundo o relatório, 1,9 milhão de crianças e adolescentes ainda estarão vivendo com o vírus em 2030, principalmente na África Oriental e Meridional, seguido pela África Central e Ocidental e América Latina e Caribe.
Atualmente, 3 milhões de crianças e adolescentes vivem com o HIV em todo o mundo, mais da metade deles na África Oriental e Austral.
Diagnóstico
O relatório aponta para duas grandes falhas na resposta para crianças e adolescentes: o progresso lento na prevenção entre crianças pequenas e o fracasso em lidar com os fatores estruturais e comportamentais da epidemia.
Muitas crianças e adolescentes não sabem se têm ou não o vírus, e entre aqueles que foram diagnosticados, poucos aderem ao tratamento.
Para abordar essas lacunas persistentes, o relatório recomenda uma série de abordagens, apoiadas pelo Unicef, incluindo testes centrados na família para ajudar a identificar e tratar crianças, mais tecnologias de diagnóstico, maior uso de plataformas digitais para melhorar o conhecimento entre adolescentes, entre outras.