PARCERIA – Téla Non / Rádio ONU
Chefe das Nações Unidas no país, Myrta Kaulard, diz à ONU News que existe uma preparação “muito intensiva”; tempestade pode atingir 6 mil escolas e centenas de centros de saúde; representante realça alta vulnerabilidade em relação a recursos.
As Nações Unidas juntaram-se às autoridades de Moçambique acompanhando o percurso da tempestade tropical Chalane. Fortes ventos e chuvas são esperados, nesta quarta-feira, principalmente em áreas castigadas pelo ciclone Idai, que matou centenas em 2019.
As autoridades declararam alerta vermelho com a aproximação da tempestade que pode se transformar em ciclone.
Mobilização
Falando à ONU News, de Inhambane, a chefe do Sistema das Nações Unidas no país, Myrta Kaulard, disse que o momento é de mobilização humanitária tendo em vista milhões de afetados.
“As memórias estão ainda muito frescas. Muitas pessoas estão ainda muito vulneráveis. As autoridades se estão preparando muito com informação para a população para evacuar. Muita população já foi retirada na resposta ao Idai, mas sempre há pessoas que voltam a zonas em risco de cheias. Chalane vai trazer ventos fortes, chuvas e maré alta. A maré vai estar alta e isto vai agravar o problema das inundações.”
A tempestade passando pelo Canal de Moçambique deverá fortalecer-se antes de atingir a costa do país podendo se tornar um ciclone tropical. O fenômeno pode depois mover-se para os vizinhos Zimbabué e Botsuana depois de passar pela área central moçambicana.
“Estamos trabalhando junto na cidade da Beira. Temos uma equipe das Nações Unidas que vai organizando o preposicionameto de estoque humanitário, fazendo o alerta às populações e vendo quem vai fazer o quê. As previsões são bastante sérias e poderá haver até 4 milhões de pessoas afetadas pela tempestade.”
Durante o ciclone Idai, mais de 90% da cidade da Beira foram afetados.
Quando o Chalane passou por Madagáscar, causou danos limitados, de acordo com relatórios preliminares.
Depois, a tempestade enfraqueceu para uma depressão tropical quando cruzou o arquipélago antes de partir em 28 de dezembro em direção ao continente. Kaulard fala de situação de grande vulnerabilidade.
“Mais de 6 mil escolas e centros de saúde. Para tudo isto temos que preparar centros para evacuação de pessoas, água e saneamento. Tudo isto está em curso de forma muito ativa. Desde que a informação chegou sobre a trajetória da tempestade Chalane que nós estamos trabalhando de maneira muito intensiva. Estamos muito preocupados porque não temos muitos recursos.”
Momento
A ONU foi um dos parceiros que ajudaram na recuperação dos ciclones que abalaram o país em 2019 e fizeram mais de 650 mortos. A organização continua seguindo a situação de insegurança no centro, e de terrorismo no norte.
Com a depressão tropical formada no Oceano Índico, as autoridades em Madagáscar, Maláui e Zimbábue foram colocadas em alerta e coordenando as atividades de preparação. A chefe da ONU em Moçambique realça que para o país o momento atual tem um caráter excepcional.
“2020 foi um ano de resposta ao Idai na primeira parte do ano. Houve muito esforço de mobilização de recursos. A segunda parte do ano, recebemos muitos recursos e muita solidariedade da comunidade internacional com Cabo Delgado na resposta aos deslocados vítimas do terrorismo. Mas a vulnerabilidade e necessidades em Cabo Delgado também estão muito elevadas.
Chuvas
Com mais de meio milhão de deslocados pela violência, a região do extremo norte também será afetada por chuvas.
Pela área, passou o segundo ciclone de 2019, o Kenneth, matou mais de 45 pessoas e levando as autoridades a retirar mais de 30 mil. O ciclone tropical foi o mais forte a atingir a costa de Moçambique desde que há registro de temperaturas.