Sociedade

Turismo rural pede vontade política do próximo governo para crescer

A nacionalização das roças no dia 30 de setembro de 1975, permitiu a conservação durante os primeiros 15 anos da independência das residências coloniais, que simbolizavam o poder económico dos proprietários das roças. Algumas das casas coloniais foram aproveitadas para desenvolvimento do turismo rural.

A roça São João no sul de São Tomé, é um exemplo. A casa do patrão, que é um dos principais símbolos do poder económico das roças foi mantida, e deu corpo ao projecto de turismo rural e cultural.

Armindo Silva um dos principais gestores das roças de São Tomé, até depois da independência nacional, foi beneficiário na década de 90 da roça São João. O filho João Carlos Silva, pintor, escultor e cozinhador, seguiu as pisadas do pai na gestão da roça, e incutiu o projecto cultural e turístico.

«O turismo é a actividade mais transversal da economia são-tomense», declarou João Carlos Silva.

Apesar de ser um país pequeno, em termos de dimensão territorial, São Tomé e Príncipe oferece características diferentes em cada região.

«Temos características especiais ao sul da ilha de São Tomé, onde há muitas iniciativas privadas de turismo», acrescentou João Carlos Silva.

As roças de São Tomé e Príncipe, foram erguidas no meio do maior património do país, a natureza. Preenchem quase todo o território do país.

«Verde para ver, e é um verde que nos inspira e que nos coloca a um nível muito elevado. Quando o mundo vive situações difíceis de descrever, como guerra e as mudanças climáticas, São Tomé e príncipe pode ser um exemplo de como o mundo deve continuar a ser.,..», declarou João Carlos Silva na varanda do restaurante da Roça São João.

Na era colonial funcionavam como um estado dentro do outro. Um feudo, com hospital, a igreja, a morgue, a sanzala, e a casa do patrão onde muita gente apreendeu os segredos da culinária. João Carlos Silva, nasceu na Roça. É cozinheiro da Roça São João, e participou em setembro no décimo oitavo congresso de cozinheiros portugueses.

«A gastronomia desempenha um papel importantíssimo. Para mim é uma grande honra ter sido convidado pelos cozinheiros portugueses para estar num evento desta dimensão, em Oeiras, Portugal», confirmou.

A protecção da natureza exuberante que cobre a região sul da ilha de São Tomé, é uma das principais prioridades, do turismo rural praticado na Roça São João. «Esperamos que o turismo ajude a não matarmos a natureza que nos envolve», frisou.

Hotéis e residências turísticas estão a nascer no meio da paisagem verdejante do sul de São Tomé. Desde Angra Toldo até Porto Alegre, diversas unidades prestam serviço turístico aos visitantes.

Os operadores turísticos de Caué, esperam que o próximo governo tenha vontade política para promover o desenvolvimento do turismo no país. «Quando se constituir o novo governo, que haja na verdade uma vontade política forte para que se crie políticas neste sector», concluiu João Carlos Silva.

Roças, continuam a produzir riqueza, para São Tomé e Príncipe. Cacau de alta qualidade, óleo de côco, pimenta e baunilha com certificação de alta qualidade no mercado de Paris-França, e é berço do turismo ecológico singular no mundo.

Abel Veiga

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