Sociedade

Líder do sindicato dos técnicos de análises clínicas é acusado de ter-se vendido para furar a greve

Num espaço de diálogo criado pelos 4 sindicatos do sector da saúde nas redes sociais, aconteceram os primeiros sinais da Convulsão que está a evoluir no sector da saúde.

Num aceso debate em torno da decisão do líder do sindicato dos técnicos de análises clínicas, Onofre Libânia de se afastar do movimento grevista, que deve entrar em acção esta segunda-feira, 23 de outubro, os outros líderes sindicais acusaram-no de traição.

No vídeo disponibilizado nas redes sociais Eula Carvalho líder do sindicato dos enfermeiros e parteiras denunciou o seu homólogo que representa os técnicos das análises clínicas.

«Onofre Libânia disse que ele negociou dinheiro com o ministério da saúde, e que ele não vai participar na greve porque será pago. O Onofre vendeu-se. Ele disse mais, que foi com a orientação de Ramon(ex-Presidente do sindicato dos Técnicos de análises clínicas) que ele deixou de pertencer ao grupo de sindicatos porque ele vai receber dividendos», afirma Eula Carvalho no vídeo.

Presente no espaço de debate online, Onofre Libânia respondeu. Disse que nos últimos 14 dias de intensas negociações o governo cumpriu com todos os pontos da reivindicação. «Trata-se da questão do abastecimento de medicamentos. É a questão mais dura que estava a acontecer. Então, já temos medicamentos, a questão da formação será debatida. A questão dos diplomas já está na prematura para ser aprovada. Então porquê vamos fazer a greve? Para mandar todo esse percurso que já foi feito para trás?», interrogou, o líder do sindicato dos técnicos de análises clínicas.  

A resposta de Eula Carvalho foi dura. «És um sacana, mau. Quem estava à frente disso és tu. Você é que agitou o movimento. Você sabe que quem programou este movimento são vocês os técnicos de laboratório, e estamos a dar suporte. O líder sindical não deve se vender. Se você decidiu se vender, deveria reunir a tua classe e depois reunir connosco e explicar os teus motivos», frisou a líder do sindicato das enfermeiras e parteiras.

Yure Neto, líder do sindicato dos serviços gerais de saúde interveio de seguida. « Eu acredito que o Onofre está vendido. O Onofre vendeu-se. Não é agora que o Onofre vem dizer aos seus associados que tudo já está pronto e bem encaminhado. Você está a mentir Onofre. Seja homem e diga que foste vendido», pontuou.

A convulsão que se regista no seio dos 4 sindicatos que marcaram a greve geral na saúde para 23 de outubro traz à ribalta a fragilidade das instituições em São Tomé e Príncipe. País onde a unidade custa de ser a palavra de ordem no seio das organizações civis.

O primeiro aviso de greve apresentado pelos sindicatos da saúde em abril de 2023, foi assinado pelos 5 sindicatos do sector. A greve geral prevista para 3 de maio acabou por ser suspensa em prol das negociações com o Governo. Os 7 pontos reivindicativos do pré -aviso de greve tinham sido definidos em consenso pelos 5 sindicatos.

Mas, o novo aviso que marca a greve para 23 de outubro, por alegado incumprimento pelo governo dos pontos contidos no memorando de entendimento assinado em maio passado, e que evitou a greve, já não é subscrito pelo sindicato dos médicos. Apenas pelos outros 4 sindicatos da saúde.

O Téla Nón apurou que o sindicato dos médicos conseguiu nos últimos 5 meses acordo em separado com  o governo sobre as suas pretensões nomeadamente financeiras. Segundo a fonte do Téla Nón, o acordo alcançado pela classe dos médicos permitiu a subida do pagamento das horas extras, de 90 para cerca de 180 dobras. Um aumento em dobro, que satisfaz a classe dos médicos e o consequente afastamento do movimento reivindicativo em união com os outros sindicatos do sector.

No entanto, se a greve dos outros 4 sindicatos começar de facto no dia 23 de outubro e por um período de 5 dias, a saúde em São Tomé e Príncipe entrará numa convulsão tão forte que os médicos não conseguirão tratar.

Se os serviços gerais e administrativos da saúde paralisarem as suas actividades significa que não haverá porteiros para abrir o portão do Hospital Central. Não haverá motoristas de ambulâncias em funções.

A limpeza das casas de banho, das enfermarias, etc não será realizada. As serventes ou auxiliares de enfermagem não estarão em serviço, pondo em causa entre outras coisas, o banho matinal que é dado aos doentes.

Quando um paciente chega ao banco de urgências do hospital central Ayres de Menezes em São Tomé, é atendido em primeira mão pelo maqueiro, e só depois levado ao enfermeiro ou enfermeira. Sem maqueiros e enfermeiros em funções, como é que o paciente chegará ao médico? E o paciente internado, quem lhe dará a medicação diária, ou uma ampola de injecção?

E se os técnicos de laboratório das análises clínicas e radiologia também aderirem a greve, como é que o médico vai saber o problema de saúde que o paciente tem? Sem querer os médicos estarão também paralisados, sem aviso de greve.

São factos e interrogações, que provam que a greve dos 4 sindicatos da saúde marcada para esta segunda-feira deve ser evitada por via de negociações, porque pode gerar enorme convulsão social no país. Pode provar também que os médicos são apenas uma parte do sistema nacional de saúde, não o fim determinante do sistema.

Abel Veiga  

3 Comments

3 Comments

  1. Santo

    23 de Outubro de 2023 at 8:37

    Segundo o que compeendi, esse líder dos técnicos de laboratório é um babaca, não é maturo para ser líder. Cabe os seus associados de afastá-lo do líder.

  2. Madiba

    23 de Outubro de 2023 at 9:28

    Eu volto a dizer, se pessoas de hoje fossem as dos anos 60, S. Tomé e Príncipe não era independente. As pessoas de hoje vendem-se por muito pouco. E estão-se nas tintas para os outros. O que aconteceu com lambe-botas da representante do sindicato dos médicos e agora com o dos técnicos acabam sendo prova disto. Lamento muito o comportamento das pessoas. A duplicar o valor unitário das horas extras dos médicos, o salário desses profissionais chegaria aos Dbs60.000,00 mensais. O governo diz sempre que não há dinheiro. Afinal, onde surgiu tanto dinheiro de repente? Que hipocrisia dos nossos dirigentes! Para aqueles que continuam na luta, força e nunca desistam.

  3. Mezedo

    30 de Outubro de 2023 at 14:01

    Quando PT esta no poder nenhuma Greve consegue ter sucesso. isso porque são tomenses são todos porcarias fora alma que não merece.

    Nem sindicato nem os sem sindicatos nem os políticos nem os juízes, nem a população em geral, são todos porcarias.

    Não valem nada.

    O que merece este país é uma bomba para eliminar todos e todas sem vergonha.

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

To Top