Há a imperiosa e suprema lei divina, aos crentes, que dita paragem ao esquisito relógio, invisível e justamente, colado ao peito de cada humano, mas por natural que seja, há sempre aquele sentimento de traição. Num “tic-tac”, sem controlo e, por mais que a inteligência espiritual, se vê envolvida em compromissos para a manhã seguinte, quando ninguém espera, nem no núcleo familiar, as gargalhadas do minuto atrás, num virar de esquina, são sequestradas pelo silêncio inviolável e pela meditação confusa, perseguidos de uma estranha revolta de cair lágrimas.
Por detrás da simpatia à vila e ao mundo, assaltada por predisposição de estrelas e astros pescados ao beijo do professor Camblé, a lei conjugal uniu por décadas, para lá de meia centena de anos, a mais linda expressão romântica de amor, afeto, alegria, cumplicidade e elegância para que, de forma inesperada, o cronómetro de mãe, esposa, educadora, política discreta, a nossa professora Edith Salvaterra Pinto, após voltas todas, parou num instante que a família, nem nos sonhos, havia premeditado um outro sentido à vida do casal, a estrela da inteligência intelectual da Trindade.
Para homenagem à mãe, a professora Edith, a Solange Salvaterra Pinto, na disposição caraterística de mulher da Trindade, saberá erguer da penumbra que lhe cobre a alma e, ao certo que, no palco do Auditório da Biblioteca Orlando Ribeiro, no Lumiar (estrada de Telheiras), em Portugal, no dia 14 de setembro, identificará as palavras oportunas para o consumo da plateia de «Ellyzé – Autópsia da Alma», ávida daquele especial e meritório abraço – só Deus sabe o que faz – de acalentar as dores de orfandade e manter o brilho à peculiaridade da mestra e conselheira Didi.
Neste momento, em que as palavras devem ser roubadas às pétalas da Trindade; ao professor Alberto Camblé Pinto, aos filhos, Solange, Luisélio e Hybrahym, o meu pensamento de tristeza e luto, em especial nome da minha família, vai direto à apresentação das condolências, extensivas aos familiares da malograda e ao Partido de Convergência Democrática.
Descanse em Paz Eterna, professora Edith Salvaterra!
Morte lenta
No quintal de morte, não existe fronteiras às páginas de tristeza. Uma humilde jovem, também de São Tomé e Príncipe, de 34 anos, mãe de quatro filhos, contrariamente, condenada os longos cinco meses, gritava pelo socorro no hospital central Ayres de Menezes, reagindo à morte lenta, caso não fosse salva pelos expedientes da deontologia médica e pelos suportes básicos de medicação. Lisboa, há mais de dois meses, autorizou a transferência urgente para tratar de fibriose pulmonar que impedia o seu sistema respiratório, a enviar o ar a 100% à preciosa vida juvenil.
Lá onde foi necessário salvar o físico dormente, ouviram-se os vários gritos assumidos nas redes universais pela solidariedade social para que através de um simples, mas oportuno dispositivo portátil de oxigénio, o governo na prometida solução, pudesse parar viagens, ou no mínimo, desse boleia no jato privado das excursões pelo mundo, a sacrifício do cofre público, à paciente Dyamila, para que não se chegasse até à desnecessária tragédia de descer ao metro e meio de barro, eis como tantas outras vítimas mortais pela ausência da Saúde Pública, a triste notícia.
A outra Salvaterra, a cidadã Dyamila, de olhos cerrados e inflamados de dores, viu segunda-feira ceifar o coração humano e, a única vida, nada mais, pagou terra que a viu nascer, à malvadez de homens e mulheres que decidiram, ninguém entende das razões, pelo envio prematuro ao além eterno da mãe, deixando quatro filhos menores, a Deus dará, ainda que o pai lhes venha a abraçar, faltará e para sempre, a magia e o amor maternal.
No Estado de Direito democrático, a culpa não é solteira, a dignidade, moral e ética profissional no assumir de consequências políticas e na conjugação de paixão pelo humanismo que, infelizmente e propositado e, aos olhos de uma toda nação e cooperação internacional, viram no leito hospitalar, apagar vida à uma jovem mãe, ditaria uma única saída à consciência da senhora ministra da Saúde, Ângela Costa, muda e surda, e jamais, qualquer subterfúgio vergonhoso à hipócrita e inexplicável comunicação pública para limpar as mãos de Pilatos ao Estado.
Numa circunstância em que, criminosamente e sem pudor, o governo assume, sem torcer nariz jurídico de defesa, a pagar com roubo financeiro, o favor político ao antigo Secretário-geral de ADI, atual governador do Banco Central, Américo Ramos, quatrocentos mil euros, os familiares de Dyamila, não merecem o cruzar de braços. Devem e através de um advogado, recorrer aos tribunais, acusando o Estado pelo homicídio voluntário da cidadã, a dignificar os quatro órfãos e exigir a devida indemnização pelo atentado à vida humana da sua ente querida. Estado tem dinheiro!
À família e aos familiares de Dyamila Salvaterra, especialmente, aos meninos órfãos de uma morte autenticada pelo XVIII Governo, no seu despesismo imoral e crime público, o meu sentimento de pêsames.
José Maria Cardoso
22.08.2024
Lucas
25 de Agosto de 2024 at 8:11
Quem vai a segui levar com metro e meio de barro?
Ou será que Lisboa é solução para tudo?