Sociedade

Mídias do sul global convocados para cultivar uma nova mentalidade na população e uma nova marcha para o mundo

A certeza de que o mundo mudou, e que há uma nova marcha encetada pelos países do Sul Global, foi dada pelo Director Geral da Televisão Nacional do Burkina Faso.

Issoufou Sare, que participou no dia 3 de dezembro no “12º Fórum Mundial de Mídias de vídeo 2024” na cidade de Quanzhou-China, concedeu uma entrevista ao Téla Nón e realçou o papel preponderante que os órgãos de comunicação social devem desempenhar na mudança de mentalidades, na construção no seio da opinião pública de uma nova visão do mundo.

«Devemos criar conteúdos que fabricam a nova mentalidade, que permitam aos povos africanos enfrentarem os desafios. É necessário que as mídias dos nossos países africanos, da América Latina, da China e de outros países possam ter consciência da sua responsabilidade na marcha do mundo», declarou o Director Geral da Televisão Nacional do Burkina Faso.

FOTO : Issoufou Sare / Director Geral da Televisão do Burkina Faso

Sob o tema “Inteligência sem fronteiras, visão além do Horizonte: o Papel dos mídias na comunicação e intercâmbio cultural”, o Fórum de Quanzhou reuniu órgãos de comunicação social de 60 países, incluindo países europeus.

«Gostaria de ter no Burkina Faso conteúdos produzidos em São Tomé, ou na República Democrática do Congo. O que permitirá aos burkinabes conhecerem a realidade de São Tomé, ou do Congo, e também que esses países conheçam melhor o Burkina Faso, e que definitivamente possamos entender que somos todos irmãos e irmãs neste mundo», acrescentou Issoufou Sare.

Organizado pela CCTV+, a televisão chinesa que integra a China Midia Group(CMG), o Fórum Mundial de Mídias de Vídeo 2024 apresenta-se como uma plataforma de intercâmbio de culturas.

«Tudo o que tivemos nos últimos 100 anos é fruto da comunicação. Mesmo o comportamento que temos hoje, podemos verificar que é resultado da influência dos conteúdos informativos dos americanos e do ocidente de forma geral. Por exemplo, a forma como nos vestimos hoje é o resultado dessa influência. Portanto, somos o resultado da comunicação», frisou.

Banhada pelo Oceano Pacífico, Quanzhou é uma das cidades da China, cheia de história e cultura. Foi o berço de duas dinastias, Song e Yuan. Desde os primórdios foi um dos principais pontos do comércio marítimo entre a China e o mundo, com destaque para o continente africano.

A partir de Quanzhou os comerciantes chineses chegaram ao Egipto ainda antes de Cristo. Também de outras cidades do sudeste da China, partiram navios mercantis ao encontro de África antes do nascimento de Jesus Cristo. Etiópia e Marrocos, são outras terras africanas que há mais de 2024 anos já faziam trocas comerciais com as dinastias chinesas.

No quadro do “12º Fórum Mundial de Mídias de Vídeo 2024”, os representantes dos órgãos de comunicação social do sul global e da Europa, reviveram os tempos das dinastias Song e Yuan. Foi num jantar servido à moda da dinastia.

Ao contrário de África que perdeu grande parte da sua identidade cultural e civilizacional em consequência da colonização, China preservou a sua herança cultural e civilizacional, apesar de ter sido invadida por 9 potências coloniais em simultâneo. Os jovens de Quanzhou conservam e vivem vigorosamente o património cultural, como é o caso do “Templo de Shaolin”. Um património cultural chinês, que foi no passado tema de filmes, que encantaram o público santomense e africano.

O comércio marítimo gerou nos séculos passados intercâmbio cultural entre as civilizações africanas e chinesas. No século XXI a nova rota de comércio para o desenvolvimento do sul global e do mundo, chama-se “Cinturão e Rota”. 

Abel Veiga 

1 Comment

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  1. Edson Neves

    7 de Dezembro de 2024 at 23:07

    Qual mídia estão propondo? O modelo ditatorial e controlador da Junta Militar liderada por Ibrahim Traoré? Ou o modelo sanguinário e perseguidor de Xi Jinping? Que contradição? Falar de mídia esquecendo-se que o pilar da mídia é a liberdade de expressão lato sensu, tudo que não tem nesses países. Se fossem países cuja democracia conhece ascensão à consolidação, diria que tem lição a dar à São Tomé e Príncipe. Se for pra cultivar modelo chinês de liberdade super controlada prefiro continuar com a democracia liberal.
    Afinal, o que se esconde por detrás dessas propostas?
    E quanto à questão da conservação cultural da China diferentemente da África, é preciso não perder de vista que processo de colonização deste país feito pelo Japão foi diferente dos colonizadores europeus na África. Aliás, um continente com dezenas de países (hoje 54) ao passo que Império Chinês era um só povo, uma só cultura. Registre-se ainda que o Estado chinês se esforça para apagar as marcas da colonização (japonesa e inglesa) no seu povo. E finalmente, não podemos esquecer que diferentemente dos europeus que apesar de também se renderem às teorias racistas da superioridade branca face aos negros, alguns europeus constituíam famílias com mulheres africanas, o que não ocorreu com os chineses. Estes jamais admitiram sociedade multicultural, a união com os povos africanos é apenas económica. Quantos chineses de origem africano você conhece? Todavia, deve conhecer europeu de origem africano (a).

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