Sociedade

Filhos do Riboque criaram uma ONG para construir sustentabilidade e resiliência

Adelino Castelo David, Edgar Neves, António Viegas e Adriano Cassandra cresceram a brincar no barro vermelho do bairro do Riboque, na cidade de São Tomé. O barro vermelho do Riboque deu sustentabilidade ao alargamento da cidade de São Tomé. A terraplanagem de uma parte da actual Avenida da Independência, antes zona pantanosa, recebeu muito barro vermelho do Riboque.

Testemunhas da década de 50 do século XX garantem também que foi sobre o barro vermelho do Riboque, que o cinema Marcelo da Veiga, começou a ser construído na Avenida da Independência. Foi tanto barro vermelho extraído que a escavação colonial, abriu espontaneamente um campo de futebol para os meninos do Riboque.

Resiliência moldou o dia a dia dos habitantes do bairro emblemático da cidade capital. Adelino castelo David, estudou economia e finanças. Foi Ministro das Finanças. António Viegas e Adriano Cassandra também se formaram em economia e gestão. Edgar Neves fez medicina, e foi ministro da saúde.

FOTO : Campo de futebol do Riboque

Hoje, os antigos meninos do bairro vermelho do Riboque estão reformados. Acumularam experiência em matéria de sustentabilidade e resiliência. Criaram a Associação de Desenvolvimento Sustentável e Resiliência de São Tomé e Príncipe, uma ONG, que pretende apoiar, sensibilizar e formar as populações mais desfavorecidas do país.

O pontapé de saída tinha de ser dado na sua raiz, o barro vermelho do Riboque. «Somos todos oriundos do Riboque e estamos já na reforma, o que não significa estarmos mortos. Isso é para dizer que somos do Riboque, mas não olhamos só para o Riboque», afirmou Adelino Castelo David.

As crianças da escola Fernanda Margato foram os alvos da Associação de Desenvolvimento Sustentável e Resiliência de São Tomé e Príncipe.

«O Estado sozinho não consegue abarcar tudo e a educação é fundamental para nós. Riboque é a zona da periferia da capital mais populosa, e é onde se concentra um número razoável de famílias carenciadas. Se as famílias são carenciadas, as crianças sofrem», acrescentou o economista Adelino Castelo David.

A organização da sociedade civil sem fins lucrativos, diz que com os seus parcos recursos dá a contribuição para o desenvolvimento sustentável do país. A escola com mais de 300 crianças, do jardim de infância até a sexta classe, seleccionou as crianças mais desfavorecidas para beneficiar da primeira ajuda da associação. Batas novas, bolas e resmas de papel.

«Seleccionamos os meninos do primeiro e segundo ciclo. Seleccionamos as crianças mais desfavorecidas para receberem os uniformes. Também recebemos resmas de papel e bolas que vão ajudar bastante na aula de expressão motora», confirmou a directora Aida Aragão.

Para a ONG santomense, investir na educação é investir na sustentabilidade. «Contribuímos com os nossos recursos para essas acções. É um esforço financeiro de cada um de nós», pontuou Adelino Castelo David.

A Associação de Desenvolvimento Sustentável e Resiliência de São Tomé e Príncipe, não caiu do céu. Não nasceu como resultado de uma oportunidade programada pelos seus membros, para deitar as mãos sobre os fundos que circulam nas praças internacionais. Fundos atraídos em que as migalhas seriam lançadas sobre o barro vermelho do Riboque, e o bolo maior utilizado em proveito dos membros. Nasceu da alma patriótica santomense, para os santomenses.

Adriano Cassandra que vive na diáspora, trimestralmente vem à terra natal para reunir-se com os seus colegas do Riboque. Um exercício de comunicação, de reflexão e concertação que demorou 5 anos. Assim nasceu a ONG dos santomenses, que com os pés firmes no bairro do Riboque, começou a estender as ideias da sustentabilidade e resiliência a todo o território nacional.

Abel Veiga  

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