Na ilha do Príncipe, há bijuterias que contam histórias. São feitas com garrafas recicladas e encantam visitantes de todos os gostos. Cada peça carrega o talento e a dedicação de um grupo de mulheres da comunidade de Porto Real, que transformam lixo em arte — e arte em rendimento.
“Nós fazemos coisas incríveis. Fazemos colar, brinco, pulseiras, porta-chaves e muito mais.”
Durante anos, Ana Bela sustentou a família a vender pão. Mas tudo mudou com uma formação promovida pela Fundação Príncipe, em Acra, no Gana. Foi lá que, juntamente com outras mulheres, aprendeu a transformar resíduos sólidos urbanos. À chegada, fundaram uma cooperativa dedicada à valorização desses resíduos.
“Antes, quando éramos dez, não tínhamos tantos produtos disponíveis. Agora, sendo apenas duas, graças a Deus, realizamos o trabalho de cinco, dez ou até vinte mulheres”, destacou Ana Bela.
Os artigos são vendidos tanto na ilha como no exterior, e os resultados têm superado as expectativas.
“Vendemos cada colar, feito de garrafa de vinho, por uma média de 30 euros (equivalente a 750 Dobras). Os porta-chaves custam 10 euros e os brincos, embora variem de preço, têm um valor inicial de 6 euros. No final do mês, fazemos uma poupança: após cobrir todas as despesas—incluindo salários, energia, manutenção e assistência ao veículo da cooperativa, adquirido com nosso trabalho e depositamos 25% do rendimento no banco.”
Além das bijuterias feitas com vidro reciclado, a cooperativa também produz composto agrícola a partir de resíduos orgânicos, promovendo uma economia mais circular e sustentável.
José Bouças
