Lourença Duarte Semedo, CUMAZINHA. O direito a cidadania.
A sociedade santomense, que me corrijam os historiadores, ou aqueles que disponham de melhor informação, está composta por uns cidadãos, homens e mulheres, originários da ilha de Cabo Verde, que eram portugueses, e apesar de portugueses eram considerados de 4a categoria, feitos escravos de serviço, e que foram arrancados de Cabo Verde, para São Tomé, alguns ainda meninos e meninas, como contratados por via da curadoria, para servir nas roças.
Cresceram, viveram, juntaram-se uns e outros e com santomenses e deram a esta terra filhos, tongas, e morreram sem voltar as suas terras, com a morabeza na alma e a morna no coração, com sodade desse nhã terra longe, outros cu sodade de su mudjer e fidj, su cretcheu, lá longe, cu corasson partid, iam chorando nas mornas o desejo sempre adiado de voltar! Foram esquecendo, foram perdendo, foram ganhando santomensidade, sempre na sodade da ora di bai que não ia chegando nunca mais.
Capinaram, capinaram, plantaram e colheram, apanharam cacau, café, cana de assucar, apanharam e secaram cacau e café e apanharam chicote!
Serviam na espera de partir e ficaram, e secaram, por dez, vinte, trinta, quarenta, cinquenta anos, com grogue e snifando rape de tabaco, comendo midjo cu fidjon, cu tchorissu, na tão gostosa catchupa.
Foram morrendo, enterrados nesta terra que os consumia de saudade da terra de onde foram arrancados e abandonados a um destino de nunca mais voltar! Oh mar ! Oh mar, decham bai pá nhã terra, canta ainda depois da partida, a voz morna de Cesaria.
Uns, poucos, enriqueceram, outros tantos e tantos e tantos na mesma, sempre pobres, mas sempre nesta terra, sempre em São Tomé! Ness terra longe, ness terra longe di santome.
Sendo esses homens e mulheres portugueses da colônia e depois província de cabo verde, de onde foram retirados, vieram para a colônia e depois província de São Tomé e Príncipe, onde orgulhosos e diferentes e sempre “brabos” labutaram, deram filhos e filhas até morrer neste chão vigoroso de santome!
Uns ainda vivem no sonho da ora di bai!
Estas mulheres e homens perderam a sua terra, a sua morabeza, e a sua identidade portuguesa e, viraram, pela independência de cabo verde, cidadãos cabo-verdianos que nunca deixaram de ser, mas cabo-verdianos de nacionalidade!
E até hoje não ganharam de pleno direito o direito de ser santomenses, nem os seus fidj, e sus fidj de sus fidj que nasceram e cresceram em santome, puderam como os pais “regressar”, que nasceram de pai ou mãe santomense e pela constituição da república de santome são filhos e nacionais de santome, por direito de nascimento em solo santomense.
Estas pessoas que assistiram a independência de santome, e não assistiram a independência de cabo verde, que foram portugueses das terras do fogo, da brava, de soncent, santiago, badiu [que nunca foram, pois não eram vadios] ou sampadjude,[pois desde a chegada a santome “sempre ajudaram”] teem direito a ser cidadãos santomenses!
Que o Diálogo Nacional deles se não esqueça. Devem ser reconhecidos, no direito a cidadania, numa resolução que os inclua,
(1) Todos os nascidos em cabo verde residentes em São Tomé e no Principe, no dia 12 de Julho de 1975, gozam do direito de ser reconhecidos, a seu pedido, cidadãos santomenses, sem perderem a sua nacionalidade cabo-verdiana.”
(2) Todos os filhos de naturais de cabo verde, nascidos em São Tomé ou no Principe, filhos de pai ou mãe santomense são cidadãos santomenses, sem prejuízo de opção pela nacionalidade cabo-verdiana.
(3) A prova da naturalidade resulta do registo de nascimento sem outras formalidades.
(4) Todos os cabo-verdianos de origem que residiam em santome em 12 de Julho de 1975, e pedirem a nacionalidade santomnse, são eleitores e podem ser eleitos para os órgãos autárquicos e regionais.
(5) Todos filhos de pai ou mãe natural de cabo-verde e nascidos no território de santome e filhos de pai ou mãe santomense, com o estatuto de cidadão santomense, gozam de capacidade eleitoral ativa e passiva, podendo eleger e ser eleitos deputados da Assembleia Nacional.
Avo cumazinha espero ter sabido honrar a tua memória e dedico esta crônica a todos naturais de cabo verde e seus filhos nesse “nos terra di santome”
Carlos Semedo
bia
31 de Março de 2014 at 9:05
Crónica para boi dormir. O Sr. Não tem processos para julgar em Portugal? Ou ainda está suspenso do exercício da Magistratura em Portugal? Vai trabalhar e deixa de conversa fiada!!!
Semedo
31 de Março de 2014 at 15:14
Bia, sabes que o povo diz que ” vozes de burro não chegam ao céu” ?
Sabias que um burro ainda aprende a levar carga e gosta de comer palha!
Tu que sabes ?
Manuel Soares, não estou a fazer guerra com ninguém, achas de boa mente que o que escrevi e fazer a guerra ? Bom se o que me propões e conversar-mos então aparece onde sabes que me vais encontrar que te estenderei a mão! E dialogaremos! E se queres tu ter algum tacho, talvez se tiveres vontade de aprender alguma coisa comigo, quem sabe possas arranjar um tacho! Se só me queres ofender, arrotando estas porcarias, então não vale Pareceres, plissares que só tomo as parvoíces que dizes porque sei que não podes fazer ou dizer mais e quem tem as limitações que relevas, de falto não pode dar o que não tem! Respeito, se orecisares de alguma cosa de mim, aparece!
Para o tal que se diz de “tudaxi” fica sáb do que o que escrevi foi sobre a minha avo, e seguramente aquilo que agora “descobriste” para me atirar se soubesses ler terias saindo que não e novidade e afinal não estas a dizer nada de novo. Fico a espera que me ensines e aos leitores do TN a tua parte da ciência ou da história de STP.
bia
1 de Abril de 2014 at 8:39
Como um juiz pode ter uma linguagem tão marginal, independentemente de se sentir ou não ofendido…!!! Meu Deus!!! Duvido que escreva coisas dessas em Portugal. Só mesmo aqui… Chutaram o Sr. de PT e agora descobriu que afinal tem costela Santomense…Estranho!!!Mas enfim!! É a vida…Passô!!
Zmaria Cardoso
31 de Março de 2014 at 9:13
Quer seja dôtor de Direito, quer seja uwê betu de Política, quer seja um bernabé de Economia há uma coisa que a terra longi di santomé enterra na placenta dos seus filhos. A pertença de ser são-tomense.
É tão doce quando o silêncio possa descer ao ôbô da alma e unir as palavras para um futuro comum de desenvolvimento sócio-económico.
Parabens!
Carlos Santos
31 de Março de 2014 at 9:30
Porquê não atribuir a nacionalidade a aos nossos irmãos Cabo Verdiano que nos ajudaram a construir o país,se fosse Libanês ou Nigeriano ja teriam bacionalidade.
Estanislau Afonso
31 de Março de 2014 at 10:05
Acho justo que devemos respeitar e dar oportunidades aos descendentes de Cabo-Verde, Moçambique e Angola. Até o Governo Português deveria dar pensão de reformas aos cidadãos que foram levados para S. Tomé e Príncipe no período colonial. Mas meus senhores, não vamos distrair o povo com o fracassado do Diálogo Nacional porque uma coisa não tem nada a ver com a outra. Temos que exigir acta do diálogo Nacional, não podemos aceitar que pessoas que representam o povo de S. Tomé e Príncipe venha brincar connosco,afinal qual é o fruto…..
Saudoso Francisca
31 de Março de 2014 at 11:04
Carlos Semedo!
Bô tê téma pássá, Ê sá lóló.
manuel soares
31 de Março de 2014 at 11:43
Meu caro Dr Carlos Semedo, o senhor é filho desta terra , o senhor é São-Tomense, por favor, vamos deixar destas guerras, os caboverdeanos que vieram para São Tomé e Príncipe antes da independência também serão São-Tomenses, só que têm que requerer a nacionalidade sãoTomense, porque lhes foi dado o direito de opção logo após a independência e muios optaram pela nacionalidade caboverdeana, sabemos disto.
Já agora meu caro Dr Semedo o Pinto ainda não lhe deu nenhum tacho? Insista com ele que vai lhe sair algo!!!!!!!!
Kole npian ba labu
31 de Março de 2014 at 20:18
Como ja li em comentários anteriores sobre este tema, também eu gostaria de saber a razão de todo este palavreado. Com tanta coisa importante para se resolver para que esta terra va pra frente, estão a espera que o DN emita uma resolução para reconhecer o direito de cidadania santomense aos caboverdeanos. Por acaso a Lei de Nacionalidade em vigor na RDSTP proibe que os Caboverdeanos possam ter tambem a nacionalidade santomense??
Gostava muito sinceramente que alguem que conheça bem esta questão me esclarecesse. Pois, ao ler a cronica do Sr. Semedo fica-se com a impressão de que o Estado de STP não reconhece este direito aos irmãos caboverdeanos que residam em STP. Isto será verdade? Se for verdade, estamos perante um caso grave. Mas obvio que não é.
Como disse Manuel Soares, eles têm que a requerer.
manuel soares
31 de Março de 2014 at 11:45
Já agora eu ia me esquecendo , associa -se também ao Olegário Tiny que sabe mais que todos, mais inteligente de todose agora o Dr Olegário TinY fala que nem uma matraca só quer engraxar.
Saudoso Francisca
31 de Março de 2014 at 14:19
O Manuel Soares,
A bufunfa da Autoridade conjunta com a Nigéria esta em queda livre, assim sendo o Olegário como só gosta do poleiro e daqueles bem alto lá em cima, tem que fazer de tudo, só que terá que disputar com o engraxador Semedo.
Pagué sagi nontudaxi
31 de Março de 2014 at 12:51
Não! A população São-Tomense tem muito mais que só esta origem! A amâlgama populacional de STP é mais complexa e rica do que o Sr Doutor expressa aí! Estranho que não o saiba com tanta bagagem cultural que lhe é notória…
matutui
1 de Abril de 2014 at 11:20
Estimado Dr. Semedo
Não lhe conheço, mas através dos teus escritos começo a ganhar uma certa admiração por si. Vejo em ti qualidades intelectuais muito a cima da média embora as humanas ainda não pude conhecer.È surpreendente e até mesmo revoltoso a forma como lhe atacam! Se é realmente santomense o senhor tem todo o direito como muitos de regressar ao teu País e continuar a trabalhar independentemente se a vida lá fora lhe correu mal ou bém.
Eu lhe peço muita paciência e muita calma! Continue a lutar que as portas irão se abrir! Um Abraço!
Só uma questão: não é por ironia- Porque literalmente escreveu assucar?
Semedo
1 de Abril de 2014 at 18:34
Meu caro,
Grato pelo teu apoio, pois sabe sempre bem ouvir palavras boas que são um bom estímulo.
Escrevi açúcar daquele modo porque queria escrever em crioulo de cabo verde e o corretor compôs mal a palavra mas os erros de ortografia escapam-nos muitas vezes por estar a escrever num iPad e a revisão do texto trai-nos.
Sim sou filho e neto de santomenses e neto de caboverdeanos nesta rica mistura do nosso pais!
A vida não me correu mal em Portugal, onde me formei em Direito e onde exerci e exerço nas magistraturas e também exerci como advogado! Felizmente tenho emprego há mais de trinta anos, e tudo o que tenho foi ganho com o suor do meu rosto e de cara erguida e és pinha dorsal direita, nunca roubei nada a ninguém nem vivo ou vivi a custa de bisnis.
Sempre amei a nossa terra e nesta reta final da minha vida, já que tanto dei a outra terra onde vivi e dei filhos, e que tem tantos que lhe continuam a dar, que decidi dar também um pouco do que sei e posso a terra onde minha “ulua” está enterrada.
Agradeço do coração as suas palavras de estímulo e creia-me não sou homem para ter medo e não desistirei pois sei que os que hoje me atiram pedras amanhã ou não terão mais pedras para me atirar ou vão reconhecer que afinal agiram mal e nesse dia terão a minha mão estendida para os cumprimentar e dialogar.
Sabendo que custa conviver com gente mal formada, mas e nosso dever continuar para que a boa formação vença afinal.
Um grande abraço santomense.