Neste texto, não pretendemos falar do espaço público no sentido que empregamos, como lugar físico, mas, sim procuramos falar do espaço público como lugar de comunicação. Certamente, todos sabemos que o espaço público é fundamental à democracia. Na medida em que a democracia precisa do espaço público para estabelecer comunicação, debate e trocas livres de ideias frutíferas. Às vezes na nossa sociedade não se coloca sobre a mesa a informação completa, isto porque muitas vezes essa informação é selecionada de acordo com os próprios interesses, sejam eles políticos, económicos ou ideológicos. Isto torna difícil elaborar um juízo equilibrado e prudente sobre varias questões, tendo presente todas as variáveis em jogo.
Este primeiro parágrafo, leva-nos a entender que o espaço público é necessário, ou seja, é fundamental a democracia na medida em que todas as coisas devem ser chamadas pelo seu nome.
Por isso, todas as sociedades democráticas devem dispôr de espaços de debate, onde todos aqueles que poderiam de algum modo ver-se direta ou indiretamente afetados, terem a possibilidade de expôr as suas problemáticas ou terem acesso a uma informação ampla e fidedigna para adotar decisões tendentes ao bem-comum presente e futuro.[1]
Contudo, por não encontrar este espaço de comunicação na nossa realidade quotidiana fazemos esta pergunta: existe o espaço público no nosso país? Não querendo equivocar, a constatação imediata é a de que não existe o espaço público. Na medida em que este (espaço público) está nas mãos de umas quantas pessoas cujo discurso não faz mais do que alimentar a inércia e o fechamento sobre si próprios de estrutura das relações de força que elas representam.[2]
Se analisássemos mais profundamente a nossa política, constataríamos que ela ainda esta fechada. O espaço de comunicação, das trocas livres de ideias, está fechado. Não existe debate político na nossa sociedade, quer na televisão quer na radio, o que existe é troca de opiniões e argumentos entre homens políticos. Basta observamos comentários nas redes sociais que as pessoas estão cansadas da política e dos políticos porque os políticos não provocam, não convocam esperança ativa no povo.
A politica quando se prende a si própria, não cresce, não educa, não inova, não estimula, não liberta e nem estabelece relação entre os homens. Podemos constatar isso, nas vulnerabilidades que existe no ceio dos partidos políticos. Mas, contudo, nem tudo está perdido, porque os seres humanos, como são capazes de tocar o fundo da degradação, também são capazes de superar esta degradação e voltar a escolher o Bem.
Quanto aos políticos, esta escolha do Bem, requer promover uma política mais humana, mais ativa, mais aberta, mais flexível de modo a responder as questões do povo, da injustiça, da família, da saúde pública, da educação, do saneamento, das infraestruturas, da taxa do alcoolismo que tende a cada dia a subir, dos elevados preços dos bens alimentícios.
Portanto, queremos uma política que recorra, a sua substância, ao seu fundamento que é o Bem-comum, isto sim, é a beleza da política.
Como sabemos, o Bem-comum pressupõe o respeito pela pessoa humana enquanto tal, com direitos fundamentais e inalienáveis orientados para o seu desenvolvimento integral. Exige também os dispositivos de bem-estar e segurança social e o desenvolvimento dos vários grupos intermédios, aplicando o princípio da subsidiariedade. Entre tais grupos, destaca-se de forma especial a família enquanto célula basilar da sociedade. Por fim, o Bem-comum requer a paz social, isto é, a estabilidade e a segurança de uma certa ordem, que não se realiza sem uma atenção particular à justiça distributiva, cuja violação gera sempre indignação, confronto em última análise violência. Toda a sociedade e nela, especialmente o Estado, tem obrigação de defender e promover o Bem-comum.[3]
Como podemos ver exige-se mais responsabilidade pelo bem-comum a quem tem mais poder. Logo, quem tem mais poder é o Estado.
VICENTE COELHO
[1] Laudato Si, pág. 102.
[2]Gil, J, O Medo de Existir, pág. 26.
[3] Laudato Si, pág. 118.
bô
9 de Dezembro de 2017 at 13:14
Meu caro, eu gosto da forma como interpretas a sociedade e tudo o que nela envolve. A substância de política é mesmo o bem-comum. É por querer o bem-comum que o povo elege o governo, mas eles esquecem disso.
bô
9 de Dezembro de 2017 at 13:15
parabéns
Flor
9 de Dezembro de 2017 at 14:26
Interessante visão.
Sever
10 de Dezembro de 2017 at 15:46
Bom texto.
Mundo
10 de Dezembro de 2017 at 17:51
É muito bom, quando alguém pensa na sociedade desta forma. Eu sei que muita gente não gosta de tipo destes artigos porque inquieta.Parabéns jovem