O Estado Democrático de Direito parece estar em risco. O caso é a eleição legislativa do dia 7 de Outubro, em São Tomé. Os votantes são-tomenses revelaram nas urnas a força do povo, fazendo jus à palavra de ordem – «o povo manda nas urnas» – expressão já conhecida e repetidamente saída das bocas dos nossos políticos, que a usam como slogan nas passeatas e comícios dos partidos políticos.
Todavia, o resultado das eleições parece ser um autêntico folclore. Houve um pouco de tudo. Desde o partido que se esqueceu de combinar melhor os resultados das eleições com a Comissão Eleitoral Nacional ao tumulto de um povo ansioso e cansado de esperar pelos resultados que se eternizavam em sair. Mais, ainda faltam os resultados definitivos a serem ditados pelo Tribunal e agora aguardados em jubilosa esperança pelo povo. O certo, porém, é que num cenário de quase total escuridão, em ecrã homúnculo, temos vindo a acompanhar o filme de uma realidade alarmante que nunca se vira nas salas cinematográficas do nosso país: a luta quase antagónica entre os são-tomenses que se digladiam na arena do poder. Permitam-me dizer assim, embora seja uma afirmação que encontrará em muitas mentes um repudiante descanso. Ou, talvez não, para aqueles que têm uma mente acomodada.
Mediante isto tudo, há uma pergunta que não se cala: Que modelo de democracia – se é que há algum – estamos a projectar das nossas telinhas para o mundo? Pergunta que, certamente, encontrará a sua justiça na consciência de cada um no confronto com a realidade.
Apresentemos, contudo, um dos paradigmas do que é a democracia – o poder do povo – em África, Nelson Mandela ou, melhor ainda, (São) Madiba. Nós bem conhecemos a história que a vida lhe escreveu: Líder rebelde e, posteriormente, presidente da África do Sul entre os anos 1994 a 1999. Mas, importa-nos destacar que o principal representante do movimento «anti-apartheid», considerado pelo povo um guerreiro em luta pela liberdade, era tido pelo governo sul-africano como um terrorista, o que lhe custou quase três décadas no cárcere.
Ora, Mandela, assim carinhosamente conhecido, saindo do cárcere, tornou-se o primeiro presidente negro da África do Sul – à semelhança do Barack Obana nos Estados Unidos – e comandou a transição do regime de minoria no comando, o «apartheid», ganhando respeito internacional por sua luta em prol da reconciliação interna e externa. Não quero com isso fazer uma apologia de incitação à revolta, mas apresentar um belo mosaico paisagístico da democracia a imitar. Será que nos falta um líder assim? Aliás, um bom líder? Reparai bem no que eu escrevi: um bom líder, não um chefe! Pois, de chefes e doutores está cheia a nossa pequena Ilha.
Por isso, faz-nos pensar o que dizia Obama por ocasião do centésimo aniversário de Nelson Mandela, num estádio em Joanesburg: «a política do medo, do ressentimento e da redução dos gastos começaram a parecer, e esse tipo de política estão agora a florescer num ritmo que nos parecia ser inimaginável há alguns anos». Continuando o seu discurso, disse que «as estruturas prévias de privilégios, poderes, injustiças e exploração nunca desapareceram totalmente, nunca foram totalmente apagadas». São afirmações que levam-nos a reflectir. Afinal que tipos de estruturas têm-se criado na nossa sociedade? De medo ou de democracia? Uma coisa, porém, é certa, não há muros que resistam à força do povo.
Portanto, parece-me que o nosso povo já está exausto. Cansado de ter que defender a democracia e os direitos humanos e de lutar contra as restrições que se tem criado no país. Alguns, inclusive, perderam os seus amigos do passado nestas eleições. O que não deixa de ser normal. O anormal é continuarmos nesta indefinição. Não podemos continuar a brincar de democracia, pois «a Nação não se confunde com um partido, um partido não se identifica com um Estado». A justiça é ciência e ponderação. Exige conhecimento e objectividade por parte do Juiz e serenidade no seu julgamento. Quando se julga com base nas paixões, o que menos interessa são os factos. Para a justiça, só a verdade, nua e crua, interessa. Sejamos sérios! Façamos valer a voz do povo, o verdadeiro Juiz! Porque é isso que constitui uma sociedade democrática: a força do povo.
Francisco Salvador
Anonimo
16 de Outubro de 2018 at 16:56
A força do povo esta là quem elegeu mais deputados no seu partido?
ADI
Metido a Besta
16 de Outubro de 2018 at 18:18
Por isso, faz-nos pensar o que dizia Obama por ocasião do centésimo aniversário de Nelson Mandela, num estádio em Joanesburg: «a política do medo, do ressentimento e da redução dos gastos começaram a parecer, e esse tipo de política estão agora a florescer num ritmo que nos parecia ser inimaginável há alguns anos». Continuando o seu discurso, disse que «as estruturas prévias de privilégios, poderes, injustiças e exploração nunca desapareceram totalmente, nunca foram totalmente apagadas.
Excelente texto que faz-nos reflectir.
Sr Obama como advogado sabia o que estava a falar e observei esta situacao em Portugal e posteriormente confirmado na Inglaterra que, na verdade, a escravatura nao foi abulida, mais sim substituida pela buracrcia. Bureaucracy of slavery.
Alias, o actual primeira ministra Inglesa , Sra T May havia classificado o estao desta situacao como” Modern Day slavery”
O Estado como entidade obstracto representado por funcionario publico , ministros e secretario de Estado, basta dizeres algo que nao agradam estes punhados de individos para dar inicio a opressao usando a buracracia.
Deus fez homem com livre arbitros e apenas os estupidos politicos que pensam que tem poder para acaocinar pensamento dos demais quando nao tem poder sobre seu tempo em baixo de Ceu.
O ADI, P Trovoada e seus vulgos deputados nao perdem por espera.
Homem nenhum escapou a justica Divina e nao importa se acredita ou nao em Deus.
Matrusso
16 de Outubro de 2018 at 22:08
Seja coerente sr anónimo.
Para ti, comandar presidente da república, assembleia nacional, comissão eleitoral nacional, procurador da república, supremo tribunal de justiça, tribunal constitucional, quando és governo, é democracia?
Em que modelo?
Se não sabes leia e procura preceber.
Se és egnorante, lamento.
Ja somos adultos para nos deixarmos ser enganados… Não se faça de parvo
Não te interessa
16 de Outubro de 2018 at 22:16
Um belo texto! Seria bom que os nossos políticos vissem ou lessem. Parabéns!
anaconda coral
16 de Outubro de 2018 at 23:26
Nao houve tempo de antenna para a oposicao. Nao houve quadradinho da oposicao no boletim do Voto. Houve 4 concorrentes nestas eleicoes. Cada concorrente fez campanha separadamente esgrimindo is seus arguments para que o povo escolhesse apenas um concorrente para governar o paid No’s proximos 4 anos. Oficialmente o povo nunca foi informado que estariam apenas dois concorrentes ( bloco da oposicao versus block do Partido do governo cessante). Tendo ido os 4 concorrentes a disputa e a caca aos votos dos eleitores em pe de igualdade, honestamwnte falando, e numa verdadeira democracia nao deveria haver lugar a vitoria do bloco oposicao no sentido de formar govedno, porque o opsicao nao esteve no boletim de voto Como opcao de escolha de casa eleitor. Ora, tendo cada eleitor votado num Dos quattro quadradinhos de sua preferencia para governacao No’s proximos 4 Anos, e tendon sido contabilizados/somados todos os boletins de votos correspondents preferencia Dos eleitores em relacao a cada concorrente, e tao simples e comprehensively que o concorrenete que tenha somado Mai’s numerous de votos deve governar durante is proximos 4 anos. E tao dificil isso? O recurso a maioria absolute, a maioria simples, a nocao de sensura, ao veto do programs na assembleia, tudo isso sao artemanhas e malabarismos Dos cabuladores. Dos que querem o older a to do custom contrariando a vontade da maioria. E vergonhoso um Partido ou coligacao que tenha conquistafo apenas 9% do total Dos eleitores se arrogue o dieeito de governar ou bloquear no parlamento com mocao de censura outdo Partido que tenha conquistadors 45% dos coracles DOA eleitores alegando que o block da oposicao reve a maioria absoluta. Is to so pose Ser brigas de criancas. MA’s vindo de Mai’s velhos, outros ditos doutores, so cheira ambicao do poder. Apos is 43 anos de independencia, is santomenses devem surpreebder o mundo com outro tipo/modelo de democracia. Nao aquela democracia de maioria simples, maioria qualificada, maioria absuta. Maioria e maioria. Nao pose haver duas ou trees minorias concorendo separadamente, e apos is resultados minoeitarios se juntam para suplantar a maioria, quer ela seja simples, qualificada ou absoltuta. Se nao river a maioria absoluta nao governar. Ora bolas. Que democracia e esta? Democracia do constirucionalista Portuguese, pai da CR de RDSTP. E bom notar que uma maioria absoluta de 28 vs 27 nao e uma maioria absoluta confortavel. Ela e tao somente uma maioria.absoluta desconfortavel, pois basta que dois deputados da maioria absoluta desconfortavel se ausentem sa sala durante a votacao que a suposta maioria absoluta desconfortavel se transforme num pesadelo. E esta reviravolta pose acontecer n vezes Durante is proximos 4 anos. O pais parara. STP nao merece isso. Facam uma constituicao que defina o seguinte: o Partido que obtiver a maioria Dos votos bem que seja Mai’s 1 que o Segundo classificado governa durante is 4/anos seguintes para dar major tranquilidade de espirito ao paid. Nas preidenciais: aquele que obtiver maior Numero de votos, bem que Mai’s 1/que o Segundo classificado e eleitores presidents para is 5 anos seguintes. Esquecam as segundas Volta’s e poupem esforcos monetarios, psiquicos, e outros desgastes ao paid. Facam algo Mai’s maduro made in STP. Different Dos outros pauses. Mostrem ao mundo que STP tambem pose criar uma Constituicao sus-generes, Mai’s soft e memos conflituosa em mundo inteiro. Quem ganha, ganha. Quem ganha governar. Todos restantes perdedores, preparam-se melhor para o proximo round. Evitem o espectaculo de maioria simples, maioria qualificada, maioria absoluta, maioria absoluta desconfortavel e maioria absoluta confortavem. Estes homens so impingiram tudo isto a STP com.intuito de dividir is santomenses e criar maiores feridas no seio de irmaos. Mostrais ao mundonque sous adultos de acim.de 43 anos. Que tambem sabeis xriar algo diferentw da europa que vos una. Uma Constituicao made in STP fruto Dos constrangimentos criados pela Constituicao Vicente. Mocao de sensura mesmo antes de formacao de governo?/Sugerir ao 0Presidenre da Republica para Queimar etapas no sentido de criar um governo que inclua Partido e coligacao memos votados caso contrario este governo do Partido que conquistou sozinho 45% Dos coracles Dos eleitores? Nao. Sois adult is, muitos com filhis e Neto’s. Passaram na escola, nas faculdades, nas universidades, Ja participates em varuas eleicoes a nivel profissionais, a nivel de organizacoes internaciinais, nas estou certo que nunca vistes tamanha barbaridade. E tempo de mudar isto.
Dono Téla
17 de Outubro de 2018 at 7:56
A Nação não se confunde com um partido, um partido não se identifica com um Estado». Bem dito! É bom que esses juízes leiam isto….gostei muito do artigo. Força, jovem!
Mais além
17 de Outubro de 2018 at 11:06
Não há muros que resistem à força do povo. Povo põe, povo tira…povo mais além kkk. Bem escrito!
Não volto ao passado
17 de Outubro de 2018 at 11:11
Bô cundá cuma pôvô sá flôgá…dói mas sai é
O crítico cantagalense
17 de Outubro de 2018 at 13:15
Os Políticos curruptos ? destas duas ilhas?? deveriam ler por obrigação este artigo brilhante, pois, reflecte bastante uma visão ampla sobre a Política actual no país?? .
? Gostei de ler este artigo, e pude saber mais coisas em relação sobre STP que não sabia no âmbito da Política mal feita para um povo, que a cada dia sofre para ter um pão de cada dia, ainda mais chamam e dizem que este povo é “pequeno”, palavras saídas da boca do Pinta Cabras PT e outros seguidores de ADI…
ADI = Agarrados no poder, mesmo que tenham que aniquilar todos contra suas ideologias, que é obedecer, obedecer, resumindo “culto ao chefe Pinta Cabras PT”..
Aproveito para deixar bem claro que o povo santomense não é povo pequeno, mas sim e sim um Povo Grande…
Os que votaram em ADI não têm noção do grande erro que cometeram.
Foi uma pena o povo não ter dado a MLSTP/PSD maioria absoluta, porém sei que pela tensão sócio-política que o país tem atravessado tenho certeza absoluta que muitos já estão desiludidos por terem apostado mais mais uma vez no ADI.
ADI mais além, pidu cu salu…
Parabéns, meu caro e grande colega Francisco Salvador pela reflexão e continua nos oferendo mais artigos como este futuramente.
Bem haja a todos.
Jorge Bom Jesus – 1ºMinistro ??
DOI a quem doer, falam o que querem falar, mas passa.
Só vejo
18 de Outubro de 2018 at 8:29
Tenho acompanhado já o que aqui tens nos brindado…sempre apresentando nos uma verdade crua da nossa realidade. É disso que nós queremos, não de politiquices. Gosto da forma como escreves. Falas do pecado, apresenta as soluções e diz quem peca. Um bom crítico é assim. A nação precisa de pessoas assim! Força
A voz do povo
18 de Outubro de 2018 at 23:13
Eles leram o teu artigo…o pinta cabra fugiu! A voz do povo falou mais alto. Viva a democracia! Que Deus te ajude, rapaz! Escreve mais coisas…
Edi Viegas
19 de Outubro de 2018 at 8:20
Uma bela mensagem para reflexão. Parabéns pelo conteúdo e coerência da mesma. É importante que nós nos consciencializemos acerca das nossas responsabilidades e fujamos cada vez mais dessa cultura de inversão de valores que reina na nossa sociedade.
Ana Fernandes
19 de Outubro de 2018 at 12:15
Assim que se escreve (crítica)…tá muito bem elaborado. Eu gostaria de te conhecer pessoalmente, jovem! Parabéns