Há 5 meses o mundo não imaginava que estaríamos hoje perante uma espécie de Guerra Mundial. Uma guerra não declarada e que não se tem disparado um único tiro, mas que tem ceifado até ao momento milhares e milhares de vidas humanas em quase todos os Países do mundo.
As grandes potências mundiais têm vindo há muito tempo a preparar-se para uma Terceira Guerra Mundial, sobretudo os países que viveram essa experiencia nas últimas duas guerras. Neste sentido, tem-se verificado uma corrida armamentista sem precedentes. Cada uma dessas superpotências tem fabricado e divulgado as mais sofisticadas armas de destruição massiva, num autêntico jogo psicológico e intimidatório, cada uma a procurar ter vantagens em relação a outra, para saber quem possui as armas mais modernas e mais destruidoras.
Nesta caso, os beligerantes estão devidamente identificados, pois, o que importa é de saber se num eventual conflito bélico, quem teria melhor capacidade de destruição para vencer uma hipotética guerra.
Quando se fala de guerra, há sempre dois ou mais beligerantes, devidamente identificados. Neste caso, ninguém equacionou uma guerra em que o inimigo é comum e invisível e cuja ação destruidora é contra toda a humanidade. Portanto, uma luta de um contra todos.
Conhece-se muito pouco esse inimigo invisível. Só se sabe que tem a uma ação muito destruidora. Por essa razão que os Países têm encontrado dificuldade no seu combate.
Neste sentido, as cartas estão completamente embaralhadas. A Terceira Guerra Mundial que estava em preparação, com gastos exorbitantes de meios financeiros, não tem nada a ver com a situação de guerra que estamos a travar neste momento e que surpreendentemente nos fora imposta.
Já imaginaram se todo esse dinheiro aplicado em armamentos fosse investido na luta contra a pobreza, em estudos sobre desastre ambiental e na investigação científica para se encontrar tratamento para muitas doenças que apoquentam a humanidade?
Por ironia do destino, nesta guerra, estamos todos no mesmo barco com os mesmos meios disponíveis, sejam países grandes ou pequenos, ricos ou pobres. Todas essas armas sofisticadas não têm nenhuma serventia para esta guerra.
Não é uma guerra localizada. Só sabemos que provavelmente iniciou na província de Wang na Republica Popular da China e pouco tempo depois estendeu-se a toda a China, países asiáticos vizinhos e propagou-se muito rapidamente a todos continentes.
Até agora não se sabe quem será o vencedor ou o vencido deste conflito. O inimigo é poderoso, por isso que o desafio é grande e o mais grave é que ninguém tem uma resposta cabal para sua resolução.
Bem, já repararam que até agora estou apenas a metaforizar. E se não fosse verdade o que vou dizer a seguir, daria para um filme de ficção científica. Mas não é, porque trata-se de uma situação real que estamos a viver, em que o tal inimigo invisível é um vírus que a Comunidade Científica convencionou chamar Covid 19, Coronavirus e que está disposto a devastar o mundo.
Segundo aquilo que tenho lido nas diversas informações disponíveis nas redes sociais, nas televisões e nos jornais, Covid 19 é um vírus com grande capacidade de contágio.
A comunidade científica conhece muito mal esse vírus e não existe ainda fármacos eficazes para o combater, pois, como disse antes, essa pandemia estava fora das previsões e agenda de toda a Comunidade Internacional. Daí o dilema.
Por isso é que quando o vírus começou a matar na China, o resto do mundo subestimou a doença. Pensou-se até que era um problema localizado na China e que ficaria por ali. Mesmo a OMS declarou a doença uma pandemia muito mais tarde, depois da situação tomar proporções catastróficas e estender-se para o resto do mundo. A declaração de pandemia devia ter sido uma ação preventiva e não esperar que a situação agravasse para só depois alertar a humanidade da gravidade da situação.
Daí que se tem constatado a forma impreparada e desprevenida como os ditos países desenvolvidos estão a lidar com a pandemia. Nota-se uma descoordenação e desorientação geral. Em alguns Países a situação está mesmo fora do controle e consequentemente com centenas de mortes diariamente, sem que haja uma diretiva concreta e esclarecedora da comunidade científica internacional em definir como lidar com a pandemia.
A situação é de tal forma catastrófica, ao ponto de na Itália, ter-se que escolher quem deve viver e quem deve morrer. Isto é dramático se tivermos em conta o nível de desenvolvimento desse Pais.
Enquanto isso, os governos têm tomado algumas medidas de eficácia duvidosa, primeiro porque não se conhece bem a problema, segundo porque a humanidade não esta preparada e nem tem meios para enfrentar a situação e terceiro porque tem a ver com uma serie de fatores sensíveis, muitas delas relacionadas como medidas de privação de algumas liberdades individuais.
Só agora é que os laboratórios do mundo inteiro estão a correr contra o relógio para fabricar um medicamento para a cura da mortífera doença. Se conseguirem, para muitos milhares ou mesmo milhões, será tarde demais.
Sobre as questões higiénicas básicas, que são fundamentais, segundo os cientistas não vou-me referir nelas porque são sobejamente conhecidas.
O resto do mundo estava de tal forma distraída que não tomaram atenção como é que a China estava a lidar com a doença com vista a resolver o problema. Houve até críticas a China, de alguns países ocidentais devido as medidas drásticas que foram tomadas relacionadas com as liberdades individuais, medidas essas que foram determinantes na mitigação ou mesmo na resolução do problema. Tardiamente, os países ocidentais foram obrigados a adotar o mesmo mecanismo, tendo em conta o agravar da situação.
Há 4 dias que a China já não tem nenhum caso novo de coronavírus. Significa que o resto do mundo deve seguir as medidas tomadas por esse Pais com vista a debelar a calamidade.
Uma coisa é certa. No final dessa crise de dimensão planetária, o mundo não será como dantes.
Em relação a São Tomé e Príncipe. Estamos todos muito preocupados, tanto as autoridades do Pais como toda a população.
São Tomé e Príncipe é um Pais pequeno, vulnerável, subdesenvolvido, insular, com muitas carências ao nível de assistência médica medicamentosa. Por isso é que temos todas as razões para precavermos com todos os meios e procedimentos ao nosso dispor para evitarmos uma situação catastrófica de resultados imprevisíveis. Se tivermos em conta as dificuldades que os países desenvolvidos têm tido para enfrentar essa crise epidemiológica, certamente que teremos muito mais dificuldades de lidar com a situação. Por isso é que se deve apelar a unidade e a determinação de todos os são-tomenses para juntos enfrentarmos o mal.
As orientações do governo devem ser rigorosamente observadas por todos, a única forma para enfrentarmos esse inimigo comum. Temos que ter sempre em conta que vale mais prevenir do que remediar.
Até hoje, e segundo as Autoridades de Sanitárias, ainda não temos nenhum caso de Covid 19 no País. Espero não virmos a tê-lo. Mas para isso não nos devemos distrair. Ao contrário, devemos estar atentos e agir com serenidade, mas com eficácia e organização.
As medidas tomadas pelo Governo até então são importantes. Todavia, temos alguns desafios que devemos começar a refletir neles de modo a encontrarmos soluções para não sermos apanhados desprevenidos:
Por exemplo, caso houver a necessidade de quarentena domiciliaria a todo pais, como equacionar o problema dos nossos bairros populares com características próprias, como Riboque, Praia Melão, S. Marçal, Praia Gamboa e muitos outros espalhados pelo Pais fora, cuja promiscuidade é patente.
Os próximos 15 dias são decisivos para sabermos se temos ou não casos de Covid 19 no Pais, se contarmos a partir da data em que foi encerrado o aeroporto às companhias aérea estrangeiras, tendo em conta que é a principal porta de entrada no Pais.
Enquanto isso, vamos utilizando a arma mais poderosa que dispomos até ao momento e que está ao alcance de todos: LAVAR BEM AS MÃO COM AGUA E SABÃO VARIAS VEZES AO DIA.
São Tomé, 23 de Março de 2020
Fernando Simão

Nita
28 de Março de 2020 at 13:23
Muito bem. Obrigada pelo texto. Tudo o que escreve é com muita sabedoria.
Ralph
31 de Março de 2020 at 5:31
Muito bem dito. É muito assustador, por todos nós. Os países pobres, e os com sistemas de saúde fracos, têm de fazer tudo ao seu alcançe para prevenir que o vírus chegue ao seu terreno. Como referiu o autor, todos os países desenvolvidos estão a ter muitas dificuldades em lidar efetivamente com o surto. Este surto coronavírus vai destruir as economias de muitos países enquanto matará muitas vidas.
Na minha região da Oceania, há países pequenos, pobres e insulares que têm muito medo de que não estarão capazes de lidar com um surto no seu terreno. Países como as Fiji, o Vanuatu, a Pápua Nova Guinê e a Samoa. Na Pápua Nova Guinê, eu sei que já se detectou um caso do COVID-19 e todo o país está num estado de alarme, não sabendo se o surto vai espalhar-se ou não. Nas Fiji, acho que já há mais ou menos 5 casos registados. Todos os outros já declararam um estado de emergência no seu país, mesmo sem terem registado até um único caso, tal como é a situação atual de São Tomé e Príncipe, porque sabem que detectar apenas um caso do COVID-19 seria absolutamente desastroso pelos seus sistemas de saúde, dadas as suas fragilidades.
Mepoçon
2 de Abril de 2020 at 17:37
Tudo oh Simão, mas a rebelião do homem, o egoísmo, a avareza e… está a vista, será que Deus está dormir? Olhemos para história de Sodoma e Gomora… Aconselho a todos a ler II crónicas 7.12 em diante e a profecia de Isaías 46 em diante. Vigiaie, a porta é estreita ou voltemos pra Deus ou pra Diabo. A Escolha é tua, arrependa-se, enquanto é tempo