Opinião

Massacre de Morro, acusação e fuga de arguidos militares

Por mais que o tempo da justiça, pareça bastante lento, os quatro meses, 120 dias, da madrugada sangrenta e de assassinato cruel, desumano e condenável, assinalados ontem, dia 25, urge questionar, afinal, qual o país, desperta consciência, adormecida, dos são-tomenses?

País social. “Terra está normal! Há muito que ninguém mais fala do assunto. O governo está, a trabalhar e ouvir povo para fazer orçamento de cidadão. O Ministério Público, concluiu investigação com acusação de vinte e três militares, incluindo três mais altas chefias. Apenas, vocês, na diáspora, andam aos gritos e a perder tempo com 25 de Novembro.

Engolir de roto, amargo, a conjuntura de dentro para fora e narrada por um amigo, com responsabilidade política, em São Tomé e Príncipe, afeta ao poder, denuncia valores, transtornados, que tipificam estranho e anómalo, Estado de Direito e livre pensamento e, sobretudo, importância zero, atribuída à vida humana.

Conclui-se de que, o XVIII Governo na agenda política-económica e social, vai de boa saúde ou pelo menos, o estandarte “Estamos Prontos”, vai divertindo ao povo com improvisos, na expetativa do fôlego financeiro, a qualquer instante, possa abastecer conta, do atrasadíssimo Orçamento Geral do Estado, para lá daquele que tem servido para passeio, mordomia e unidade executiva, militar, judicial, parlamentar e presidencial, ao redor da “inventona” golpista.

Infelizmente, a correnteza, contínua, carregada de ódio, vingança e acerto de contas, proveniente do país real, em permanente violação e atentado contra Direitos Humanos e Convenções Internacionais, vende escuridão do Ministério Público que fecha olhos, ao corredor de morte, em que persiste Bruno Afonso. Assistir são-tomenses, presos ao cativeiro partidário, a bater palmas, anestesiadas, ao assassinato lento de Lucas, prisioneiro civil e peça essencial, devido verdade, assumida e contrária à almofada governamental da “inventona”, só deve merecer de pessoas que ainda pugnam pelo bem precioso, vida humana, a mais veemente condenação.

País político. A Presidente da Assembleia Nacional, quem já tem calhamaço de investigação judicial e, eventualmente, o relatório da CEEAC para anexar à acusação, já não tem trafulhices, em convidar o chefe do governo, ao Parlamento, para debate político. Esteve na semana passada, no seu primeiro expediente oficial, internacional, de visita ao Moscovo para Cimeira do país, do Presidente Putin para concertação política e económica, entre Rússia e países africanos, deve regressar com abastadas lições de democracia parlamentar.

No imbróglio de “viajo eu, viajas tu ou viaja ela”, o Chefe do Estado, acertou agenda presidencial com deslocação, nos meados deste mês e por três dias, à Cabo Verde, visita adiada, em Novembro, passado, devido ao macabro desnorte de 25 de Novembro. Levou na companhia, o Presidente do governo da Região Autónoma do Príncipe, Filipe Nascimento, por sinal, filho de cabo-verdianos que, lado ao lado, lutam pela dignidade, visibilidade e postal de elegância nacional. Para lá de experiências, até em novas tecnologias, embebidas de Cabo Verde, a democracia cabo-verdiana, não foi além de conforto da aparência.

Nenhum jornalista ousou, questionar ao Comandante em Chefe, das Forças Armadas, o que teria motivado à sua deselegância e crueldade, em que garantiu, quarenta oito horas, depois da “inventona” e sob ar fresco do Conselho Nacional da Defesa Nacional, os civis, torturados e assassinados pelos militares, “não foram buscar rebuçados no quartel”.

País económico. O chefe do executivo, não obstante, ao aperto do cinto com que, quase, sufoca garganta aos são-tomenses, não resiste, permanecer em terra, aliás, palavras do próprio aos jornalistas, estrangeiros, jamais lhe restou saída, menos extravagante ao tesouro público são-tomense, pior, agora com a família residente na Europa, esposa em Portugal, filhos, estudantes na Inglaterra e o negócio, noutro mundo, em Dubai.

Depois de dezassete dias no estrangeiro, com destaque para Portugal, aonde cumpriu agenda partidária e Qatar, compromisso nacional, acompanhado de ministros e vasta delegação de Mulher, Juventude e, não só, o 1º Ministro, regressou no dia 11 de Março, ao país, às escuras e sem salário, aos servidores do Estado. Ainda assim, no quotidiano, exibe “cacau d’abuso” para suportar despesas de passeata pelos distritos, um por um, escoltado de dezenas de viaturas e responsáveis para ganhar tempo e medir pulsação populacional, ao carrasco e sanguinário acontecimento de 25 de Novembro. Não só.

No país, em simultâneo, de duas velocidades, o governo, deslocou o Conselho de Ministros com viaturas e desnecessária delegação, à região Autónoma do Príncipe, para exibir luxo e bonança, à sofrida insularidade, sem ninguém exibir-lhes sequer, cartaz “Queremos Justiça!”.

Já a Comissão Política do MLSTP/PSD, no esforço de contrariar faz-de-contas e chicote, anti-democrático, recebido da Presidente do Parlamento, excelência, dirigente de ADI, questionou festa na RAP “não foi este, um pretexto para o senhor Primeiro-ministro, ir comemorar, seu aniversário, na ilha irmã, num dos melhores hotéis do País, à custa do sacrifício dos contribuintes, São-tomenses?

O ministro de Plano, Finanças e Economia Azul, Genésio da Mata, por seu turno, foi assinante do acordo de donativo financeiro, com Banco Europeu de Investimento, no valor de 15 milhões de euros para requalificação da rede de distribuição de água na cidade capital, São Tomé e arredores, não esteve sozinho, em Doha. Usurpou papel ao colega das Infraestruturas e do Meio Ambiente, Adelino Cardoso, testemunha e integrante, faz-de-contas, da delegação ministerial são-tomense, na 5ª conferência das Nações Unidas, sobre países menos avançados.

Já o ministro da Defesa e Ordem Interna, nas costas do chefe do executivo, no tiro noutra perna, exibiu, assinatura ministerial, intemporal, para justificar expulsão dos técnicos florestais da herdade, de Jorge Amado, impedindo-lhes conforme, despacho da direção de Florestas e Biodiversidade, o não abate de árvores, em Março, o mês da Floresta. Aos olhos do 1º Ministro, uma vez mais, não assumiu consequências políticas, nem oposição, pediu explicação, urgente, ao ministro, no plenário parlamentar.

País judicial-militar. O antigo Chefe de Estado Maior, brigadeiro Olinto Paquete, o Vice-Chefe de Estado Maior, capitão de mar e guerra, Armindo Silva e, o Comandante do Exército, coronel José Maria Menezes, foram arrolados no Processo nº 768/2022, por omissão de ajuda, falha no humanismo e ausência de autoridade hierarquizada e comando militar, na proteção à integridade física de civis e militares, sob custódia, torturados e quatro assassinados, com crueldade, voluntária e desumana, na limpeza e queima do arquivo, da madrugada de 25 de Novembro.

O comportamento, inqualificável, segundo a investigação, das três altas chefias militares, ausentes em vários momentos do quartel, após propalada tentativa de golpe de Estado, sem mortes, no matutino do 1º Ministro e, afinal, mais tarde, tortura e matança dos prisioneiros, culminando com o Chefe do Estado Maior, abandonado, ao meio da manhã e, não regressado ao “palco de guerra”, pinta escuro, demais aos olhos da opinião pública, descomprometida com chupeta da “inventona”.   

Está mais que consolidado, o último relatório de acusação, sem necessidade de enquadramento, num topo de gama, foi ajustado à predisposição de deixar batata-quente, nas mãos dos militares que, em nome do Estado, torturaram, assassinaram e transportaram ao coval, às escondidas, os quatro cadáveres de filhos da terra sagrada.

Com exposição de molestadas imagens, nas redes sociais, sem o mínimo respeito pela salvaguarda e dignidade da pessoa humana e, não havendo refúgio de inocentar, Vice-Chefe do Estado Maior, deduzindo das suas contradições e poeiras do tiroteio e de carga explosiva, ao ponto de desautorizar, comunicação do 1º Ministro, daquela manhã, assassina, porque não jogar no mesmo poço, as três chefias militares?

Daí, o “condecorado” Olinto Paquete, pela coragem, fidelidade e pelo juramento, à Pátria, em afastar-se, primeira hora, da cabala, de 25 de Novembro, após visão vexatória, aos são-tomenses, de sentimento humano, correr mundo, foi pescado pela acusação, cumprindo justiça militar, Um por Todos, Todos por Um.

No processo acusatório, foi o brigadeiro, na reunião matinal, entre às 07h30 e 08h00, no palácio governamental e na presença do ministro da Defesa e do subalterno direto, o Vice-Chefe do Estado Maior, quem transmitiu e detalhou montagem, ao 1º Ministro.

Vale mais, elegância do folclore de Tchilôli, Património ao bem da Humanidade. O 1º Ministro, acima de classe Castrense, quem mantém-se em funções, foi antes também, desautorizado, apesar de insistência, naquele encontro, de 25 de Novembro “para que os detidos fossem entregues à Justiça Civil, no mais curto espaço de tempo possível”, em contradição com seu controlo e comando da operação que afirmou, na comunicação, logo de seguida, aos são-tomenses e à comunidade internacional.

O Ministério Público, apoiado pela peritagem portuguesa que, para remediar estrago humanitário, pediu despromoção e “peluda”, passagem à vida civil, afinal, três militares, arguidos no processo, já viajaram ao estrangeiro. É corrente pública de que diligências, estão em curso para que, o Comandante do Exército, José Maria Menezes, quem autorizou, o portão do quartel, a manter-se aberto, após 21 horas, sem que sirene de recolher obrigatório, fosse ativada, permitindo acesso aos fantasmas de carrinha branca, ao interior do território militar, também venha, oportunamente, deixar o país. A oposição vai ao tempo de peneirar explicação, ao ministro da DOI.

Todos por Um, Um por Todos, quem anda, a financiar, fuga dos militares, arguidos no processo de prisão, tortura e assassinato de quatro civis, na parada militar? Afinal, já não é, Arlécio Costa, o assassinado, a cumprir promessa de pagamento, em milhares e milhares de euros e viagens, aos assaltantes civis do quartel e militares?

Será o mandante de prisão, tortura psíquica de Delfim Neves e do torturado, brutalmente, Bruno Afonso “Lucas” e, consecutivamente, do assassinato de Arlécio Costa, Gonçalo Bonfim “Armando”, Ezequiel Afonso “Isaac” e Jullaitt da Silva “Into”? À quem interessa, o barril de pólvora e a péssima, nojenta e sanguinária imagem de São Tomé e Príncipe, perante hipocrisia e assistência internacional?

O ministro da DOI, para não permanecer, bobo da corte, no silêncio comovente, enquanto o 1º Ministro, protege-se de um oficial, seu guarda-costas, quem comandou, contra-assalto da “inventona” e acertou última cacetada, de morte, na cabeça do “Isaac”, condecorou covardes, heróis do falso golpe de Estado. Promoveu militares com mãos de sangue, no Massacre de Morro, a mercê da ministra da Justiça e dos Direitos Humanos, Ilza Amado Vaz, silenciada na lenta morte do jovem, cidadão civil, o Lucas, peça chave na desmontagem de 25 de Novembro.

A trapalhada, foi a imagem, insultuosa, contra política de géneros, exibida pelo ministro, Jorge Amado, a “patentear” Carla do Espírito Santo, soldado ao, despropositado, posto de 2º Cabo, a militar que também havia demonstrada, bravura e coragem na maquiavélica, invenção golpista. Ao menos, Sargento!

A procissão, que ainda vai no Quartel-General com chefias militares, calmas, serenas e submetidas, à acusação do Ministério Público e prisão, apenas, de corte-baixa, desejosa, na operação sanguinária de triste encenação, de grau exaltado, revolta e desejo de vingança, não pôde ser, mais equilibrada, na ótica insular.

Bastante diferente da seleção de Falcão e Papagaio, fustigada de reclamação pela ausência de pontapé, cabeçada e genica dos jovens, habilidosos, da Região Autónoma, na competição continental, os investigadores, dividiram, mal pelas aldeias. Acusação conta com mãos de sangue de militares, oriundos de Príncipe.

Daí, estando tudo normal, na ilha de São Tomé, aguardava-se solidariedade aos filhos da ilha, exibindo população que fosse, um modesto cartaz, “Queremos Justiça!” à esbanjadora, comitiva executiva. Através de fretes de avião e barco, o governo central, exibiu “dêcha” milionária para que Região Autónoma, tirasse um pé de “rumba”, sem orquestra e nem palestra, que ocultem cruéis e desumanas imagens de 25 de Novembro.

José Maria Cardoso

26.03.2023

6 Comments

6 Comments

  1. Margarida lopes

    27 de Março de 2023 at 11:58

    O foragido psicopata e ditador Patrice Trovoada tem os dias contados para responder junto da CPI. Todas as provas jà estao reunidas…ele terà uma ENORME SURPRÊSA quando se encontrar de CARA a CARA com a equipa de juristas que lhe vao TORTURAR PSICOLOGICAMENTE com perguntas sobre os seus INUMEROS DELITOS ( roubo, desvios de bens pùblicos /ESTADO, falso e uso do falso), e CRIMES -ASSASSINATOS, desde o do economista mestiço Jorge Pereira dos Santos ao ùltimo massacre do 25 de novembro de 2022.
    Estaremos a espera dele no TPI- HAYA.
    Bem haja!

    • Fôrro Cacau

      14 de Abril de 2023 at 13:40

      Vc não deve saber ler…ou então interpretar aquilo que está em ambos os relatórios dos processos de 25 de novembro.
      Leia de novo e encontre lá qualquer coisa que suporte o seu comentário.
      Uma coisa e comentar e fazer passar a sua opinião. Outra coisa é contrariar aquilo que vai ser julgado em tribunal.
      Não misture política com justiça.
      Para discutir política e opiniões políticas há outros fóruns.
      Aqui, o que se espera é a busca da verdade.

  2. Gato das Botas

    27 de Março de 2023 at 18:30

    Novamente um texto maçudo, mal escrito mas com pedantismo de quem julga que escreve bem. Não escreve. Nem avalio aqui o conteúdo (até me parece estar certo e de ser alguém com coragem) mas, por favor, peça a revisão dos seus textos. A pontuação é péssima. A coerência textual é uma vergonha. A mensagem, por mais válida que seja, perde-se na (fraca) qualidade da escrita.

    • Margarida Lopes

      27 de Março de 2023 at 22:11

      Gato das Botas, 1o tenha c**ões no lugar para se identificar. 2o a sua má fé quanto a qualidade da redação que estimo correta, pois que não se trata aqui de ” preço” ou seja de ” concurso literário. 3o já que você pretende saber e poder fazer melhor dê a sua opinião sobre a situação política DRAMÁTICA atual de STP e seja mais explícito sobre a sua CRÍTICA de ” académico-literário”, cite pelo menos um parágrafo que você estima não ter boas pontuações, já agora diga-nos qual é o problema no conteúdo deste texto que impede na sua compreensão. Queira nos esclarecer, sua EXCELÊNCIA. A minha perguntinha é a seguinte : quem é o seu patrão, quer dizer, aquela pessoa que lhe mandatou para vir atrapalhar as ideias, as opiniões e sobretudo as DENÚNCIAS sobre a situação política CATASTRÓFICA que foi instaurada pelo novo governo.

  3. Gato das Botas

    28 de Março de 2023 at 19:12

    “Por mais que o tempo da justiça, pareça bastante lento, os quatro meses, 120 dias, da madrugada sangrenta e de assassinato cruel, desumano e condenável, assinalados ontem, dia 25, urge questionar, afinal, qual o país, desperta consciência, adormecida, dos são-tomenses?”
    Cá está. É logo o primeiro parágrafo. Vergonhosa esta forma de escrever. Vergonhosa e pedante. Vírgulas e vírgulas e vírgulas. Nem sempre excesso de pontuação reflete boa escrita. Sobretudo se a pontuação for mal utilizada e servir para confundir, em vez de esclarecer.
    O mandante da minha consciência sou eu e eu apenas. Os meus c****, como educadamente refere, não são para aqui chamados. Mas estão bem e recomendam-se. É que “Margaridas Lopes” também há às dezenas. Descanse. Quanto ao concurso literário, de facto, não teria qualidade para participar num qualquer. Já agora, as críticas concretas até se identificam com as do “escritor”, parece-me. Mas digo apenas, parece-me, porque é tão difícil entender o que está escrito que não consigo afiançar com a certeza que a sua inquirição merece. E aqui é que está o problema que a senhora não compreendeu. Repito para que entenda: o conteúdo e explanação das ideias é tão difuso porque o texto é mal escrito e, sobretudo, mal pontuado, que a mensagem se perde. Tenho dito e fui. Fique bem, e menos nervos.

    • Fôrro Cacau

      14 de Abril de 2023 at 13:48

      Grande gato…
      De facto este intelectualoide acha que sabe escrever. Já fiz vários reparos nesse sentido, mas não há melhoras.
      Depois, estamos em STP, lugar onde as pessoas confundem todos os conceitos, incluindo liberdade e democracia. Aqui tudo se diz, tudo se ofende, a todos se imputa, sem que existam consequências.
      Aqui não há liberdade para pensar. Ou se apoia alguém cegamente ou se odeia alguém cegamente, porque é de outra corrente política.
      Por isso, quase 50 anos depois, estamos como estamos…. Mas gostamos!
      Parabéns pelos seus comentários

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