Opinião

Moribunda esperança da juventude

Cedido às evidências da realidade económica-social, conturbada pelos anúncios de greve, em catadupa, para que funcionários públicos, alcancem rastos de chucha, a escorrer leite partidário, passeatas, luxo e extravagância dos governantes, comprova-se nítida submissão da presidente da Assembleia Nacional, aos caprichos do executivo. Com “tentativa de golpe parlamentar”, o governo, inconfortável, pretende com debate do Estado da Nação, oportunista, anteceder dividendos políticos, através do Massacre de Morro, atirando ao auspício agenda da oposição. Ratoeira ao rato?

A casca-de-maduro, está lançada para oposição, por ré própria, tomada por conforto e preguiça, jogar-se ao chão escorregadio. Na retórica de cofres vazios, impossibilidade de respostas às convulsões sociais e responsabilização do anterior executivo pela ineficácia, perto de 180 dias de desnorte executivo, no país escuro, o governo usará subterfúgios para que aposição caía no desplante de, ser ela, a subir ao hemiciclo, no primeiro dia, com megafone do hediondo acontecimento de Novembro.

Daí, a presidente, na Conferência de líderes parlamentares, de mãos romantizadas ao executivo, agendou fecho do cerco. Apanhando oposição, a ressuscitar-se da embriaguez, não dizendo coesa com coesa, a mesa dará salto imediato, ao terceiro conteúdo, análise do orçamento da Assembleia Nacional, casa composta desde início de Novembro de 2022, só agora, ajeitando-se à proposta do OGE para 2023, a espreguiçar-se, quiçá, no travesseiro parlamentar.

A oposição deve estar consciente, a não introduzir língua no maldito veneno, porque esgotando argumentos, o governo, na manhã seguinte, baterá palmas pelo ronco da oposição, visivelmente, transtornada, a recuperar-se dos efeitos nocivos do golpe.

Demarcando-se de postura falida do governo e silêncio enjoativo do Presidente da República, em não comprometer o executivo, em tempo oportuno, ao devido respeito à instituição legislativa e fiscalizadora da ação governativa, num insulto à constitucionalidade no Estado de Direito Democrático, a oposição estará engajada na inauguração de um novo círculo que possa abrir cortina de fumo, esfriar poeiras no ar e convidar são-tomenses, todos, a comprometer-se, mais, pela prosperidade da Nação?

A estratégia está bem definida e, restará oposição, sem protesto intemporal, inverter o jogo. Tocar-cantar e, jamais dançar qualquer música, mesmo da mais ousada. A minoria parlamentar, MLSTP e BASTA, ao invés de munir peito aos disparos do executivo e das respetivas bancadas de sustento, ADI e MCI-PUN, deverá, inevitavelmente, exibir cantiga elegante, na perspetiva, menos sombria, para que o poder, em ziguezague, possa alavancar um pé de “rumba”. Na realidade, ementa que 1º ministro, submetido ao contraditório, jamais demonstrou aptidão para tirar linha de Sangazuza, o mais emblemático e resistente do baú cancioneiro são-tomense, a levantar poeiras dos fins-de-semanas, sem que novos artistas reciclem canções de ouro.

Traduzindo em benefício, debate do Estado da Nação, deverá ser responsabilidade exclusiva dos antigos membros do XVII Governo, não são poucos, que de estímulo coerente, conciso e esclarecedor, assumam confronto político, económico e social do dia inaugural. A contenção máxima, deverá abrir bolsa, aos cessantes, presidente e vice-presidente da Assembleia Nacional quem, uso da palavra, servirá para reanimar o plenário, porque diáspora, consciente nos desafios urgentes do país, estará de orelhas na avaliação do debate público, caso sem censura, seja disponibilizado, em direto. 

O fôlego que a Nação, exausta, confiou desde 25 de Novembro, mais de cinco meses, aos representantes do povo, os 55 deputados, para debate, contraditório, esclarecimento e responsabilização política, esta não assumida pelo governo, pela monstruosidade e sanguinária memória da parada militar, com tortura e quatro vidas humanas, Arlécio, Armando, Isaac e Into, covarde e cruelmente, assassinadas em coautoria de chefias militares, arguidas, manterá expetante à manhã seguinte.

O porta-voz dos acontecimentos, ao invés de propagandísticos, baratos e fora de prazo, terá campo de execução e condimentos, valiosos, no cara-a-cara com a legitimada, minoria parlamentar, na previsível histórica data agendada, sem juventude no plenário, perder horizonte nos 488 anos da cidade de São Tomé, celebrada no último sábado, dia 22, a morrer lentamente, devido costelas partidas, desastre arquitetónico-ecológico, lixeira e ineficácia política central e camarária.

Danilo Salvaterra, é que está de parabéns! Na espinhosa expedição de salva-terra, confiei-lhe, em tempos, missão de trazer ao espelho digital, os antigos chefes de Estado. A comunicação social, tradicional, vergada ao desprestígio democrático, há muito, anda na cama com governos, a dormir bem-bom, sono de casal.

Nas Conversas Disruptivas de 13 de Abril, Salvaterra assediou ao Presidente Fradique, inicialmente, reticente, distante e, talvez, perto das ilhas, no controle da saúde e na aposta de investimento no cacau, algures continental, a estar no ar e ao vivo. Em contraditório com Jorge Bom Jesus e Carlos Semedo, respetivamente, antigo 1º ministro e advogado de causas das vítimas do Massacre de Morro, o mais alto magistrado, 2001-2011, cedeu, desde Malabo, aos princípios da democracia.

Os búfalos, antigos canhões para explosões da África Austral, através de chefias militares, em 2003 e anos mais tarde, os parlamentares, deixaram feridas, sangrentas, no peito do antigo chefe do Estado que, clamou Nação, a introduzir água na fervura e, não só. Apesar de lamentar quatro vidas assassinadas pela brutalidade Castrense, não quer ver país estático, soberania sem economia, enquanto juventude, mão-de-obra útil, evapora-se por aí, sem bússola.

A residir distante, eu, não vi rumo do paraíso juvenil das Galinheiras, nova república dos são-tomenses, em Lisboa. Até bem, ao pouco, não havia cantinho religioso e oportuno, para ajeitar copa com frescos e adquirir produtos manufaturados, estes de bancas ciganas, oferecendo, renovando e, óbvio, recebendo abraços da terra, na feira, mais acima, em concurso dominical com a de Relógio, esta, aos beijos à aterragem de sonhos congelados e sabores quentes das ilhas, no aeroporto lisboeta.

Má boca, lamenta de que o bairro, boca-nariz de Lisboa, tornou-se paraíso da juventude perdida, rapazes, meninas e famílias inteiras, em êxodo, fugindo das ilhas e desembarcada, em caravanas semanais de TAP e Airways, sem acolhimento do fado. Apesar de carência de mãos-de-obras, o mercado português, não arquiteta muito bem como amparar “rumba” e “dêxa”, desnorteadas, em contexto de baixo salário, galopante custo de vida, tudo, no caríssimo, exorbitante e insuportável aluguer de quartos para pai, mãe e crianças.

No meio de derivas humanas, resultantes de malvadez, colapso estrutural e desperdício de governos que, sempre, prometeram mudança de atitudes para melhoria do bem-estar são-tomense, mal dos pecados, na continuidade do Estado, uma despistagem científica, deixada pelo anterior executivo, para lá de trinta mil pessoas, em oito mil agregados familiares, miseráveis, embateu-se noutro grave problema de Saúde Pública. Número 602, corresponde mais de seis centenas de deficientes mentais, apenas no gráfico residual da população, em que 73% de agregados, são dirigidos por mulheres, no esforço do dia-a-dia de alimentar barriga e perspetivas às inocentes crianças.

Destruição de base administrativa, económica, familiar e horizonte estrutural, produtos de corrupção, promiscuidade, “partitacho” e nepotismo, submetidos por consecutivos governos, concretamente da democracia, ninguém deve pedir contas ao atual primeiro-ministro, quarta vez, na liderança de políticas económicas e sociais das ilhas? Encolhi ombros.

Ainda resistia uma gota de fé de que Abril, não fechasse porta, por malvadez, incompetência ou vexame, sem que evacuação de Lucas, à assistência médica, fosse realidade, em Portugal, país amigo de cooperação, que enviou, fôlego cima-cima, num pé de justiça, medicina forense e envelope chorudo, quinze milhões de euros ao 1º ministro. Nada restou à Saúde, Obras Públicas, aos Registos e Notariado?

Desgraça da juventude, não é uma. Alguém tem notícias de Paulo Jorge? A pobre criatura, por delito comum, há dois anos, a conta com justiça, infelizmente, resultado de tortura da investigação da Polícia Judiciária, meses depois encarcerado no estabelecimento prisional, dores de coluna, fraquejaram pernas ao prisioneiro, acabando paraplégico, numa cadeira de rodas, jogado em casa, à sua sorte e préstimos de duas irmãs. A mãe reside no estrangeiro. Não só!

Produto de infeção interna, urinária, o jovem na casa de 20 anos, usa o incómodo balão de retenção da urina, a sair com pus pelo pénis, aos olhos dos ministros da Saúde e colegas da Justiça e dos Direitos Humanos, do antigo e novo poder de São Tomé e Príncipe. Qual fundamento do Estado que desgraçou saúde, ao santo-pecador, não lhe envie para vigia e tratamento especializado, no estrangeiro?

Enquanto isso, parte de doação internacional, a salvar e evitar falsa adulteração de ordem constitucional ou fingimento orçamental, foi esbanjada pelo governo, em caravanas de passeata pelos distritos, não populosos, longe do centro de decisão nacional, Água Grande e vizinho, Mé-Zóchi.

Os “principienses”, nomenclatura adequada, na insólita bofetada governamental, nenhum só, com megafone, reclamou das 30 viaturas que festejaram por lá, luxo e pompa, num hotel, com mais de centena de convidados. Transportados por voos e barco, fretados, foram bater palmas ao aniversariante, 1º ministro, sem que viaturas fossem retidas e mantidas no auxílio à ilha. Nem que tornassem fontes de receitas no aluguer aos turistas que visitam Património Mundial da Biosfera.

Na tarde dominical, cruzou-me jovens, daquela enchente que, há anos, partiu para formatar conhecimentos, dentre eles, desafiadores, alguns licenciaram-se e até fizeram mestrado, nas faculdades portuguesas. No proveito legal de nacionalidade, espalharam-se pela Europa, sem que todos possam exibir ilustres anos de sabedoria. Uns, por apenas país do Equador, recusar-lhes emprego, estágio ou simples assinatura na candidatura para graus mais elevados, perderam por completo, rumo da esperança.

Foi-me difícil correr atrás de copos de alguns, tomados pela nostalgia e bem entendedores da matéria, nem água para vida, quem, retaguarda familiar, mantém-se, em Portugal, enquanto por cá, racham estradas alcatroadas com ciência de novas tecnologias na ponta de dedos e nos fios do cérebro. Engraçado! Há valores tropicais que não deixaram, em mãos alheias do destino. Nenhum deles, ao longo da tarde, enviou fumaça de destruir-lhes pulmão, tão necessário, a enviar ar puro à coluna.

Na faixa de trinta, bastante antes de quarenta anos, idade de pujança juvenil, mas todos eles, despiram por completo nu, a esperança que lhes viu nascer, após soberania nacional. Má política escorraçou-lhes e, atrás de economia europeia, são descrentes na justiça, embora esforços de Carlos Semedo, Hamilton Vaz e Miques Bonfim, auxiliados pelas respetivas equipas de préstimo judicial, para ansioso contraditório e julgamento de 25 de Novembro à condenação e sentença de criminosos nos tribunais. 

Espetei-lhes muro no estômago. Não tinha noção dos jovens, com sabedoria, projetos, préstimo e saúde, navegarem no engarrafamento pleno, na perca de esperança e no descrédito pelo país. Não querem saber da terra. Apenas familiares, mães, tocam-lhes coração. Não somente governantes de épocas, distintas, amputaram-lhes expectativas.

Colegas com quem, na alta maré portuguesa, batalharam, mastigaram dias de estômago vazio, dividiram sono nas escolas profissionais às universidades e, sorridentes, venceram ao Adamastor, engravatados no esbanjo das ilhas, já nem lhes atendem, simples telefonema.

Os interlocutores da tarde de copos, reclamaram de que antigos colegas, hoje, detentores de régua e esquadro, a despedaçar país, utilizando terceiros, lhes solicitam envio de envelope, chorudo de euros do suor europeu pela troca de parcela de terra do Estado, de erguerem por lá, teto que, no fundo, daria beleza e impulso de prosperidade ao meio do mundo atlântico. Era de imaginar envelopes de cacau na cabeça da utopia? Não me corta-olho! Alguém que levante dedo acusador.

Encorajei-lhes, a desenterrar, lá aonde houver sonho, atribuir realidade, desafiar angústia e unir ousadias no desbravamento de mentes cobiças que deixam doentia, esperança de progresso das ilhas. Escapulidos de bofetadas sangrentas, seculares, não justifica por ineficácia, atropelos e ganância de uns, soberania jogar-se à cama com qualquer aventureiro.

José Maria Cardoso

25.04.2023

3 Comments

3 Comments

  1. Gato das Botas

    26 de Abril de 2023 at 11:48

    É impossível ler este texto! Impossível. Nem sei como se pofe dar palco a gente que escreve desta maneira. E, volto a dizer, nada tem de ideológica esta opinião (volto a dizer que me parece concordar com o “escritor”) mas está tudo errado nesta algaraviada de português.

    • Carlos Junior

      26 de Abril de 2023 at 14:51

      Também cometo erros, mas realmente o texto é muito confuso e demonstra pouca cultura literária.

  2. Zé de Neves

    27 de Abril de 2023 at 11:26

    Texto de muito difícil compreensão.
    Simplifique homem!

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