Opinião

Traição à primeira-dama ao alvoroço popular gabonês no “Coup d’Etat”

Já lá vou e sem pressa!

O crente brilhantismo político do último mês de Agosto, XIVª Cimeira da CPLP recomendada à receção organizativa, assinatura reconhecida de São Tomé e Príncipe e rotatividade por dois anos até que transite missão presidencial, por lógica à Guiné-Bissau, não deveria ser de palpite e olhar transversal de nenhum imbecil, nem tão pouco insuficiência do Presidente da República a assistir, sorridente, assalto de chefia da Comunidade pelo 1º Ministro.

Por culpa própria palácios, presidencial, parlamentar e executivo, vêm assumindo descaradamente mil malabarismos inconstitucionais para limpar vasta mancha de sangue do Massacre de Morro tatuada ao poder e consequente neutralização judicial de contraditório e esclarecimento político do hediondo acontecimento, daí por mais aplausos, o encontro de São Tomé não fez frio, nem calor aos são-tomenses, pior à Juventude sem bússola e Sustentabilidade vaiada pelos sucessivos governos.

Enquanto banquete político para tertúlias de homólogos impedidos de colocar realidades e acontecimentos (dedo nas feridas) dos países no centro de debates, mais vale disponibilizarem exorbitantes gastos dessas passeatas na saúde e educação dos países que reclamam maior urgência, caso concreto de São Tomé e Príncipe a assistir impávido e sereno fuga de quadros e jovens.

No virar de esquina e quando ninguém espera por desvios, propositadamente, vou partir cara no mais perto vizinho, Gabão. Base na última metade do século de reivindicação de soberania de África, país serviu calorosamente de “quartel” aos fundadores do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe. Conquistada independência insular, em 1975, passou a ser porto seguro aos que fugiam do regime ditatorial instituído e também dos que aspiravam uma vida melhor.

O sonho da partida frustrou-se e juntou aos dos gaboneses empobrecidos pela dinastia da família Bongo, desde 1967 no poder, manipulada através de microscópio pelo Ocidente, o mais concreto pela França como antiga potência colonizadora.

A “inventona” de 25 de Novembro de 2022 abasteceu-me de razão de sobra em não cair no golpe militar do passado dia 30 de Agosto, até que as tropas, Guarda Republicana e mãos direitas de Ali, desde 2009 Presidente da República, em escrutínios poucos transparentes e até sangrentos, deram cara na imprensa a assumir assalto ao poder em reivindicação à falcatrua eleitoral, dinastia Bongo e corrupção endémica.

No dia seguinte, sabendo que mensagem chegaria longe possível dos países vizinhos, o presidente solitário e prisioneiro no palácio, apareceu nas plataformas sociais com mensagem em inglês a clamar salvação pessoal, familiar e óbvio do regime.

Em simultâneo os golpistas, sem derramar um pingo de sangue, exibiram tonelada de maços de notas em casa do deposto e seu filho. Em França, com condenação simulada ao golpe militar, contrária ao de Níger que Paris cortejou seus moleques da CEDEAO (Senegal, Benin, Costa do Marfim e Nigéria) à intervenção militar regional para derrubar golpistas nigerinos e recolocar Presidente Mohamed Bazoum, vítima de golpe militar no passado dia 26 de Julho, a imprensa entrou em concurso cativante de divulgação e exposição de bens imobiliários, empresas e fortunas de família Bongo, a ultrapassar milhar de milhões de euros, apenas na antiga potência colonizadora.

Os militares golpistas acalorados pelas ruas de exaltação popular e liderados pelo novo chefe do Estado, general Brice Oligui Nguema, quem à frente do Comité de Transição e Restauração das Instituições (CTRI), tomou posse na presidência da república perante Tribunal Constitucional, na última segunda-feira, comprometeram-se na criação progressiva de instituições de transição e no cumprimento de compromissos externos e internos.

Enquanto isso, o candidato opositor, Albert Ondo Ossa, de 69 anos e antigo ministro de Bongo Omar, entre 2006/2009 por sua vez à espreita, aguarda de que os militares recontem os boletins de votos para alternância de poder aos civis e especificamente à ele, concorrente declarante-vencedor dessas eleições.

Com fronteiras gabonesas encerradas, uma missão espinhosa aguardava por mim antes mesmo de socorrer de notícias de familiares e amigos que gerem a mais penosa e penúria migratória dos são-tomenses que saltaram água do Atlântico com sonhos de realização um dia bem-sucedidos.

A comunidade residente no país continental que aquando das eleições tremem-se e uns conterrâneos chegam a fugir para São Tomé e Príncipe até que acalmia regresse à ruas gabonesas, aconselhado pelas boas práticas de democrata, corri ao palácio do XVIII Governo das ilhas na praça Yón Gato.

Era de costume chefe do executivo são-tomense dar saltos, palavras assumidas pelo próprio, à mesa de amigo de peito desde gaiatos no palácio do pai, Omar Bongo, em Libreville, para os dois responsáveis na atualidade recente matarem bicho intestinal no amanhecer de luxo enquanto discutiam com preocupação e risada estratégia de deixar povo cada dia mais miserável.

Mais de 30% de gaboneses, ao exemplo de outras Áfricas negras, são pobres num país rico e de exploração de petróleo, magnésio, ferro, madeira, gás natural e mais benesses da natureza.

Altos quadros da administração central em São Tomé já manifestaram em público desagrado de horas de espera na sala de reuniões para que o 1º Ministro regressasse do prazer digestivo gabonês em jato fretado e pago pelo Tesouro Público para conversas por vezes sem nexo à agenda de convite do mais alto gestor da política económica e social dos são-tomenses. 

A família Bongo, cuja capital Libreville era sede oficial durante décadas dos projetos de saque de África e golpes de Estados liderados pela famosa francofonia com assassinato de governantes não alinhados ao Ocidente, gere destinos económicos do país, através de emissários europeus que exploram trabalhadoras e trabalhadores sem mínima dignidade, direitos sociais e de reforma.

Marchando e saboreando sobre pobreza africana, Europa tem mais de 100 mil europeus naquele país (comparativamente metade da população são-tomense) catálogo desde independência em 1960, vivendo e exibindo ocidentais civilizados, à grande e à francesa. 

Os países francófonos, mais concretamente os da CEDEAO, dirigidos por submissos de França que explora economicamente suas antigas colónias relegando os povos aos conflitos, à fome e miséria, à exceção de Burkina Faso, Mali e Guiné Conacri, três países liderados por militares golpistas prometeram sem hesitar, combaterem em defesa do vizinho Níger.

A região africana por um lado com problemas acrescidos pelo extremismo islâmico a abalar, desterrar e ceifar vidas humanas e por outro a assistência de mercenários do grupo russo Wagner nalguns dos países, cujo chefe Yevgeny Prigozhin, de aliado ao desafiante do presidente Putin, conheceu estranha morte no passado dia 23 de Agosto, através de queda do avião com mais nove ocupantes, no cumprimento de hipocrisia e geopolítica internacional Ocidente-Leste, dizia falsos moralizadores, deram carta verde na decisão da ex-potência colonizadora em usar força militar para repor legalidade civil no Níger e expulsar do poder autores de Golpe de Estado MAU.

Alguns Chefes de Estados africanos, acautelados pelo caso gabonês, incluindo o da Guiné-Bissau que criou de urgência na semana finda Estado-Maior presidencial, reformaram e reforçaram pessoal de defesa pessoal, enquanto o novo poder gabonês já libertou e ofereceu viagem ao estrangeiro ao deposto presidente. 

Fiz pausa para refrescar-me de Setembro mais quente no registo climático e refletir em milhões de crianças e idosos, pessoas indefesas à custa de França que abre mãos aos ditadores africanos com desfile e aeroportos pessoais ao redor de Paris. Ocidente não cessa de sorrir desgraça de povos famintos e que fogem da riqueza continental para servirem de carne ao canhão no deserto líbio e países do Magrebe e também milhares de cadáveres engolidos pelo maior cemitério do mundo, o Mediterrâneo.

Pena Portugal levar atraso considerável dentre antigas potências colonizadoras. Diferente, em França, comentadores e jornalistas ainda que franceses, investigam e quotidianamente há despachos na imprensa de pretexto ao nojento estilo como os vários presidentes franceses e seus emissários, desde soberania da África francófona, há mais de cinquenta anos controlam, exploram e roubam riqueza africana.

Francofonia moderna continua a exibir-se, espoliar, abraçar e estender tapete vermelho no palácio presidencial de Elysée aos ditadores, gananciosos e poucos preocupados com a pobreza dos respetivos povos a sobreviver nas lixeiras das superlotadas e empobrecidas cidades do continente.

Julgamentos e sentença de prisão contra Teodorín  Obiang, filho do presidente da Guiné Equatorial pelos milhões de euros esbanjados em banquetes, fortuna pessoal, luxuosos imobiliários na caríssima e luxuosa cidade de Paris, caíram congelados nas contas francesas e suíças.

Fiz imediata linha de comunicação com julgamentos e sentenças contra antigo Presidente francês Sarkozy e milhões de dólares recebidos do Presidente Mouammar Kadhafi da Líbia para depois associar-se ao seu assassinato, na falsa Primavera Árabe e desorganização do país e das suas instituições que direcionavam integração próspera da África contra agenda do Ocidente.

Voltas feitas e já agora no proveito da boleia da presidência da Índia na semana finda e através do 1º Ministro, Narendra Modi a propor e ver aceite União Africana nas instituições internacionais e em concreto no G20 (apenas África do Sul tinha cadeira no grupo das vinte maiores economias do mundo) ninguém transpira à toa de que tenho regresso às instituições e embaixadas que não devem interferir no faz-de-contas governamental de um Estado à beira de ditadura.

Na procissão que vai ao meio da marginal, fanfarra que anima há mais de 9 meses, agitação popular e em especial de familiares de Lucas e diáspora devido incúria da justiça sujeitar-se aos préstimos criminosos do XVIII Governo, encobridor de chefias militares implicadas no relatório acusatório do Ministério Público, tarde que nunca, vexame judicial conheceu novos expedientes.

Libertação no passado dia 31 de Agosto de jovens encarcerados após justiça medíocre extrapolar prazo legal em cumprimento às arbitrariedades governativas, segue-se ao agendamento para próximo dia 25 de Setembro, data de início de sessão de julgamentos à “inventona” assassina do Massacre de Morro que prendeu, torturou e aniquilou fisicamente quatro civis.

A justiça apedrejada pela má-fé governativa em ver-se livre de manchas sanguinárias de 25 de Novembro de 2022, manteve meses o jovem civil Lucas e soldados inocentes, no corredor de morte e libertos, coincidência ou não, no dia posterior ao BOM Golpe Militar de Gabão. Foram necessários gritos desesperantes do professor Vicente Lima, da irmã Benvinda e sobrinha Paulina com solidariedade financeira de diáspora e algumas almas internas e estrangeiras anónimas e diligências reconhecidas de três advogados nacionais Carlos Semedo, Hamilton Vaz e Miques Bonfim para que jovens voltassem a respirar ar fora das grades do governo de ADI.

No coro de juízes, quase de que não haverá objeção de consciência para julgar peixe pequeno, tribunais dispõem de topo de gama em calhamaço de investigação, acusação e orientação judicial para aplicarem o Direito em consciência e devolver justiça aos patamares consagrados pelo Estado de Direito Democrático e pelas Convenções Internacionais.

Contrariando momento expetante de envolverem-se em envelope financeiro, bebedeira inconstitucional de Rosema e graduação pela atual governação de ADI em conivência com os deputados de PUN, o país sairá a ganhar ao tempo de demora que tribunais na oportunidade exemplar, possam lavar cara e libertarem-se do vírus da corrupção, injustiça e manipulação do atual chefe do executivo. 

Nenhum país necessita tecer rasgados elogios ao Presidente da República por ser (lindo, simpático, alto ou sei lá) mas por fazer (cumprir e respeitar normas constitucionais) e representar ao mais alto nível e com dignidade o Estado.

O Presidente Carlos Vila Nova a padecer de sonolência política, inatividade e vexame público vem sujeitando-se à autocracia governamental e através de representação do Estado são-tomense obedeceu ida do 1º Ministro à Guiné Equatorial, país sucessor circunstancial para sede da CEEAC.

Os Chefes de Estados da região central africana, João Lourenço de Angola, Deniss Sassou Nguesso de Congo Brazaville, desde 1997 no poder, Faustin-Archange Touadéra da da República Centro Africana e Teodoro Obiang Nguema da Guiné-Equatorial, desde 1979 no poder e ainda o Representante Especial do Secretário-geral das Nações Unidas jogaram carta internacional na expulsão de Gabão da organização regional.

Todavia, não cederem ao capricho do 1º Ministro de São Tomé e Príncipe, figura até prova em contrário, experiente em aplicar golpe de Estado do governo ao próprio governo em ser o agraciado para mediar conversações com militares gaboneses. Preferiram optar pelo homólogo da República Centro-Africana, o Presidente Touadéra para mediador e linha de diálogo com o novo poder gabonês.

Permitir que o país não estivesse representado em Dezembro passado na foto da família aquando do encontro dos Chefes de Estados africanos nos EUA com o presidente americano, Joe Biden, seguido de “chorinho” na aclamação do rei britânico e na última reunião de acerto dos presidentes regionais à expulsão do membro Gabão, atos todos usurpados pelo chefe do executivo, em nada dignifica representação são-tomense e em especial o povo soberano.

A primeira-dama não deve ser mobiliário decorativo da presidência da república. Após décadas sem representação feminina, senhoras são-tomenses deveriam reclamar do Presidente Vila Nova maior respeito às mulheres, à esposa e mãe. Fóruns internacionais do Presidente da República devem ser palcos agarrados pela primeira-dama para encetar expedientes com homólogas e instituições de beneficências para projetos do país. Sensibilidades não faltam para solução de carência de crianças e idosos abandonados pelo Estado. 

Estive mais uns minutos na observação às arbitrariedades. Enquanto Comandante em Chefe e orador na Tribuna de 6 de Setembro, não tecer considerações acerca do Massacre do Morro, imagem sanguinária tatuada à classe castrense e até dar puxão de orelhas à desobediência das chefias militares acusadas pelo relatório do Ministério Público, é dar outro tiro no escuro em que ricochete pode atingir-lhe a qualquer momento como alvo.

Até lá, o Presidente da República Carlos Vila Nova e a senhora Presidente da Assembleia Nacional Celmira Sacramento, não devem ignorar mais desnorte, frustração, discriminação e tentativas do 1º Ministro em limpar mãos sujas de sangue de quatro civis presos, torturados, assassinados e sepultados às escuras pelo Estado.

Equipas futebolísticas de Neves e Trindade, ao jeito de rival militar da 1ª Divisão, 6 de Setembro, beneficiadora na véspera do dia do exército e através de mãos do 1º Ministro são-tomense, de dois lotes de equipamentos completos de futebol, adquiridos pelo Tesouro Público, entraram na linha de espera do poder.

Aguardam pelo gesto similar, oferta de lotes de equipamentos, de gincana financeira dos dois filhos e pelo visto padrinho e madrinha dos clubes de respetivas capitais distritais, Neves e Trindade, que lhes viram nascer e eleitores envolverem-se de forma esmagadora nas vitórias eleitorais presidenciais e partidárias.

Os demais clubes devem entrar em prontidão democrática para reclamarem discriminação executiva e necessidade de boleia estatal.

José Maria Cardoso

10.09.2023 

2 Comments

2 Comments

  1. jose Manuel

    10 de Setembro de 2023 at 21:50

    Alguns continuam a tomar como brincadeira a intentona do golpe de Estado que passou no país. Se fosse concretizado, hoje estariamos a comer o pão que diabo amassou, enquanto o vosso chefe Delfim estaria com o está lá fora a disfrutar da venda de terras em Lagoa Azul por milhões de dólares.
    Vocês andam a defender criminosos e espero que um dia vão saborear o resultado destas defesas.
    O tal comentarista Pindô já viu a sua parte. Ele estava a defender um tal criminoso de nome Pajó, que conseguiu dar um golpe de teatro na cadeia, dizendo que tinha ficado aleijado e que já não conseguia andar e que estava na cadeira de rodas, e houve tanta propaganda da parte de alguns incluído o tal Pindô, um tal individuo que se diz advogado chamado Mike João e os serviços prisionais e a justiça cairam no truque e soltaram homem. O gajo foi logo assaltar o Pindô e fazer o país vergonha, raptando uma estrangeira.
    Segundo dizem, os médicos passaram para este gatuno documentos a dizer que ele estava aleijado e cadeirante. Como é possivel um médico não conhecer um cadeirante. Quem irá pagar esta agineira toda feita por este criminoso? O senhor Mike João e tal médico que passou o certificado de incapacidade a este criminoso, deviam responder no tribunal e assumir pagar uma compensação a tal senhora que foi sequestrada pelo seu protector.

  2. Margarida lopes

    14 de Setembro de 2023 at 12:46

    …bwéééé decepcionada com o JOAO MIQUES,francamente!
    Estou ainda mais decpcionada com ele , quando ele tomou a frente,hà dias, pela ocasiao da libertaçao do LUCAS e outras victimas do TROVOADA-massacre do25 de novembro 2022, para fazer valer ou seja USURPANDO o resultado do BOM trabalho efetuado pelo VERDADEIRO e EXCELENTE JURISTA (e nao aprendiz, como ele), dr. CARLOS SEMEDO… finalmente este rapazinho é oportunista, se bem compreendi. Fico triste, pois que tinha muita consideraçao por ele. Foi leviandade da parte dele e falta de experiência e até de competência de ter dado auxilio ao criminoso que se fez passar por DEFICIENTE cadeirante… nao se pode defender uma causa como das vitimas do 25 de novembro ùltimo e ter cometido um ÊRRO judiciàrio tao grave como este.Se o JOAO MIQUES se encontrasse no estrangeiro jà nao iria mais exercer no dominio juridico, ele seria DEFINITIVAMENTE suprimido na lista desta profissao, mas em STP, tudo é possivel.Que pena.

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