PARA QUANDO A ERRADICAÇÃO DA DOENÇA DOS CITRINOS EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE?
Embora tratar-se de uma doença que afeta todas as plantas dos citrinos do Pais, quero refletir particularmente sobre os limoeiros.
Não há dúvidas que o limão é um citrino indispensável na culinária são-tomense. Devido a sua intensa acidez, esse precioso fruto é utilizado para preparar o nosso pescado e é responsável pelo sabor inconfundível de um bom grelhado ou cozido feitos a nossa maneira.
Ele é também aplicado na preparação de frutos do mar ou mariscos, carnes, grelhados ou feitos de outra forma, sem falar dos outros pratos típicos são-tomenses. É também utilizado na preparação de uma boa limonada ou sumos de outras frutas tropicais, dando sempre um toque especial no sabor dos mesmos, sem contar com a sua utilização para fins medicinais.
Não é por acaso que os estrangeiros que nos visitam apreciam muito os nossos grelhados, não apenas pela qualidade dos nossos peixes e frutos do mar, mas devido fundamentalmente a forma como preparamos esses pratos em que o nosso limão é um ingrediente importante.
Nos tempos idos, quase toda a família são-tomense tinha no seu quintal, pelo menos uma planta de limoeiro, motivo pelo qual o limão não era vendido em São Tomé e Príncipe. Eu por exemplo no meu quintal tinha três limoeiros. Outros, por ventura, tinham muito mais. Portanto, o limoeiro era uma planta familiar, pois, não havia necessidade da sua produção em quantidade para fins comerciais. Se por alguma razão uma família não tivesse limoeiros no seu quintal, não era uma fatalidade, porque os vizinhos os socorriam. Alias, a quantidade era tanta que os limões amadureciam e acabavam por cair no chão, sujando o quintal. Isto constituía um incómodo.
Este retrato é para ilustrar a importância e a abundância desse citrino antigamente em São Tomé e Príncipe, comparando com a situação de carência extrema em que se tem vivido há aproximadamente 15 anos e que tem agravado de forma significativa nos últimos tempos.
Tudo causado por uma praga de citrinos (limoeiros, laranjeiras, toranjeiras etc.) que tem afetado o Pais e que tem sido incompreensivelmente negligenciada pelas autoridades nacionais, tendo em conta a sua importância para a economia doméstica. Do rolo de produtos alimentares que já importávamos, infelizmente agora temos estado a importar também o limão. É inadmissível!
A situação é de tal forma grave que o preço do limão aumentou de forma exponencial nunca verificada em São Tomé e Príncipe, ao ponto de se vender 4 limões pequenos, com pouco suco à 50 dobras. Essa situação de aumento extremo do preço dos limões que já perdura há alguns meses, a tendência é para agravar se nada for feito. Importa referir que a situação só não é ainda mais catastrófica devido o chamado ‘’limão chinês´´ que foi introduzido em São Tomé e Príncipe há alguns anos e que muitas vezes tem sido usado como alternativa ao nosso limão, embora sem a mesma eficácia. Perante essa situação, estranha-me a inação e o silêncio das autoridades nacionais.
No meu caso particular, fiz tudo o que me indicaram para salvar os meus limoeiros. Conheço também muita gente que fez as mesmas diligencias, mas sem sucesso. Cheguei a conclusão, embora não seja técnico nessa área, que medidas individuais e paliativas não vão resolver esse problema que tomou uma dimensão nacional. Se eu tratar os meus limoeiros e os meus vizinhos não, passando algum tempo voltarei a ter o mesmo problema. Por isso é que a situação está a degradar-se cada dia que passa.
Sendo assim, o Ministério da Agricultura já devia criar um programa nacional de choque para estudar o problema e encontrar o melhor tratamento, com vista a sua erradicação, ainda que tenha que contar com parcerias de especialistas internacionais de países amigos.
Uma vez erradicado o problema, o programa deverá contemplar também, o viveiro de novos limoeiros para serem mais tarde distribuídos para quem estiver interessado no seu plantio, sempre acompanhado de aconselhamento e orientação de técnicos do Ministério da Agricultura que dominam a matéria.
Como sempre, não gosto apenas de criticar, mas entendo que o Ministério da Agricultura não deve demitir-se das suas responsabilidades e deve estar atento a esses e outros fenómenos que afetam gravemente a vida do cidadão e a economia do Pais. Por isso é que deixo aqui esta minha modesta sugestão.
Vamos salvar os nossos citrinos!
São Tomé, 12 de setembro de 2024
Fernando Simão
Original
16 de Setembro de 2024 at 16:54
Os agrónomos estão doentes como citrino.
WXYZ
19 de Setembro de 2024 at 11:03
“Bissuitch”, Rubrossintos, Mosca Branca, são pragas que existiram desde era colonial. Os colonos tinham uma politica agricola inteligente. Tinhamos grandes, medias, pequenas empresas agricolas e glebas. As intervensoes fitossanitarias no arquipelago eram feitas em grande escala e na maior parte das vezes em simultaneo principalmente nas grandes e medias empresas o que permitia a não proliferacão de muitas dessas pragas ao ponto de elas se propagarem duma forma galopante e dezimarem a base alimentar do arquipelago. Com o quase total desaparecimento das tangerinas seguem se a ela as nossas laranjas, laranjas de mato, nosso limão, limão frances, limão de Principe etc… Neste ambito esta implementado um desequilibrio ecologico no seio da flora do arquipelago santomense. (comentario a ser continuado)