Opinião

A luta contra o paludismo – Incongruências da instituição que a gere

A LUTA CONTRA O PALUDISMO – INCONGRUÊNCIAS DA INSTITUIÇÃO QUE A GERE – OS CERCA DE 40 ANOS DE PULVERIZAÇÃO INTRA-DOMICILIAR – A RESISTÊNCIA DA POPULAÇÃO.

Na luta contra o paludismo, a principal estratégia, até aqui utilizada, é a PULVERIZAÇÃO INTRA-DOMICILIAR.

Já passaram cerca de 4 DÉCADAS e hoje as autoridades acusam a população dessa ou daquela localidade pela resistência em aceitar a pulverização das suas casas.

Ora, isso pode ser verdade, mas também é necessário mencionar que deve haver uma orientação muito clara na política anti palúdica e que a autoridade que gere a luta contra o paludismo seja coerente e muito assertiva nas ações a implementar e muito respeito para com a população, pois já passaram mais de quatro décadas de pulverização.

É possível que a culpa dessa resistência seja propositada da população, mas também é verdade que a ausência de uma orientação clara pode levar ao desinteresse populacional.

SENÃO VEJAMOS:

Numa das pulverizações, pessoalmente fui vítima de falta de coerência e, talvez, muito pouco interesse e orientação dos agentes aquando da pulverização.

– Os agentes de pulverização marcaram o dia dos trabalhos em minha casa.

– Desde manhã cedo do dia marcado, arrumamos a casa e a pusemos pronta para a pulverização.

– Passaram horas sem que os pulverizadores passassem, o que originou o contacto CASUAL com um pulverizador, por volta das 13h00, que disse que brevemente passariam.

– Horas continuaram a passar e somente quando eram 15H30 é que um pulverizador foi fazer esse trabalho.

– A recomendação conhecida é que só depois de duas horas após a pulverização, pode o habitante entrar na casa.

– A casa foi pulverizada por volta das 15H30, o que significa que só as 17H30 poderia a família toda entrar em casa e proceder ao arrumo.

– E se a chuva caísse?

– Um elemento da população também informou-me que na sua residência não têm passado mas têm avisado e na zona passam mas na residência não pulverizam, mas tem condicionado a casa aguardando pelos pulverizadores que não aparecem

Pergunta.

SERIA ISSO NORMAL?

Outra questão que pode levantar dúvidas no seio da população é que já passaram cerca de QUATRO DÉCADAS de pulverização intra-domiciliar e o término não se vislumbra.

Até quando? Será que a população vai ficar sujeita perpetuamente a essas pulverizações com produtos tóxicos?

Uma outra questão que se pode levantar é a URBANIZAÇÃO. Não será que a ausência de uma mais perfeita urbanização com habitações condignas, seja um favorecimento ao PALUDISMO? As nossas casas, como elas são maioritariamente feitas de madeira precária, podem não favorecer a LUTA CONTRA O PALUDISMO focado em pulverização intra-domiciliar. Aliás, no mesmo dia da pulverização, há zonas em que os mosquitos continuam a encher as casas. Dizem que não são ANOPHELES. Mas seja como for são mosquitos. As nossas casas servem de ALBERGUE de mosquitos, pois saem e entram quando bem pretenderem   

Portanto, do meu ponto de vista, depois dessas CERCA DE 4 DÉCADAS DE PULVERIZAÇÃO INTRA-DOMICILIAR, sem grandes sucessos, e sem previsão de terminar, a população pode estar desconfiada e, por isso, resiste.

Passaram 4 DÉCADAS, portanto o pais, a instituição que gere e os agentes de pulverização adquiriram um know-how nessa matéria, o bastante suficiente para fazerem melhor e TERMINAR DEFINITIVAMENTE COM ESSE MASSACRE E INTOXICAÇÃO DA POPULAÇÃO.

Vejo, portanto, que quatro aspetos devem ser obrigatoriamente tomados em consideração na maldita luta contra o paludismo:

  1. Maior responsabilização e respeito, tanto da instituição que gere essa pulverização, bem como dos agentes de pulverização para com a população.
  2. Uma verdadeira e clara calendarização da pulverização na distribuição da hora, com um horário certo ou uma margem de horário certo para cada casa, pois nem todas as casas podem ser pulverizadas numa mesma hora, isso para não permitir que a família perca todo o tempo a espera de uma pulverização que pode não acontecer.
  3. Definição de uma data limite, que não deve ultrapassar a presente década, para a conclusão e termino dessa PULVERIZAÇÃO INTRA DOMICILIAR que, seja como for, intoxica o povo e inclusão da urbanização na luta contra o paludismo.
  4. Fim da pulverização intra-domiciliar e execução de uma política clara virada para a URBANIZAÇÃO, COM HABITAÇÕES CONDIGNAS, incluída, também, no projeto de LUTA CONTRA O PALUDISMO.

Pois, já passaram cerca de quatro décadas de pulverização intra-domiciliar.

JuvêncioAO

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