A Bienal Internacional de Arte e Cultura de São Tomé é um dos principais eventos do país. Nasceu no ano 1995. João Carlos Silva, escultor e pintor foi quem projectou e materializou a ideia de promover a arte e a cultura como factores de desenvolvimento integrado.
O primeiro passo dado em 1995, foi com ajuda e incentivo do então embaixador de Portugal em São Tomé e Príncipe, revelou João Carlos Silva no lançamento da X bienal internacional de arte e cultura.
O evento em que os artistas nacionais e internacionais exprimem sentimentos, conhecimentos, e ensinamentos, evoluiu para o patamar do redesenhar e redescobrir São Tomé e Príncipe.
O arquipélago que foi entreposto de escravos, que recebeu gentes de várias latitudes, passou a ser através das sucessivas bienais internacionais, um laboratório de investigação cultural, para redescobrir quem somos NÓS.
Um exercício com altos e baixos. Segundo João Carlos Silva, após a primeira bienal em 1995, a organização perdeu fôlego. Só 7 anos depois, em 2002, foi possível realizar a segunda bienal internacional de arte e cultura. «Tivemos que esperar até 2002 para retomar a bienal de São Tomé com um apoio muito forte da Aliança Francesa e da Cooperação Francesa», afirmou.
Em júbilo o Presidente da Associação Roça Mundo, organizadora da X bienal anunciou o regresso do apoio da França como um dos principais financiadores do evento em 2024. «Novamente está a cooperação francesa connosco», precisou João Carlos Silva.
A Aliança Francesa de São Tomé e Príncipe aproveita de uma residência artística que está a promover no vizinho Gabão, em que participarão 30 artistas sendo 3 deles são-tomenses para promover a reaproximação de São Tomé e Príncipe com a sub-região da África Central.
«A bienal está a cumprir o desígnio quase nacional, que é de aproximação de povos, cultura e artistas da nossa sub-região em solo santomense», declarou João Carlos Silva.
A Aliança Francesa vai trazer parte dos 30 artistas de diversos países africanos para a Bienal de São Tomé. Marie La Roche, representante da Aliança Francesa, explicou o alcance do apoio financeiro da França.
«Foi aprovado um valor de 100 mil euros para apoiar artistas que vêm do espaço francófono, justamente para criar essa ligação cultural entre os países que estão mais pertos geograficamente».
A extensão pela primeira vez da bienal Internacional de São Tomé à ilha do Príncipe é outra novidade resultante da parceria entre a Roça Mundo e a Aliança Francesa.
Cabo Verde é também novidade da X bienal de São Tomé. O lema NÓS, inspira a grande participação de artistas cabo-verdianos. Ricardo Vicente, fundador da Casa da Cultura de Cabo Verde, é co curador da X Bienal.
«Cabo Verde tem mais cabo-verdianos fora que dentro, muitos estão cá em São Tomé. Daí também fazer muito sentido esta ligação do décimo aniversário sobre NÓS. Falarmos sobre esta ligação a Cabo Verde também», referiu Ricardo Vicente.
Como na primeira edição em 1995 realizada na Roça São João, o acto central da X bienal internacional regressa a Roça, desta vez Água Izé.
«Vamos voltar outra vez ao meio rural como estivemos em 1995 na Roça São João. Será na roça Água Izé. O que queremos fazer com a roça Água Izé, é através das artes e da cultura reinventar uma roça colonial, emblemática do Barão de Água Izé e transformá-la numa micro-cidade rural, transversal, educadora e cultural», concluiu João Carlos Silva.
Arte e cultura como instrumentos para a redescoberta de NÓS, de 25 de junho a 25 de julho em São Tomé.
Abel Veiga