Economia

STP deu passo determinante para a integração na zona de comércio livre do continente africano

São Tomé e Príncipe é, segundo a Comunidade Económica dos Estados da África Central, o primeiro país que validou a cartografia nacional das barreiras não tarifárias do comércio. Trata-se de um documento fundamental para a integração económica do arquipélago santomense na sub-região da África Central, e consequentemente na zona livre de comércio do continente africano.

Com a validação esta semana da cartografia nacional sobre as barreiras não tarifárias do comércio, São Tomé e Príncipe dá um passo decisivo para quebrar o seu auto-isolamento em relação ao continente mãe, África.

Carlos Quaresma Baptista de Sousa, economista de formação que representou o ministro do comércio no atelier de validação, explicou que o trabalho de sensibilização dos operadores económicos e das instituições do Estado ligadas à importação e exportação foi realizado há dois meses. A criação da zona de comércio livre continental africana foi o objectivo central do trabalho realizado.

«São Tomé e Príncipe já dispõe de uma estratégia nacional cuja operacionalização recomenda a revitalização do comité nacional, com a incumbência de identificar todas as barreiras não tarifárias que dificultam efectivamente a implementação de uma zona de livre comércio continental africana capaz de viabilizar e acelerar a integração regional em São Tomé e Príncipe», afirmou o representante do ministro do comércio.

A cartografia nacional das barreiras não tarifárias do comércio, agora validada dá atenção especial às questões de importação e exportação e o trânsito de bens e serviços entre os 11 países membros da Comunidade Económica dos Estados da África Central.

«É importante não esquecermos que vivemos tempos desafiadores onde a dinâmica do comércio global tem sido constantemente desafiada por diversos factores e as barreiras não tarifárias apresentam-se como um obstáculo a não ser desprezado», reforçou Carlos Quaresma Baptista de Sousa.

No fundo os 11 países da África Central estão a harmonizar a sua política comercial para de seguida inseri-la ou conectá-la com as outras sub-regiões africanas. A harmonização da política comercial a nível continental, vai gerar a zona livre de comércio em África.

50 instituições públicas e privadas de São Tomé e Príncipe foram inquiridas. «É a harmonização de normas e processos técnicos, simplificando o sistema aduaneiro, e a eliminação de quotas e licenças desnecessárias. Precisamos trabalhar juntos para criar um ambiente de comércio justo, transparente e acessível para todos os países membros», explicou Fernando Amadeu director geral do comércio e indústria.

O director do Comércio e Indústria vincou a determinação de São Tomé e Príncipe de quebrar o auto-isolamento e avançar em direcção a mãe África.

«Que possamos avançar em direcção a uma África mais unida e economicamente mais vibrante», frisou.

Para a representante da CEEAC, São Tomé e Príncipe fez história. «Estou muito contente pelo facto de São Tomé e Príncipe ser o primeiro país a realizar a cartografia. O nosso papel é acompanhar o processo e a sua implementação. Peço aplausos para São Tomé e Príncipe», pontuou Halimé Mbogo representante da CEEAC.

África está no centro das atenções das potências económicas do mundo. Por exemplo, a China lançou a iniciativa de modernização e industrialização de África para um futuro compartilhado no quadro do Fórum de Cooperação China – África em setembro último. Cerca de 50 bilhões de dólares vão ser investidos no continente negro até 2027. A construção de estradas, portos e caminhos de ferro pretende conectar todo o continente africano e promover negócios e trocas comerciais.

Por sua vez os Estados Unidos de América já avançaram com o projecto do corredor do Lobito que vai ligar Namíbia, Angola e a República Democrática do Congo. É considerado o maior investimento dos Estados Unidos da América em África, na construção de caminhos de ferro.

China , que já criou o corredor ferroviário de Mombaça no Quénia, também assinou acordo com a Zâmbia e a Tanzânia para construir o caminho de ferro de cerca de 2 mil quilómetros para ligar os dois países da África Austral e os outros vizinhos da região.

África é o segundo continente mais populoso do mundo, com cerca de 80% da população em idade jovem. O continente negro representa o futuro, e o arquipélago de São Tomé e Príncipe se desperta para não perder a carruagem do futuro.

Abel Veiga 

2 Comments

2 Comments

  1. ANCA

    10 de Novembro de 2024 at 15:03

    A par desta cartografia há ainda necessidade de nos posicionarmos face a nossa dupla insularidade, face a nossa posição geo-estratégica , quer ao norte(mercados Europeus, América do Norte), quer a oeste(mercados da Mercosul, com ênfase para o Brasil, a Argentina, o Chile, etc,..), quer a este(mercados Africanos, a CCEAC, a África do Sul, a Nigéria, Angola, Egito, etc…), mercados do sudoeste asiático(a China, a Indonésia, o Japão, etc), os mercados do médio oriente, a Turquia, os Emirados Árabes Unidos, etc,…

    Para isso necessitamos de melhor nos organizarmos, a educação/formação técnica e superior interna(sua expansão/projeção), nas áreas premente com valências local e regional, com ênfase na saúde, nas tecnologias de informação e comunicação, ferramentas do comercio digital, comercio, o cluster do mar e dos rios, a justiça, a segurança, a proteção ambiental, a economia circular, as finanças, as linguística ou linguas, a agropecuária, a farmácia, datas center, criação de empresas, empreendedorismo, criação de zonas ou parques industrias distritais e regional, melhor ordenamento do território, o turismo, a gastronomia, o artesanato, a cultura, a navegação marítima, exploração marinha, a aviação,etc…

    A África bem como São Tomé e Príncipe, devem urgentemente apostar a qualificação dos seus quadros a nível interno, criando oportunidades de os reter, apostar nas tecnologias/maquinarias/inteligência artificial, passando energias renováveis, por criação de empregos e empresas, diversificação económica, a sustentabilidade, e muito muito relevante dada a evolução, a conjuntura, uma aposta serrada do sector da defesa, da segurança.

    Há que fazer conexão com a diáspora, de modo a poder tirar melhor partida da informação, da partilha do conhecimento, das remessas financeira, de modo a atrai-la, organizando o território, criando oportunidades de regresso.

    A expansão segurança dos serviços financeiros a sua robustez , faz-se sentir necessário, de modo a atrair investimentos, depósitos e poupanças

    • ANCA

      10 de Novembro de 2024 at 17:16

      Fortalecimento e robustez do sector económico financeiro interno, projecção de serviços, como a educação/formação, a saúde, o turismo, o mar e rios, o ambiente, a produção/transformação, os transportes, as tecnologias de informação e comunicação, a informática, o comércio electrónico digital, as línguas, a segurança dos dados, a justiça e proteção, etc…

      Apostando sempre na pessoa humana

      Pratiquemos o bem

      Pois o bem

      Fica-nos bem

      Deus abençoe São Tomé e Príncipe

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

To Top