As alfândegas de São Tomé e Príncipe passam a operar com a nova versão 4.4.0 do sistema informático de gestão aduaneira, Sydonia World. A atualização representa o início de uma nova etapa na consolidação de uma administração aduaneira moderna, transparente, eficiente e orientada para o futuro.
“Com essas ferramentas, damos um salto qualitativo na facilitação do comércio legítimo, na agilização do desalfandegamento, na melhoria da arrecadação de receitas e na proteção do meio ambiente, da saúde pública e da segurança da sociedade”, destacou Herlander Medeiros, Presidente do Conselho de Administração da Autoridade Geral Aduaneira.
O novo sistema foi financiado pelo banco Africano de Desenvolvimento no âmbito do projeto de apoio institucional à administração aduaneira e gestão das despesas públicas.
“Esta não é apenas uma modernização técnica, mas uma escolha estratégica que fortalece o nosso compromisso com a eficiência da máquina fiscal, a justiça tributária e a digitalização integrada da administração pública. Com este sistema, conseguimos combater a evasão fiscal e aprimorar a mobilização das receitas internas”, afirmou Gareth Guadalupe.
De acordo com o Ministro da Economia e Finanças, a medida vai reforçar a confiança dos investidores e dos cidadãos nas instituições do Estado. Gareth Guadalupe sublinhou ainda as vantagens operacionais do novo sistema.
“A integração de pagamentos eletrónicos em tempo real elimina intermediários e reduz oportunidades para irregularidades, ao mesmo tempo que acelera os processos de liquidação e fortalece a segurança e o controlo dos fluxos financeiros do Estado.”
A implementação da nova versão do Sydonia World na gestão aduaneira contou também com o apoio da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento e está a ser feita de forma simultânea em todo o território, garantindo maior uniformidade nos procedimentos.
José Bouças

wilson veiga
28 de Maio de 2025 at 14:31
Caro articulista,
Uma dúvida legítima e inevitável: quanto custou ao Estado de São Tomé e Príncipe a implementação desta nova versão do Sydonia World?
E já agora: quem detém o código-fonte, a capacidade de manutenção evolutiva e o controlo de parametrização deste sistema?
É que há palavras bonitas como “modernização”, “transparência” e “integração digital”, mas o que raramente se menciona é o grau de dependência tecnológica (vendor lock-in) que estas soluções costumam trazer aos países africanos — muitas vezes financiadas por doadores, mas com custos ocultos para a soberania tecnológica e para o futuro da manutenção do sistema.
Quando o apoio do BAD e da UNCTAD acabar, quem vai assegurar as actualizações, o suporte técnico, as correções críticas, a interoperabilidade com outros sistemas do Estado?
Porque modernizar, sim. Mas vender o futuro da administração fiscal a sistemas fechados, com “chave” nas mãos de terceiros, isso não é modernização — é terceirização do controlo do Estado.
Fico a aguardar com interesse uma resposta concreta — porque a eficiência fiscal não pode vir à custa da submissão digital.