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Produtores e vendedoras de vinho da palma protestam contra a SATOCAO e o Governo

Chamados no país por “Vianteiros”, os homens que extraem o vinho da palma nas comunidades que pertenciam a antiga empresa agrícola Milagrosa, manifestaram-se na quarta – feira na estrada de Cruzeiro-Trindade, contra a decisão do Ministério da Agricultura de confiscar as suas terras a favor da empresa privada SATOCAO.

No ano 2011 a SATOCAO beneficiou de um acordo de concessão com o Estado são-tomense, que envolve mais de 2500 hectares de terra para produção do cacau.

No passado as acções de confiscação de terras a favor da SATOCAO, provocaram revolta dos agricultores da zona de Ôbô Mouro. O então Governo de Patrice Trovoada, acabou por fazer marcha atrás.

Desta vez são os homens que extraem vinho da palma nas antigas dependências de Milagrosa, que saíram as ruas de Cruzeiro, para já sem o machadinho na mão, para avisar o Governo que não vão entregar as suas terras para serem transformadas em cacauzal.

Um dos vianteiros, disse que há cerca de 22 anos ganha o pão de cada dia através da extracção do vinho da palma. «Portanto não precisamos da SATOCAO lá dentro», declarou

Outro disse que construi casa no seu terreno, cria animais e tem trabalhadores. «O Ministério da Agricultura acompanhado pela SATOCAO aparece no meu quintal, e diz que vamos ficar com a roça e vocês vão ser nossos empregados, quem vai ser capaz vai ser etc, eu considero isso um insulto», desabafou o outro vianteiro.

As vendedoras de vinho da palma também se juntaram ao protesto, temendo o fim do seu rendimento.

O Ministro da Agricultura António Dias, confirmou que em nome da continuidade do Estado, é preciso dar a SATOCAO, os 2500 hectares de terra. «É uma questão de continuidade do Estado. A empresa SATOCAO, tem um contrato de concessão que engaja o Estado, e nós como governo temos que respeitar os compromissos. Por isso estamos a trabalhar com a SATOCAO no sentido de colocar a sua disposição parcelas de terra abandonadas com vista a replantação do cacauzal» frisou o ministro.

António Dias, recordou que o Estado são-tomense está apostado na atracção de investimento privado estrangeiro, e indicou a SATOCAO e a AGRIPALMA como dois investimentos importantes.

A AGRIPALMA que já ocupou grande parte da região sul da ilha de São Tomé, para plantar palmeiras produtoras de andim, emprega 1000 pessoas e a SATOCAO produtora de cacau emprega também 1000 pessoas. «É uma responsabilidade grande que o Estado tem. Estamos perto de cumprir o contrato que o Estado são-tomense tem com a SATOCAO que passa pela disponibilização de cerca de 2500 hectares de terra agricultáveis, para o incremento da nossa principal cultura de exportação, o cacau», acrescentou o ministro.

O ministro da agricultura considera importante a protecção da fonte de renda dos vianteiros, mas avisa que é também fundamental investir na produção agrícola para incrementar a exportação, que constitui fonte de receitas para a economia nacional. Por isso abriu as portas do seu ministério para o diálogo. «Pode haver divergências e desentendimentos, mas o ministério está aberto para receber qualquer pessoa podemos dialogar e chegar a um bom porto», concluiu.

SATOCAO e o Governo mais uma vez envolvidos na contenda de terra com os beneficiários de parcelas de terra no âmbito do processo de privatização agrícola, iniciado em 1989.

Abel Veiga

6 Comments

6 Comments

  1. elton

    18 de Setembro de 2014 at 19:53

    para acabar com problema.partilhem o terreno. os vianteiro exploram o vinho, e a satocau explora o cacau .são produtos totalmente diferente.

  2. Fédé ká Dóxi

    19 de Setembro de 2014 at 11:30

    Francamente!
    O Ministério de Agricultura deveria pegar toda a roça Bombaim e entregar a SATOCAO, porque os proprietários não têm pulso nem capacidade de gerir a roça. Só estão confinados no edifício, mesmo esse em ruínas e sem grande desenvolvimento. Até a cobra já entrou em casa. Só sabem facturar e mal. Preços elevadíssimos. Coitado dos vianteiros que ajudam a pagar a factura. Mas alguns são paus mandados do ADI. Força Senhor Ministro. Quem não trabalha a roça, perde-a a favor de quem quer trabalhar, mas proteja os vianteiros. Viva António Dias

  3. Pega Leve

    19 de Setembro de 2014 at 13:30

    As palmeiras podem ser conservadas juntamente com o cacausal no mesmo terreno. Muitos que hoje são executivos foram vinhateiros.
    Não prejudicam por favor os pobres. Encontrem um meio termo para tal.

  4. Pega Leve

    19 de Setembro de 2014 at 13:48

    1000 empregados são poucos entre 180 mil, isto nos mostra que temos muitos desempregados que labutam doutras formas para a sua sobrevivência.
    Hoje estão a prejudicar os vinhateiros;
    Esperemos que amanhã não vão prejudicar os pescadores, os monangambas, os motoqueiros, as palaiês, os cambistas, etc.

    Não se esqueçam, que na vida tem alto e baixo, você que está a castigar hoje pode ser castigado amanhã.

  5. Alain Corbel

    19 de Setembro de 2014 at 16:01

    Caros,
    Veio aqui com um assunto que não tem a ver com o artigo (e peço desculpa aos leitores por isso), mas enfim, tenho as minhas razões:
    A fotografia que ilustra o vosso artigo é da minha autoria (foi tirada em Santana o ano passado). Suponho que o Téla Nón foi pesca-la no blog que criei para promover o meu programa Unspoiled-Africa, http://unspoiled-africa.blogspot.com Programa que leva para São-Tomé, desde 2011, jovens americanos.
    Não é grande coisa, claro. Mas enfim, pedir licença também não é grande coisa, simplesmente um sinal de boa educação, senão de profissionalismo (particularmente da parte dum jornal como o vosso) Além disso, as imagens todas tem copyright e eu, como ilustrador (e fotografo), vivo de direitos de autor.

    No passado, já tive a oportunidade de enviar algumas perguntas ao Téla Nón para saber se o jornal estava interessado nalguma parceria connosco (publicar uns desenhos dos alunos que vem comigo até São Tomé, por exemplo). Nunca tive resposta da vossa parte. Mas vejo que, afinal, vocês olham para as nossas actividades;)
    Amigos do Téla Nón, faz favor “comunicar”, isso faz parte do vosso trabalho, portanto…
    Um abraço e continuação dum bom trabalho
    Esperamos voltar para São Tomé em 2015.
    Alain Corbel

  6. arelitex

    21 de Setembro de 2014 at 16:56

    segundo o que eu penso . o problema nâo está em haver palmeiras no cacausal . o problema está em indirectamente , haver intrusos, ou pessoas que acabam por nâo ser empregados da firma ,a irem buscar vinho da palma dentro do território e ainda por cima ser permitida a sua entrada em território atribuído á empresa Sotocao ,sem esse dinheiro entrar nos cofres da firma . empresa nenhuma com intenção de progredir permite essa situação . essa situação na logica é impensável , de permitir utilizar o seu território para outros fins nâo lucrativos para a empresa . no meu pensamento todo o tipo de negociação que possa haver passa na melhor das possibilidades em dar emprego a essas pessoas ,porque mais tarde ou mais cedo vâo ficar sem o seu sustento para subreviver . STP agora para progredir na érea da agricultura ,vai ter que haver muitas transformações . o senhor antonio dias está com bons projectos e com ele ninguém vai ficar projudicado .

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