Política

Pescadores são-tomenses nas mãos da justiça gabonesa

São 14 os pescadores da ilha de São Tomé que zarparam da velha ponte Cais na praça da Independência, no passado dia 17 de março.

Todos a bordo de uma embarcação foram a busca de pescado de valor comercial. Uma busca que os conduziu as águas contíguas entre São Tomé e Príncipe e o vizinho Gabão. A embarcação de pesca são-tomense terá entrado numa área protegida da Zona Económica Exclusiva do Gabão.

A embarcação que já tinha 150 quilos de pescado foi interceptada pela marinha do Gabão, e os 14 pescadores foram detidos.

Fotografias – Ramusel Graça

Os familiares manifestaram preocupação sobre o destino dos 14 pescadores. «Nós queremos solução para o caso deles», afirmou uma mulher durante a concentração dos familiares na velha ponte Cais de São Tomé.

Outro familiar acrescentou que «quem prendeu o navio é o governo gabonês. Por isso há uma necessidade do governo são-tomenses interver. Erro é humano. Eles cometeram um erro e foram interpelados, então o nosso governo deve apoiar», precisou o familiar.

O Primeiro Ministro Patrice Trovoada, já veio esclarecer que o governo está em contacto com a congénere gabonesa para resolver o problema.

«As informações que temos e dadas pelas autoridades gabonesas, são de que estavam a pescar ilegalmente numa área protegida da Zona Económica Exclusiva gabonesa», disse o primeiro ministro.

Patrice Trovoada acrescentou que o caso «foi entregue a justiça gabonesa. Já desencadeamos todo apoio consular, e a nível diplomático estamos a ver com as autoridades gabonesas como resolver isto da melhor maneira».

O Chefe do governo são-tomense, alertou que as autoridades políticas não podem interfir no poder judicial. Recordou que por causa do recente naufrágio de uma navio no Gabão e que causou a morte de cerca de 30 pessoas, a fiscalização marítima foi reforçada no país vizinho.

«Estamos a acompanhar para que não haja maus tratos, e dentro de dias esperamos ter um desfecho. Tudo depende da justiça ganonesa», concluiu, Patrice Trovoada.

A redução drástica da captura do pescado nas águas nacionais, obriga os pescadores artesanais a navegarem por águas muito distantes da costa.

O último estudo sobre a captura de pescado nas águas nacionais foi realizado pela FAO no ano 2015. Segundo o estudo os pescadores artesanais e os navios da união Europeia capturaram no ano 2015, um total de 23.147 toneladas de peixe na zona económica exclusiva de São Tomé e Príncipe.

Abel Veiga

2 Comments

2 Comments

  1. Manuel Jorge de Carvalho do Rio

    29 de Março de 2023 at 10:33

    Mais que situação! será que o comandante da embarcação não tinha conhecimento que na zona onde foram pescar é uma reserva marinha?
    Esta situação é realmente complicada porque em cada reserva tem as suas próprias regras de utilização.
    Sabemos que com a diminuição do peixe nas aguas territoriais de cada País, vêm adotando de algumas regras para poderem regenerar os seus recursos haliêuticos e nestas zonas reforçam muito a vigilância para não permitir a pesca. Foi esta sem duvida a razão do que aconteceu.
    Agora só nos resta aguardar pela justiça gabonesa e do nosso Governo em tudo fazer junto do Governo Gabonês para vermos se conseguimos sair desta situação difícil.
    Apelar também as autoridades marítimas do País em sensibilizar e informar os nossos pescadores e armadores das embarcações para não pescarem sem autorização noutras aguas territoriais e muito menos nas reservas marinhas protegidas.

  2. Matemática da Ditadura

    29 de Março de 2023 at 16:21

    Gabonês até governa o nosso pais e nunca fizemos nada… Grande injustiça

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